Sobrevida

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RIO DE JANEIRO – Para o bem de todos e felicidade geral da comunidade automobilística (por enquanto), o Autódromo Internacional de Curitiba fica de pé. A pista seria fechada em junho, de acordo com este post do blog publicado em 15 de janeiro. Mas felizmente houve um revés e a ideia inicial dos proprietários do circuito paranaense está abortada até segunda ordem.

É um alívio? Sim… para um esporte que continua em crise institucional e à margem de qualquer investimento em novas pistas – Curvelo, erguido através da iniciativa privada, é uma honrosa exceção; Brasília segue fora de esquadro e o Rio é aquela coisa que todo mundo sabe… aliás, aguardem a semana pós-Olimpíada, porque vai ter textão aqui sobre o assunto Autódromo no RJ – ter Curitiba ainda em atividade é um bálsamo.

Só não sei quais são as “boas perspectivas políticas e econômicas” que o presidente do Autódromo Internacional de Curitiba, Jauneval de Oms, invoca na nota oficial que comunica a permanência das atividades do AIC pelos próximos meses. Prefiro acreditar que a pressão da comunidade automobilística deu certo em parte (uma pena que com Jacarepaguá isso não foi possível) e que, principalmente, é inviável hoje investir em construção de imóveis no país – se ninguém hoje tem muita condição de comprar um pronto ou em construção, quanto mais alugar.

Já viram por aí quantos imóveis estão desocupados? Eu moro em Olaria, Zona Norte do Rio de Janeiro. E mesmo lá, num bairro largado à própria sorte pela prefeitura do senhor Eduardo Paes, ninguém está conseguindo alugar imóveis. Poucos compõem renda para atingir as exigências dos proprietários, que também, em sua maioria, cobram valores inviáveis de acordo com o mercado na atualidade.

Enfim, vamos em frente. É hora do automobilismo brasileiro começar a repensar sua estrutura e sair da letargia, do buraco e de um sistema arcaico de administração de sua confederação. Quem sabe a permanência de Curitiba como praça desportiva não seja um bom augúrio?

Comentários

  • Rodrigo,

    É que possível que vá dizer uma grande besteira, mas me parece que o automobilismo brasileiro está precisando de advogados, juristas e legisladores que amem o esporte, e que doem parte de seu conhecimento e tempo para uma mudança no marco regulatório do esporte no país.

    Impressionante a quantidade de vezes que ouço, de pessoas ligadas ao esporte, que as federações e a confederação pouco fazem para ajudar, e ainda “atrapalham” aqueles que têm alguma iniciativa.

    Se não me falha a memória, a liga que Nelson Piquet tentou criar em Brasília uns anos atrás (LIA) sofreu de mal parecido.

    Quanto a Curitiba, vamos ver como fica a coisa quando o mercado imobiliário reaquecer.

  • Foi um alivio ver que Curitiba ganhou uma sobrevida.

    Imagino que, já que os órgãos constituídos não fazem quase nada para a manutenção/preservação desses autódromos, caberia aos próprios aficcionados promover atividades que ajudassem a conservação (geração de verbas) das pistas.
    Se olharmos o exemplo da Europa, as pistas tem atividades independentes das competições oficiais. Os clubes regionais/municipais promovem provas de clube, track days, etc , para efeito de pura diversão dos associados/usuarios, que acabam por gerar renda que ajuda conservação dos autódromos. E esses eventos ocorrem em quase todos os fins de semana !
    Esse tipo de atividade começa a crescer no Brasil, e deveria ser incentivada, Hoje existe uma grande quantidade de gente que pode pagar uma bela taxa pra andar no final de semana com seus Lancer Evo, Nissan GTR, Ferraris, Porsches, BMW M3, mas também com seus Golzinhos Turbo e que tais, em locais seguros, com assistência de bombeiros e ambulâncias, para o caso de eventuais acidentes.
    O segundo passo seria desenvolver categorias baratas, com regulamento bem liberal, onde o objetivo não fosse especificamente competir, mas se divertir.
    E talvez provas monomarca, com preparação restrita, para veículos mais antigos: Gol, Voyage, Fiat Uno, etc. Categorias regionais baratas, com proposito de diversão.
    O uso intensivo da pista é a unica forma de gerar renda para sua conservação e perenização.
    Incentivar a formação de clubes/associações/ligas para desenvolver essas atividades é fundamental. E dai poderiam surgir vários tipos de associação, de carros antigos, de carros esporte, de carros de marca, de motos, etc, que se utilizariam do autódromo, gerando renda.

