Hamilton, enfim, deu uma dentro…

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A 44ª vitória do #44 veio num erro da Red Bull, que deu mancada no pit stop que poderia ter deixado Daniel Ricciardo na ponta. Lewis Hamilton nada tinha com isso e venceu o GP de Mônaco pela primeira vez em oito temporadas (Foto: BBC/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – O melhor fim de semana do ano para quem ama automobilismo começou bem para a Mercedes-Benz. Além de vencer as 24h de Nürburgring (vai ter post no blog mais tarde), a marca alemã emplacou mais uma vitória no GP de Mônaco. E pela primeira vez em oito anos, Lewis Hamilton voltou a subir no topo do pódio da realeza no Principado dos Grimaldi, numa corrida que foi muito legal desde o início – em bandeira verde, já que foram sete voltas com Safety Car por causa da chuva e da pista molhada – até o seu final. A pista é anacrônica, é ultrapassada, mas tem seu charme e seu carisma. E vez por outra, nos traz corridas boas. Como esta.

Ok… Hamilton fez uma parada a menos, arriscando ficar mais tempo com pneus de chuva do que os rivais, muitos deles trocando pra intermediários numa corrida doida desde o início. Teve piloto batendo na “reta curva by Galvão Bueno” (Jolyon Palmer) e Kimi Räikkönen fazendo cagadas sozinho, só pra começar. A chuva que fez a direção de prova mandar largar em Safety Car por segurança – bobagem, porque em 1984, 1996 e 1997, corridas de muita água em Mônaco – tinha muito mais perigo do que hoje – rapidamente foi embora. Com o tempo mais ou menos firme, começou a se criar um trilho. Ninguém se sentiu seguro pra pôr slicks e a rapaziada dos intermediários – menos Hamilton e o alemão Pascal Wehrlein – acabou trocando de pneus duas vezes.

Aí deu-se outra cagada: a Red Bull não tava preparada para o pit stop do Ricciardo e fodeu a corrida do Risadinha sem vaselina. O australiano, sorriso escancarado de 500 dentes com a primeira pole da vida no sábado, rilhou a arcada dentária e partiu pra dentro do Comandante Hamilton. Que foi inclusive sujo numa manobra de bloqueio de ultrapassagem sobre o piloto da Red Bull. A FIA entendeu que a defesa de posição foi dentro dos limites permitidos pelo regulamento e não deu em nada. Restou ao Ricciardo tentar o que pôde para recuperar a liderança, que ele manteve brilhantemente com pista molhada e pneus de chuva. Mas não houve mais nada que ele pudesse fazer.

Outro momento controverso aconteceu ainda na fase inicial, quando do nada Rosberg tirou o pé e Hamilton o ultrapassou na subida antes do Cassino. O britânico passou e despachou. Talvez tivesse mais carro, fosse mais veloz? Quem sabe. Pareceu estranho, mas não muito: a corrida do Rosberg foi pífia. Nem lembrou o piloto que ganhou lá nos três últimos anos com autoridade. Lento, ele nem conseguiu passar Fernando Alonso. E foi castigado ao final. Acabou sendo ultrapassado por Nico Hülkenberg na última volta e foi o 7º colocado. Perdeu dois pontinhos e um dia a conta há de ser cobrada…

E a Force India, hein? Que bela corrida dos seus pilotos. Apesar das cagadas do Vijay Malliya, o campeonato do time é muito decente. Sergio Pérez esteve excelente, com ótimo ritmo de corrida e por várias vezes sendo o piloto mais rápido da pista. Foi premiado com o 3º lugar – o oitavo pódio da carreira do “Checo”, sustentando a posição à frente de Sebastian Vettel com muita autoridade. A Ferrari, aliás, mantém sua sina: não vence em Mônaco faz 15 anos – e subindo.

A McLaren, no mesmo palco de sua estreia há meio século, teve o que comemorar: grande prova de Fernando Alonso, que no seu imenso talento levou o MP4/31 a um valoroso quinto lugar. Jenson Button, um dos primeiros a passar de pneus de chuva a intermediários, também chegou nos pontos. Foi o 9º colocado e com esses pontos conquistados hoje, a equipe britânica passou a Haas na classificação do campeonato. Não é nada, não é nada… já é alguma evolução.

Classificação-Corrida

Quanto aos brasileiros, bem… Felipe Massa fez o que dava pra fazer numa pista em que a Williams não se sai bem há muito tempo. Na verdade, os carros do time britânico não fazem cosquinha no Principado desde 2011, quando Pastor Maldonado colocou um bólido do time de Grove pela última vez num Q3. Então o que era possível era somar pontos. Massa fez pelo menos um e ainda chegou à frente do Bottas. Lucro para ele.

