Especial – 84 nomes das 24h de Le Mans, parte IV

RIO DE JANEIRO – O blog A Mil Por Hora continua com a série especial trazendo 84 nomes da história das 24h de Le Mans. Hoje não vai faltar assunto e história. Espero que vocês gostem. Depois, vão faltar três postagens. E já estamos a 19 dias da maior corrida de Endurance do mundo!

Abaixo, mais 12 personagens. Boa leitura!

ALFREDO GUARANÁ MENEZES, PAULO GOMES E MARINHO AMARAL

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Sétimo lugar na geral e vice-campeonato no Grupo 5: o que Paulão Gomes, Marinho Amaral e Alfredo Guaraná Menezes fizeram nas 24h de Le Mans de 1978 não pode nunca ser esquecido

De um quarto de hotel em Goiânia, das mentes e pensamentos de Alain Vignais e do campeão da Fórmula VW 1600 Alfredo Guaraná Menezes, nasceu a mais espetacular aventura de brasileiros na história das 24h de Le Mans. Com apoio exclusivamente de patrocinadores nacionais – Gledson, Coca-Cola e Center Fabril, mais o Grupo Mondelo – alugou-se junto à equipe ASA Cachia um Porsche 935/77, tremendo puro-sangue dos modelos Grupo 5, para a disputa das 24h de Le Mans em 1978, que contaria ainda com Paulão Gomes e Marinho Amaral. Um ano antes, o mesmo carro terminara a prova em terceiro na geral, com Claude Ballot-Lena e Peter Gregg se revezando na pilotagem.

Quando os treinos começaram, um susto: Marinho Amaral não conseguia se adaptar à brutalidade e potência do carro, com imensos pneus traseiros e turbocompressor, que chegou a 307 km/h na reta Mulsanne – com Paulão a bordo. Começou 17 segundos mais lento que os colegas de equipe e chegou a ter sua participação ameaçada: Ballot-Lena estava de sobreaviso e chegou a andar no carro, virando marcas ao redor de 4’05”. Aí Marinho pegou a mão e fez 4’04″2, um tempo muito bom, considerando que sua experiência prévia era nos Maverick Divisão 1 e que Guaraná, um bota da mais alta qualidade, cravou 4’01″4. O melhor tempo do trio foi de Paulão – 3’59″5, que deu à trinca o 23º lugar geral num grid que contava com 55 carros.

Paulão começou em 28º ao fim da primeira hora, mas logo ganhou posições e foi para décimo-oitavo. A equipe progrediu à medida que as horas avançavam e já no meio da disputa, o carro com o numeral #41 já despontava entre os 10 primeiros. Na verdade, houve pequenos sustos: duas trocas de barra anti-rolamento e duas trocas de lâmpadas entre os serviços de rotina, que englobaram 24 pit stops e apenas quatro trocas de pneus ao longo da prova. Cada um guiou duplos stints e até Marinho Amaral, de quem se duvidava, manteve o ritmo num dos piores períodos da prova – a madrugada.

Com muita regularidade, o trio brasileiro chegou em 7º na geral após 329 voltas – segundo no Grupo 5, perdendo por sete voltas a vitória para Jim Busby/Chris Cord/Rick Knoop. Um resultado excepcional, até hoje lembrado e celebrado. Daqueles personagens, apenas Marinho Amaral não está mais entre nós. Perguntem nos autódromos quando vocês encontrarem Paulão e Guaraná sobre essa 24h de Le Mans em 1978 e vocês saberão o que eles têm a dizer dessa participação que ficou para a história…

JIM HALL

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Lenda viva: não se encontra outra definição melhor para o criador dos imortais protótipos Chaparral

Este homem sempre esteve à frente de seu tempo. O texano Jim Hall, nascido em 1935, completou 80 anos muito bem vividos ano passado e – sim, senhores! – ele faz parte da história das 24h de Le Mans. E não podia ser diferente: os protótipos Chaparral – e o próprio Jim Hall – viraram lenda no automobilismo mundial.

