Uma pole mais do que especial

<a href=
IndyCar: Indianapolis 500-Qualifying" width="602" height="429" /> Festa da equipe de Sam Schmidt (em cadeira de rodas, à esquerda): James Hinchcliffe empunha a bandeira do Canadá na comemoração da histórica pole position da 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis

RIO DE JANEIRO – Sim, eu sei: este blog não fala muito da Fórmula Indy. Às vezes, ou melhor, quase sempre falta tempo ao blogueiro para acompanhar mais detidamente as corridas da categoria. Mas nunca se pode ficar indiferente ao fato de que, no próximo domingo, olhos, mentes e corações se voltam para o maior evento da categoria estadunidense de monopostos – as 500 Milhas de Indianápolis.

E não é só por este motivo. Três bons argumentos fazem com que esse texto saia. Primeiro, porque o dia 29 de maio será O domingo da velocidade. Tem GP de Mônaco de Fórmula 1, Indy 500 e Charlotte 600, pela Nascar. Segundo: essa é a centésima edição das 500 Milhas, que começaram sua história em 1911 na vitória do Marmon Wasp de Ray Harroun – que completou as 200 voltas em 6h42min, à estonteante média (para a época, era) de 120 km/h.

E pensar que, recentemente, Tony Kanaan venceu de forma histórica na prova mais rápida de todos os tempos: pouco mais de 2h40min, com 301,644 km/h de média…

Falei que eram três argumentos, certo? Pois aí está: James Hinchcliffe é o terceiro argumento.

Não entendeu? Então tá. Há um ano atrás, o piloto canadense sofria um acidente pavoroso. Um dos muitos que tiraram o sono da IndyCar, dos pilotos, equipes e do CEO da categoria, Mark Miles. Até houve mudanças radicais para a corrida, em que se temeu uma tragédia que – felizmente – não aconteceu.

AP INDYCAR INDY 500 AUTO RACING S CAR USA IN
Em 2015, Hinchcliffe sofreu sérias lesões numa perna após este acidente em Indianápolis. Perdeu muito sangue, mas felizmente sobreviveu graças a uma transfusão

O acidente de Hinchcliffe não foi brincadeira. Ele perdeu muito sangue e praticamente renasceu, via transfusão. Não fosse o avanço da medicina e o simpático canadense, o “Hinchtown” que todos conhecemos, não teria feito o que fez neste domingo.

A bordo do carro #5, nas mesmas cores da Arrow que marcaram sua quase tragédia de 2015, o piloto de 29 anos entrou para a história. Não só pela pole position conquistada à média de 230.760 mph (equivalentes a 371,372 km/h), na qual superou Josef Newgarden e Ryan Hunter-Reay, que o acompanharão na primeira fila no próximo domingo, como também por essa espetacular volta por cima. Uma lavada na alma daquelas. Acho que o canadense nem vai dormir direito nesta noite… E poderia?

Mas as 500 Milhas de Indianápolis não são brincadeira. A corrida é difícil, longa, há que se ter paciência e nem sempre largar na pole é sinônimo de vitória. Que o digam Roberto Guerrero com sua rodada vexaminosa em 1992 e Scott Sharp, que largou na frente em 2001 (se não me engano) e bateu logo na primeira volta.

Outra coisa que aconteceu nos treinos de Indianápolis: a Honda reclamava tanto na época dos testes preliminares e, de repente, seus motores dominaram as quatro primeiras filas do grid. De 12 pilotos, oito têm o propulsor japonês contra quatro dos Chevy – sendo três da Penske. E entre eles, Hélio Castroneves, o melhor brasileiro com a 9ª posição da formação de largada, logo ao lado do companheiro de equipe e líder do campeonato, Simon Pagenaud.