E para Felipe Nasr, mais um dia no escritório para ser esquecido. Além de bater ponto na pior equipe hoje da Fórmula 1, o piloto largou de último no grid – e mesmo assim estava à frente de Marcus Ericsson quando a corrida já tinha passado da metade. A equipe, via rádio, sugeriu a Nasr que seu companheiro de equipe, Marcus Ericsson, estava mais rápido. Só que o brasileiro – desta vez – não cedeu. Ericsson tentou num dos pontos menos recomendáveis (a apertada curva La Rascasse) e os dois bateram. Fim de papo.

Puto com razão, Nasr estrilou nos boxes. “Não tem conversa!”, esbravejou. E nem tem como ter. Ericsson pelo menos reconheceu seu erro e pediu desculpas. Mas o clima no time helvético, que já não é dos melhores, só piora a cada dia. Não tenho ideia de quem coloca mais dinheiro ali entre eles dois, confesso. Só que a Sauber hoje é uma tremenda barca furada. Uma situação criada pelo próprio time, que assinou contratos irresponsavelmente (lembram de Giedo Van der Garde?) e hoje tem sérios problemas financeiros. Se eu pudesse aconselhar o Felipe Nasr, diria pra ele cair fora da Sauber enquanto dá tempo. Senão, vai acabar com o filme “queimado” dentro da própria Fórmula 1.

E Max Verstappen? Pois é… de bestial na Espanha, foi a besta do fim de semana no Principado. Bateu três vezes e encerrou sua corrida – que parecia promissora, já que vinha escalando o pelotão de carros – de forma desastrosa, dando uma porrada na curva Massenet. Daniil Kvyat, rebaixado à Toro Rosso, também deu seu show de horror, jogando Kevin Magnussen para fora do traçado na mesma Rascasse do imbróglio das duas Sauber.

Classificação-Campeonato

Assim terminou o GP de Mônaco, com um campeonato em aberto: afinal Rosberg tem 106 pontos e Hamilton, com a primeira vitória em 2016, chegou a 82. Outras estatísticas interessantes: Lewis não passa os últimos 10 anos de sua trajetória na F1 sem pelo menos um triunfo e este foi o 44º do piloto que usa o número #44 em seu carro.

Coincidência, não?

Comentários

  • O que se fala aqui em Bsb… que o BB, cortou a verba do narsnoiado… Não podem espalhar a situação mas, nem mesmo metade do campeonato ele vai fazer…e mais…………..investigação por usar conta de PJ em ilhas fiscais no norte da Inglaterra..
    Se brincar o cara vai ser o responsa,,pois a conta do banco…ele quem acelerou em abrir..tem 3 anos heim..Imagina a lavada de EUROS já foi enviada..Esse ano ele dança….

      • Boa tarde, Rodrigo.
        Sem polemizar, ok!
        Tenho para mim que o Nasr já sabe que a fonte secou e que ano que vem. . .babau!
        Então ele tá pouco se lixando para ordem de equipe, que todo mundo cumpre e quando não cumpre é a maior DR depois da prova, como já estamos cansados de ver. . .
        Vim dizer depois “eu não achava isso ou aquilo. . .” não serve.
        Até porque a ordem foi clara: “deixa o Ericsson passar e depois, se você estiver mais rápido de fato, ele devolve”.
        Simples assim!
        Boa “Charlotte 600” para você!
        Abraço.
        Zé Maria

  • Grande Rodrigo, seus posts são demais!
    Mas, dizendo a mesma coisa que você disse, Hamilton venceu pelo menos uma corrida em cada uma de TODAS as temporadas que participou da F1!

    Mesmo com. Mclaren de 2009, de 2011 e Mercedes de 2013 longe de serem os melhores carros!

  • Muito boa a corrida!! Ano passado o Hemilton perdeu a corrida por um erro de estratégia, lembram? Nada como um ano (e uma cagada nos boxes) após o outro!

  • A Red Bull conseguiu arrancar o sorriso do australiano. Cara, como pode acontecer? Insisto: Ricciardo é o atual melhor piloto do grid. Que impeto para cima do Hamilton nas relargadas. Foi emocionante.

    Tudo indica que a RBR vai vir para cima da Mercedes. Bom para o espetáculo.

    Rosberg mais uma vez se arrastando em Mônaco. Lembro a alfinetada que o Vettel deu nele quando ainda pilotava pela Red Bull “Parecia que estávamos atrás de um ônibus”.

    Ferrari? Esqueça 2016 e foque em 2017. Óbvio que Mercedes, Red Bull, McLaren vão vir fortes e a equipe italiana tem tendência de começar atrás.

  • O Hamilton tinha de vencer uma algum dia. Em ritmo de corrida do Riccardo merecia muito mais a vitória do que ele. Mas como a estratégia da equipe dele deu certo a vitória foi justa apesar daquela manobra suja dele ao defender a posição após errar a chicane após o túnel.