Engenheiro criativo e inventivo, ele trouxe dezenas de inovações para o automobilismo. E foi uma pena que não tenha sido premiado com grandes resultados em Sarthe. No ano de 1966, após vencer de forma épica os 1000 km de Nürburgring, no antigo Inferno Verde, o Chaparral 2D foi o primeiro protótipo da Chaparral Racing Cars a disputar as 24h de Le Mans, com Phil Hill e Jo Bonnier. A dupla largou da 10ª posição do grid com o tempo de 3’35″1, mas foram obrigados a abandonar com 7h45min de disputa após completarem 111 voltas.

Em 1967, Jim Hall estava de volta não só com um protótipo, mas dois: com o espetacular modelo 2F, dotado de enorme asa traseira, a Chaparral Racing Cars conquistou pole positions em diversas provas do World Sportscar Championship – 1000 km de Monza, Spa-Francorchamps e Nürburgring. Por pouco, a equipe não largou da frente também em Sarthe: Phil Hil/Mike Spence largaram em 2º com 3’24″7, enquanto com o segundo carro do time, Bruce Jennings/Bob Johnson ficaram com a 24ª posição no grid.

Uma quebra de transmissão tirou o Chaparral 2F de Hill/Spence da disputa, após 225 voltas completadas, na 18ª hora. Muito antes, o #8 já desistira com insolúveis problemas de bateria. O carro ainda conheceria sua última vitória internacional, nos 1000 km BOAC em Brands Hatch. E Jim Hall ainda faria misérias com suas criações nas séries Can-Am até 1969, quando deixou de lado o esporte – antes de regressar já nos anos 1990, como engenheiro e patrão de um brasileiro muito promissor: Gil de Ferran.

ROBERT CHOULET

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O Porsche 917 tem muito do conhecimento de Robert Choulet, que saiu da Matra para a casa alemã e depois colaboraria com a própria Matra na F1 e também a Alfa Romeo

Quando vemos os Porsche 917 que venceram as 24h de Le Mans em 1970/1971, lembramos – é claro – de quem os pilotou: Hans Herrmann/Dick Attwood no primeiro ano, Helmut Marko/Gijs Van Lennep no segundo – certo? Afora as outras feras que pilotaram este autêntico puro-sangue das pistas, uma criação imortal, um monumento do automobilismo. O que pouca gente sabe é que um francês teve grande influência na concepção deste carro, com ideias geniais. Seu nome? Robert Choulet.

Nascido em 1935, assim como Jim Hall, ele também era um homem à frente de seu tempo. E como todos os que se arrojam, especialmente em criações e invenções, Choulet quebrou a cara feio em 1969: desenhou o protótipo MS640 – totalmente fechado – para suceder o Spyder MS630. Com concepção arrojada, o bólido fora construído para alcançar a máxima velocidade de ponta no retão Les Hunaudières. Henri Pescarolo fez os primeiros testes e acabou sofrendo um acidente espetacular quando o carro pegou uma lufada de vento e voou a mais de 250 km/h. Este acidente trouxe sequelas no rosto de “Pesca” e Choulet acabou mudando de ares.

Em outubro de 1969, já trabalhava para a Porsche. E conseguiu aplicar, na versão Langheck do lendário 917, as ideias pelas quais tanto batalhava e acreditava. Vic Elford fez pole position e volta mais rápida em 1970. Jackie Oliver fez o mesmo em 1971, atingindo incríveis 250,069 km/h de média com um carro que – é bom lembrar – ainda não usava pneus slicks, próprios para competição.

O Porsche 917 saiu de cena com a mudança de regulamento, mas a contribuição que Robert Choulet deu na concepção aerodinâmica destre monstro, foi verdadeiramente importante e grandiosa.

