O desfile dos clássicos em Sarthe

RIO DE JANEIRO – Num intervalo de menos de um mês, o circuito de Sarthe viu a história escrita no triunfo dramático da Porsche nos últimos momentos das 24h de Le Mans, derrotando a Toyota. E agora, o desfile dos clássicos que entraram para a eternidade no automobilismo mundial e também na prova francesa, a mais tradicional da Endurance.

O Le Mans Classic foi um autêntico show de cores e sons, dos mais variados tipos e matizes. O público foi recorde: 123 mil espectadores passaram pelas bilheterias, aproveitando o sábado e domingo de sol generoso no início do verão europeu. A preliminar foi uma delícia: 35 carros do Grupo C construídos entre 1983 e 1992 largaram para uma prova de 45 minutos de duração. Venceu Julien Piguet, com um Spice SE89C Ford, seguido por Eric de Doncker, igualmente num carro do construtor britânico – só que de 1990. Até Romain Dumas, campeão das 24h de Le Mans deste ano, esteve a bordo de um Porsche 962C, mas a corrida do francês durou somente uma volta.

A partir das 16h, começou o show de provas das seis diferentes categorias – foram 18 no total, com vencedores na soma geral e também no chamado Índice de Performance, que apontava vitoriosos em Le Mans antigamente numa classificação em separado por desempenho.

No Grupo 1, para carros de competição construídos entre 1923 (primeiro ano das 24h de Le Mans) e 1939, Christian Traber e Spencer Trenery conquistaram um autêntico hat-trick, com triunfos nas três baterias após 21 voltas somadas, a bordo de um Talbot Lago monoposto, travestido de protótipo. A vitória no Grupo 2 (carros entre 1949-1956) foi de um antigo campeão de Sarthe: Andy Wallace teve o privilégio de acelerar um lendário Jaguar D-Type ano 1955, completando um total de 22 voltas nas três corridas.

Esse grupo teve a participação de um brasileiro, já conhecido nas provas de carros clássicos em Sarthe: herdeiro do grupo Ponto Frio, Carlos Monteverde ficou com o 5º lugar ao lado do parceiro britânico Gary Pearson, também com um Jaguar D-Type safra ’55. A dupla acabou penalizada na prova #3 de sua categoria, perdendo talvez a chance de terminar em quarto na geral entre os 75 inscritos.

O Grupo 3, dos bólidos concebidos entre os anos de 1957 e 1961, foi de Chris Ward. Pole position nas provas do Grupo 2, o piloto participou desta série com um Lister Costin 1959 e levou com sobras todas as três baterias do evento. E no Grupo 4, da classe 1962-1965, Shaun Lynn foi o vencedor a bordo do icônico Ford GT40 – aliás, havia sete destes no plantel da classe.

Na classificação do Grupo 5 (1967-1971), ganhou um antigo participante das 24h de Le Mans: Bernard Thuner, com um Lola T70 MKIII – safra 1968, levou a vitória na soma das três provas por somente 0″010 para Eric de Doncker. Toni Seiler fechou os três primeiros colocados – todos com a imortal criação de Eric Broadley.

Esta categoria teve dois carros com pilotos brasileiros: um Porsche 908/2 nas cores históricas e icônicas da Hollywood, guiado por Dener Pires, responsável direto pela parte de competição da Stuttgart Sportcar, importadora oficial da marca de Weissach no Brasil. Na classificação geral do Grupo 5, o Dener ficou na 20ª colocação. Mas o resultado pouco importa, perto do prazer e da delícia que é dirigir um carro de competição numa das pistas mais importantes da história do esporte. Carlos Monteverde andou num Porsche 917 e ficou na 57ª posição.

E no Grupo 6, vitória de outro campeão das 24h de Le Mans noutros carnavais: Marco Werner dividiu um Porsche 936 com Ulrich Schumacher e eles foram os grandes vencedores do evento, com Meyers/De Siebenthal em segundo e Guenet em 3º lugar. Vários pilotos (e ex-pilotos) deram o ar da graça na prova dos bólidos concebidos entre 1972 e 1981: Sam Hancock, Üwe Alzen, Raymond Narac, François Perrodo, Sébastien Crubilé, Emmanuel Collard, Jochen Mass, Pierre Nicolet, Jean Ragnotti, Alain Serpaggi, Patrice Lafargue, Christian Pescatori, Soheil Ayari, Emanuele Pirro, Alex Caffi, Stuart Hall, Roald Goethe, Gijs Van Lennep, Max Welti, Julien Beltoise e a lenda, o mito, Henri Pescarolo. Este último guiou o Inaltera com que participou em 1976 nas 24h de Le Mans.