Os donos da rua

Detroit, Belle Isle, June 2016.  (Photo by Brian Cleary/ www.bcpix.com )
Em família: os irmãos Jordan e Ricky Taylor festejam o triunfo em Detroit erguendo o pai e dono de equipe Wayne Taylor (Foto: Brian Cleary/BCPix.com)

RIO DE JANEIRO – Era questão de honra para a Chevrolet vencer a etapa de Detroit do IMSA Weather Tech SportsCar Championship neste sábado, fosse com qualquer uma das equipes que se inscreve para a temporada regular com o Corvette DP. E deu a escuderia mais bem-sucedida nos circuitos urbanos nas provas da série – a Wayne Taylor Racing. Os irmãos Jordan e Ricky Taylor chegaram à segunda vitória do ano e aos mesmos 151 pontos que a dupla formada por João Barbosa e Christian Fittipaldi. Eles triunfaram também em Long Beach – logo, dá para chamar os filhos de Wayne Taylor dos “donos da rua” no IWSC, já que das últimas sete corridas em pistas desse tipo, ganharam cinco.

Hoje, eles tiveram um pouquinho de trabalho. No início, Christian Fittipaldi largou bem da pole position e sustentou a liderança sobre o carro #10 guiado no início por Ricky Taylor. Aí entrou em ação o belga Marc Goossens, que vinha em 3º e cometeu um erro que lhe fez perder o aerofólio traseiro do seu Corvette DP. Sem carga aerodinâmica – e sem saber que estava sem a asa traseira, nas palavras do próprio companheiro de equipe Ryan Dalziel, o “Ganso” continuou metendo o pé no acelerador e o resultado foi uma forte batida numa das barreiras de pneus. O carro ricocheteou para o meio da pista e Eric Curran, que vinha logo atrás, nada pôde fazer.

O carro #31 ficou parado nos pits por 17 voltas, esperando o conserto, enquanto o #90 desistiu naquela que seria a primeira de um total de quatro bandeiras amarelas. Acabou que foi uma das mais importantes da corrida – por tirar dois carros de esquadro – mas não a mais importante: na segunda relargada, provocada por um problema no #85 da JDC/Miller Motorsports, que ficou 22 voltas atrasado enquanto o carro não era totalmente reconstruído após uma tremenda “panca” no warm up, já com Jordan Taylor e João Barbosa a bordo de seus respectivos carros, houve a troca decisiva de líderes na corrida.

“Eu tinha a opção de ir por dentro”, disse Jordan ao fim da corrida. “Mas vi uma brecha por fora e mergulhei. Quando percebi, já estava na ponta”, comentou o piloto que superou Barbosa na relargada. O português foi bloqueado por carros mais lentos, perdeu a ação e a possibilidade da vitória na corrida.

Como previsto, os protótipos LMP2 nada puderam fazer contra os DPs em Detroit: os Mazda tiveram uma corrida repleta de percalços, sendo o #70 de Tom Long/Joel Miller o mais prejudicado – pagou dois stop & go por infrações de overboost, terminando a disputa em 9º na geral e quarto na classe. O #55 de Jonathan Bomarito/Tristan Nunez ainda levou os pontos do terceiro posto na divisão, mas acabou em sétimo no resultado final. A Michael Shank Racing estava na disputa com seu Ligier JS P2 HPD guiado no princípio por Katherine Legge e a britânica fez um bom trabalho. Mas o carro cismou de ter problemas justo nas mãos de Oswaldo Negri. Uma falha na suspensão deixou o bólido três voltas atrasado e a dupla terminou em quinto na classe – só que em 22º na geral.

Os problemas da concorrência levaram a um surpreendente 3º posto geral do carro vencedor na divisão Prototype Challenge: o #8 de Renger Van der Zande/Alex Popow sobreviveu ao “carmagedon” e triunfou na categoria, após uma rodada do #54 guiado por Colin Braun nas últimas voltas. “Mesmo se ele não rodasse, eu passaria de qualquer jeito”, afirmou Van der Zande após a corrida. Com o 3º lugar na prova, a dupla formada por Robert Alon/Tom Kimber-Smith, que fez a pole position na categoria, assumiu a liderança do campeonato – já que o #85 de Goikhberg/Simpson completou apenas 18 das 57 voltas da corrida.

Detroit, Belle Isle, June 2016.  (Photo by Brian Cleary/ www.bcpix.com )
Na batalha da GTD, deu o Viper da dupla Bleekemolen/Keating nas ruas de Detroit (Foto: Brian Cleary/BCPix.com)

Na classe GTD, para completar a festa dos “Made in USA”, triunfou o único carro da categoria construído em solo americano: o Dodge Viper GT3-R de Ben Keating/Jeroen Bleekemolen, que ainda figuraram na 10ª posição geral. Foi uma bela maneira de começar o fim de semana – já que os dois, além de vários outros pilotos presentes à corrida de Detroit – estão voando ainda hoje para a França, a fim de participar do Journée Test das 24h de Le Mans.

Apesar de enfrentar problemas durante o reabastecimento, o Porsche #73 de Patrick Lindsey/Jörg Bergmeister fechou a disputa de forma positiva, completando a prova em 2º lugar, logo à frente de Christina Nielsen/Alessandro Balzan, da Scuderia Corsa. Alex Riberas/Mario Farnbacher conduziram o #23 da Alex Job Racing à quarta colocação, seguidos pelo Audi R8 LMS da Stevenson Motorsports, com Robin Liddell/Andrew Davis. O Lamborghini Huracán de Bryan Sellers/Madison Snow, que partiu da pole, quase se envolveu num acidente e perdeu várias posições após uma relargada, terminando apenas em oitavo lugar na categoria.

A próxima etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship é um clássico da Endurance: as 6h de Watkins Glen, no dia 3 de julho. Nessa prova, deve participar também a equipe Tequila Patrón ESM, que defende sua liderança no North American Endurance Cup – já que venceu as 24h de Daytona e as 12h de Sebring em atuações monumentais do piloto brasileiro Pipo Derani.

Resultado final da etapa de Detroit do IWSC, aqui.

Comentários

  • Rodrigo,por quê os corvetes prototype DP nao correm em le mans esses carros iriam ser extremamentes competitivos lá..seria pelo motivo de utilizarem chassis tubulares…bem sana minha dúvida…obrigado e inté..

  • Realmente os Taylor fizeram um grande trabalho e aproveitaram a oportunidade que tiveram de ultrapassar o #5 da Action Express. Senti falta da sempre competitiva e hoje talvez a classe com maior visibilidade desta categoria, mesmo não sendo a mais veloz: a GTLM, mas sabemos que por uma causa muito nobre.
    Gostei muito também da vitória do Dodge Viper, de longe o GT mais bonito da pista, e os LMPC continuam na mesma…um ou outro se salva mas no geral essa classe é uma verdadeira fábrica de bandeiras amarelas.