FRANK BIELA E EMANUELE PIRRO

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Com Marco Werner na tripulação, Frank Biela e Emanuele Pirro marcaram o nome na história de Le Mans ao vencerem com um carro movido a Diesel. Foram também tricampeões seguidos da prova e ganharam cinco vezes em Sarthe, sempre juntos

Um alemão e um italiano são dois dos pilares da dinastia de triunfos da Audi nas 24h de Le Mans. Hoje aposentados, porém com fortíssima ligação à casa de Ingolstadt, Frank Biela e Emanuele Pirro estão entre os mitos de Sarthe e figuram na lista dos maiores vencedores em Sarthe – o que não é pouco.

Nascido em 1964, Biela experimentou os monopostos, antes de brilhar no DTM alemão e em provas de Supeturismo. Pirro, que é natural de Roma e dois anos mais velho, também começou em provas de Fórmula – tendo inclusive corrido em todas as categorias possíveis até chegar à F1 em 1989, pela Benetton. Defendeu também a Scuderia Italia e após deixar a categoria máxima, foi para os carros de Turismo, guiando vários anos para a BMW até chegar a piloto oficial da Audi Sport Team Joest.

Em 1999, Biela e Pirro estavam juntos no primeiro ano dos quatrargólicos com o protótipo R8R. Os dois e mais Didier Theys terminaram a prova em 3º lugar. Era a estreia do alemão em Le Mans e o italiano, ausente de Sarthe por 17 anos, estava na prova francesa pela terceira vez. Daí pra frente, não teve pra ninguém quando aos dois se juntou o dinamarquês Tom Kristensen – que aparecerá aqui, claro. Biela e Pirro emplacaram três vitórias de forma consecutiva na prova entre 2000 e 2002, um feito histórico – já que o último piloto a triunfar por três vezes em sequência antes deles fora Jacky Ickx.

Seis anos depois da primeira vitória, os dois – já veteranos – foram protagonistas de outro grande momento de Le Mans. Junto a Marco Werner, Biela e Pirro ganharam pela primeira vez com um Esporte Protótipo movido a diesel – o lendário Audi R10 TDi. E repetiriam a dose em 2007, quando chegaram ao quinto triunfo juntos. Com 10 participações – sempre pela Audi – Biela encerrou sua carreira em 2008. E Pirro ainda seguiu em Sarthe até 2010. Hoje, Emanuele é um dos principais embaixadores esportivos da marca alemã no mundo inteiro.

NORBERT SINGER

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Dentre todos os monstros sagrados da engenharia automobilística, nenhum deles foi tão bom e tão competente quanto Norbert Singer

Nascido em território tcheco anexado à Alemanha nazista de Adolf Hitler em 1939, o engenheiro Norbert Singer é um dos grandes nomes de sua especialidade em qualquer tempo no esporte a motor. Não só esteve ligado a praticamente todas as vitórias da Porsche nas 24h de Le Mans a partir de 1970, como também saiu de seu traço um dos carros mais vitoriosos de todos os tempos – o Porsche 956, que depois conheceria a evolução 962C, para se tornar uma lenda da Endurance.

Singer saiu da Universidade Técnica de Munique direto para a Porsche, com uma promessa de emprego em Stuttgart. Seu primeiro trabalho foi dar um jeito nas caixas de câmbio do Porsche 917 que foram a causa dos abandonos dos carros do construtor alemão em 1969. A experiência rendeu frutos: o carro ganhou a corrida pelos dois anos seguintes e 1971 é o ano que nunca sairá da memória do engenheiro. Além de ir a Le Mans pela primeira vez, viu o recorde de distância e velocidade ser alcançado por um dos carros alemães, guiado por Helmut Marko/Gijs Van Lennep.

No ano seguinte, assumiu a responsabilidade de transformar os modelos de rua da marca em carros de competição. Por suas mãos, nasceram verdadeiras obras-primas e talvez a maior delas nos anos 1970 tenha sido o Porsche 935 “Moby Dick” guiado por Manfred Schurti/Rolf Stommelen. Contudo, a única vitória desse modelo em Sarthe veio de uma equipe americana, com Klaus Ludwig, Don e Bill Whittington a bordo.