    Deixar um autódromo vazio e sub utilizado é o primeiro passo para seu iminente desparecimento.

    • Caso típico de acontecer a coisa certa (o AIC continua) pelos motivos errados, desaquecimento da economia e documentação do terreno do autódromo super enrolada…
      Em linhas gerais concordo com V., entretanto ” categorias baratas, com regulamento bem liberal” são coisas totalmente antagônicas, o regulamento técnico tem que ser bastante restrito, claro, hiper detalhado e escrito com sangue, voltado para conter os custos.

      • Robertom, talvez eu não fui claro:

        1 – Provas curtas abertas, onde voce poderia guiar qualquer negocio, desde um Nissan GTR, carros hibridos como os da Classic que corre em SP (ex: Puma com motor de Passat), até um Gol Turbo….10 voltas de pura diversão, sem preocupação de premiação, classificação de campeonato, etc.

        2 – Provas monomarca, com preparação bem restrita, para modelos classicos, fora de produção, tipo Uno, Gol, Voyage, etc., Provas curtas, em 2 finais de semana por mes, fazendo parte de um campeonato regional

        Assim, voce poderiam ser feitas VARIAS provas curtas no mesmo dia, atraindo um universo grande de pessoas, tanto na pista quanto publico que viria para assistir a diversos “pegas” diferentes.

        Fazendo varias provas num dia só, com o mesmo custo de operação da pista (bandeirinhas, bombeiros, medico, ambulância, etc). tem-se 4-6 corridas diferentes, voce tem a possibilidade de atrair muitos “pilotos” que pagariam inscrição, publico que pagaria um ingresso barato (tipo entrada de cinema), e que iria consumir agua, refri, cerveja, sanduiches, etc.

        Isso bem organizado por um Clube sem fins lucrativos, alternando um fim de semana de provas organizada com outro fim de semana de Track Day, poderia gerar uma renda razoável, que fosse suficiente para a manutenção da pista. Com o beneficio consequente de “roubar” das ruas uma bela parte do pessoal que gosta de acelerar suas maquinas.

        Me lembro de uma epoca, lá pelos anos 1971 ou 1972, em que foram promovidas provas “abertas” em Interlagos, que foram um sucesso de presença de “pilotos” (eram estreantes), com cerca de 40-45 carros por prova !!! Apareceram desde Pumas e Opalas com forte preparação, até Pumas e Opalas de rua, alguns levemente mexidos, outros absolutamente standard, com seus toca-fitas e farois de milha…..e fuscas de todos ostipos, tamenhaos e formatos….kkkkk. Pista cheia !!!

        É isso.

  • CONTINUANDO: não é preciso ser criativo, bata copiar o que é feito em muitas pistas menores, na Italia, França, Alemanha, Belgica, Espanha, etc.
    Quando voce inicia uma atividade constante numa pista, acaba atraindo cada vez mais gente, e abre-se espaço para uso da pista durante a semana, com cursos de pilotagem, cursos de direção defensiva, etc.
    Em alguns autódromos já identifica-se o uso da pista por “clubes” (na verdade, são empresas privadas) que organizam Track Days.
    Lá pelo sul tenho visto a organização de “passeios” (como se fossem ralis) de carros esportivos importados. Porque não incentivar passeios desse tipo que incluam algumas voltas numa pista ?
    Então, é só as pessoas se juntarem e se organizarem, que as coisas acontecem !!!