Vencedor da corrida em 2015 de forma espetacular, Juan Pablo Montoya partirá apenas da 17ª posição, com Tony Kanaan dividindo a sexta fila com o colombiano e Charlie Kimball. Detalhe: pela primeira vez em todas as 100 edições das 500 Milhas, um piloto largará sem ter feito tempo de classificação: é o canadense Alexandre Tagliani, que bateu no sábado e não pode cravar a média de quatro voltas. Como a IndyCar recebeu apenas 33 inscrições para a prova deste ano, ninguém ficou de fora – nem mesmo o veteranaço Buddy Lazier, o mais lento dos 32 pilotos que andaram.

Você perdeu algum detalhe da Indy 500 2016? Não tem problema: o Grande Prêmio está com uma suntuosa cobertura in loco, à altura da importância histórica do evento. O patife Victor Martins e a Suprema (como costuma dizer o nosso querido Ameriquinho Teixeira Júnior) Evelyn Guimarães estão lá, acompanhando tudo. Tem até programa diário. Vale a pena conferir!

O grid de largada da 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis:

1. fila
James Hinchcliffe (Dallara DW12-Honda) – Schmidt – 230.760 mph (371.372 kmh)
Josef Newgarden (Dallara DW12-Chevy) – ECR – 230.700
Ryan Hunter-Reay (Dallara DW12-Honda) – Andretti – 230.648
2. fila
Townsend Bell (Dallara DW12-Honda) – Andretti – 230.481
Carlos Munoz (Dallara DW12-Honda) – Andretti – 230.287
Will Power (Dallara DW12-Chevy) – Penske – 229.669
3. fila
Mikhail Aleshin (Dallara DW12-Honda) – Schmidt – 229.562
Simon Pagenaud (Dallara DW12-Chevy) – Penske – 229.139
Helio Castroneves (Dallara DW12-Chevy) – Penske – 229.115
4. fila
Oriol Servia (Dallara DW12-Honda) – Schmidt 229.060 mph
Alexander Rossi (Dallara DW12-Honda) – Andretti – 228.473
Takuma Sato (Dallara DW12-Honda) – Foyt – 228.029
5. fila
Scott Dixon (Dallara DW12-Chevy) – Ganassi – 227.991
Marco Andretti (Dallara DW12-Honda) – Andretti – 227.969
JR Hildebrand (Dallara DW12-Chevy) – ECR – 227.876
6. fila
Charlie Kimball (Dallara DW12-Chevy) – Ganassi – 227.822
Juan Pablo Montoya (Dallara DW12-Chevy) – Penske – 227.684
Tony Kanaan (Dallara DW12-Chevy) – Ganassi – 227.43
7. fila
Sebastien Bourdais (Dallara DW12-Chevy) – KV – 227.428
Ed Carpenter (Dallara DW12-Chevy) – ECR – 227.226
Gabby Chaves (Dallara DW12-Honda) – Coyne – 227.192
8. fila
Max Chilton (Dallara DW12-Chevy) – Ganassi – 226.686
Sage Karam (Dallara DW12-Chevy) – D&R – 226.436
Conor Daly (Dallara DW12-Honda) – Coyne – 226.312
9. fila
Pippa Mann (Dallara DW12-Honda) – Coyne – 226.006
Graham Rahal (Dallara DW12-Honda) – Rahal – 225.847
Matt Brabham (Dallara DW12-Chevy) – KV – 225.727
10. fila
Bryan Clauson (Dallara DW12-Honda) – Coyne – 225.266
Spencer Pigot (Dallara DW12-Honda) – Rahal – 224.847
Stefan Wilson (Dallara DW12-Chevy) – KV – 224.602
11. fila
Jack Hawksworth (Dallara DW12-Honda) – Foyt – 224.596
Buddy Lazier (Dallara DW12-Chevy) – Lazier – 222.154
Alex Tagliani (Dallara DW12-Honda) – Foyt – s.t.

Comentários

  • E houve comentários de que iriam bater os recordes de média velocidade, que são de 96, por ser a centésima edição e acabaram não conseguindo ou desistindo.