Ele não parou por aí: incumbido de desenhar um novo carro para suceder o 936/81, Singer trouxe à luz o 956 e depois viria sua evolução natural – o 962C. O modelo foi o mais popular das provas de Carros Esporte em todos os tempos: com mecânica 3,2 litros turbo, era confiável e veloz em qualquer pista. Com as criações de Singer, a Porsche enfileirou seis vitórias seguidas entre 1982 e 1987, afora inúmeras vitórias no World Sportscar Championship, na série IMSA e no Grupo C japonês.

Com o fim do time oficial de fábrica, Singer só voltaria às 24h de Le Mans em meados da década de 1990: trabalhou como engenheiro do TWR-Porsche WSC, uma trapizonga com chassi de Jaguar e motor Porsche alinhada pela equipe de Reinhold Joest e que venceu a corrida por duas vezes. A última grande contribuição do engenheiro para a história da corrida foi o Porsche 911 GT1, que triunfaria de forma magistral a prova em 1998.

PATRICK DEMPSEY

U.S. actor Dempsey reacts on the podium after taking second place with his Poshe 911 RSR in the LM GTE Am category during the Le Mans 24-hour sportscar race in Le Mans
Que imagem, meus amigos… a reação de Patrick Dempsey ao subir no pódio sagrado de Le Mans pelo 2º lugar na classe LMGTE-AM em 2015 representa a realização de um sonho e o amor pelo esporte

Assim como Paul Newman e Steve McQueen, que já passaram por aqui, Patrick Dempsey é mais um dos galãs que arrancam suspiros mil das mocinhas, mas que também são alucinados por velocidade. Este americano nascido no Maine em 1966 – portanto, há 50 anos – seguiu o exemplo do saudoso Newman. Meteu-se o quanto pôde com o automobilismo. Foi inoculado pelo vírus do esporte. Conheceu Le Mans. E apaixonou-se pela maior corrida de Endurance do planeta.

Como piloto, realmente nunca foi dos mais espetaculares. Ele começou a tomar contato com o esporte já perto dos 40 anos, em 2004. Cinco anos depois, surpreendeu o mundo inteiro ao anunciar – no auge da carreira, rodando a série “Grey’s Anatomy”, na qual sua personagem (Dr. Derek Shepherd) era protagonista – uma participação nas 24h de Le Mans com uma Ferrari F430 da classe LMGT2 junto ao amigo Joe Foster e a Don Kitch Jr. O carro alinhado pela Advanced Engineering Team Seattle fazia campanha de arrecadação de fundos para o Mécenat Chirurgie Chardiaque e o carisma de Dempsey foi a grande alavanca para que a equipe conseguisse tanto dinheiro: foram US$ 253,8 mil somados. A trinca atingiu de longe o objetivo, terminando a prova em 9º na classe e em 30º na geral.

A partir daí, Dempsey virou figurinha fácil nas provas da Rolex Sports Car Series – sua equipe competia com os modelos Mazda RX-8 e depois na American Le Mans Series, primeiro com um protótipo Lola B12/80 LMP2 e depois com um Porsche 911 GT3 Cup da divisão GTC. A volta a Sarthe foi algo natural para o ator-piloto e ele marcou seu regresso para o ano de 2013, terminando em 4º lugar na classe LMGTE-AM (28º geral), numa prova marcada por chuva e pela morte trágica de Allan Simonsen.

No ano seguinte, alinhou de novo na prova com os mesmos colegas – Joe Foster e Patrick Long – para completar a disputa em 24º na geral e quinto na divisão LMGTE-AM. E como a melhor é sempre a última, o galã teve o gostinho – e a emoção – de subir no pódio sagrado de Sarthe, já que foi vice-campeão da categoria LMGTE-AM na prova, junto a Patrick Long e Marco Seefried. E ainda venceu uma prova do WEC em sua categoria – as 6h de Fuji.

Neste ano, Dempsey reassumiu compromissos como ator: está trabalhando no filme “O bebê de Bridget Jones”. Mas não está fora do WEC e muito menos de Le Mans. Sua equipe, a Dempsey Racing-Proton, estará na disputa da prova na classe LMGTE-PRO.

TAZIO NUVOLARI

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Em sua única participação nas 24h de Le Mans, Tazio Nuvolari venceu em dupla com Raymond Sommer, nesta Alfa Romeo 8C 2300

O “Mantuano Voador” também faz parte dos grandes nomes de todos os tempos nas 24h de Le Mans. Um dos maiores pilotos de sua geração, junto a dois alemães – Rudolf Caracciola e Bernd Rosenmeyer – só disputou uma vez a maior prova longa do mundo. E fez o bastante para virar lenda.

Nascido em 1892, o italiano – então com 40 anos – alinhou ao lado de Raymond Sommer (que vencera a edição da prova em 1932, ao lado do também italiano Luigi Chinetti) – a bordo da lendária 8C 2300 inscrita pela Società Anonima Alfa Romeo. Largaram apenas 29 carros naquela oportunidade e o tempo quente no fim de semana da corrida dilapidou o pelotão – apenas 13 duplas obtiveram classificação na quadriculada.

Nuvolari e seu parceiro registraram a melhor volta, a uma média superior a 145 km/h, e venceram a corrida por apenas nove segundos e meio de vantagem para Luigi Chinetti e Philippe Varent. Com 233 voltas completadas, a dupla da Alfa Romeo foi a primeira da história a cumprir as 24h de Le Mans a uma média superior a 130 km/h. Tazio saiu de cena na corrida com 100% de aproveitamento e morreria 20 anos depois do triunfo, em 1953.

ALFRED NEUBAUER

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Ele não tirava o chapéu, o paletó e a gravata. Às vezes se permitia um breve sorriso: Alfred Neubauer foi o primeiro grande chefe de equipe do automobilismo moderno

Seria injustiça – das maiores – não considerar Alfred Neubauer (1891-1980) como uma das 84 personagens das 24h de Le Mans nesta série do blog. Afinal de contas, trata-se daquele que é considerado um dos maiores chefes de equipe – quiçá o maior – da história do automobilismo. Com jeitão de marechal do Exército e mão de ferro, foi o grande dínamo das conquistas da Mercedes-Benz no pré e pós-guerra, antes do desaparecimento do construtor da estrela de três pontas das pistas.

Seu primeiro emprego com carros foi em 1922, assim que terminou a I Guerra Mundial. Começou na Austro-Daimler e trabalhou inclusive com e para Ferdinand Porsche. Em 1926, juntou-se à recém-fundada Daimler-Benz e por lá ficaria durante anos. Consta que, para atingir o peso mínimo dos carros numa prova dos anos 1930, Neubauer teria ordenado a raspagem da pintura das Mercedes (que era branca), deixando a carroceria à mostra. Sem querer – ou mesmo por querer – ele criou a lenda das “Flechas de Prata”.

Com o fim da II Guerra Mundial, mais sangrenta que a primeira, a Mercedes-Benz rapidamente quis voltar às pistas, mas isto só aconteceria em 1954. Entraram no meio do Mundial de Fórmula 1 daquele ano e fizeram de Juan Manuel Fangio campeão, repetindo a dose em 1955.

Naquele mesmo ano, lá estava Neubauer com suas bandeiras, seu capote e a carranca sisuda, comandando o esquadrão prateado na disputa das 24h de Le Mans. Aí aconteceu o que todos nós já sabemos: o acidente tenebroso envolvendo o carro de Pierre Levegh, um dos integrantes do time germânico e a decisão de retirar os carros da disputa. Cabe notar que tal decisão não foi tomada de imediato – as Mercedes continuaram na prova e uma delas era a líder da corrida na 10ª hora, quando a sede da marca em Stuttgart já havia sido informada do acidente e a decisão fora tomada: optou-se pela retirada integral da equipe e assim foi.

Pela tragédia, este foi o canto do cisne de Alfred Neubauer como chefe de equipe. Ao fim daquele ano, a Mercedes-Benz anunciava a dissolvição completa de sua equipe de competição, voltando a envolver-se com competições apenas no DTM e depois no Grupo C, com a Sauber, já na década de 1980.

STÉPHANE SARRAZIN

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Mister Pole: por três anos consecutivos, ninguém superou Stéphane Sarrazin, um dos mais velozes da pista na atual configuração de pista com chicanes no retão Les Hunaudières

Ele não tem – ainda – qualquer vitória nas 24h de Le Mans em 14 oportunidades, desde a estreia na prova em 2001. Até passou perto três vezes, terminando em 2º lugar em 2007, 2009 e 2013, afora outros dois pódios como 3º colocado. O leitor mais atento há de perguntar: se Stéphane Sarrazin não está aqui por vitórias ou pódios, por qual motivo o francês nascido em 1975 estaria no rol dos 84 nomes elencados pelo blog?

O motivo é bem simples: por três anos consecutivos, ele foi o homem mais rápido no circuito de Sarthe. E na atual configuração de pista, com duas chicanes cortando o retão Les Hunaundières, ninguém foi mais veloz do que ele em ritmo de classificação.

A primeira pole veio no ano do retorno da Peugeot – 2007 – com o protótipo 908 HDi FAP, que também era movido a Diesel assim como o Audi R10 TDi. Com uma volta em 3’26″344, ele cravou o melhor tempo do grid a uma média de 226,806 km/h.

Mas no ano seguinte, o francês demoliu a marca: 3’18″513 – um tempo inacreditável, média de 247,160 km/h – uma das maiores da história das 24h de Le Mans. E não satisfeito, ele seria de novo o piloto mais rápido do grid para a prova de 2009, só que com 3’22″888, média de 241,830 km/h. Sarrazin foi piloto da casa Peugeot até o súbito encerramento do programa de Endurance da marca, dias antes do anúncio oficial dos participantes do FIA WEC para o ano de 2012. O piloto mudou-se para a Starworks Motorsports e desde então colabora com a Toyota no projeto de Endurance e também no do WRC.

Comentários

  • Caro Mattar, parabéns pela lembrança da épica participação brasileira em Le Mans, 1978. Paulão, Guaraná e Marinho não merecem ser esquecidos nunca. Forte abraço do assíduo leitor.

  • Caro Mattar, dê uma olhada no site abaixo, pois tenho certeza que caso já não conheça o mesmo não irá se decepcionar. É a “enciclopédia” dos maníacos por Sportcars e GTs. Vale a pena dar uma olhada nas estatísticas do Ludwig e Wollek (dois puro sangues das corridas de longa duração, sem contar o “rei” Jacky Ickx e o americano Al Holbert).

    http://www.racingsportscars.com/

  • O 962 é o sport protótipo definitivo!
    Faltou Pescarolo! com sua magistral vitória ( a 1ª) em 72 com G. Hill.
    Perguntem pró Boesel sobre a garra e a determinação da lenda francesa!

      • Je vous remercie beaucoup pour votre attention!
        Quanto ao 962, apesar de não ter o glamour do 917 foi mais importante para a casa de Stuttgart que o grande 917!
        Encore Merci mon ami !

  • Uma parte da historia do Dempsey em Le-mans, foi contada em um documentário, que passou em 2013, nos canais Discovery.
    ” Racing Le Mans ” era o nome, em Português, Le Mans: Arte e Técnica. Foi dividida em 4 ou 5 capítulos. Eu que achava ele mais um, famoso metido a corredor, passei a acompanhar a sua trajetória nas pistas e fiquei impressionado como ele é bom, apesar de não ter formação de piloto.
    Não sei se este link ja foi publicado por aqui, e também não sei se pode ser colocado, mas segue o link: https://youtu.be/uUseKxhKSEM?list=PLCg7YNcdyCknchiPVJ0aA76cE7V-ktxNz ( em inglês )

    • Até pus alguns episódios aqui no blog, mas desisti. Eu vi essa série no Discovery. É ótima mesmo. Muito boa. Não tenho restrição à postagem de videos, desde que seja pertinente ao blog. Se quiser, fique à vontade pra mandar mais. Abraços e obrigado!