Campeão!

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Festa: numa virada sensacional, Matheus Leist conquista o título da renascida Fórmula 3 inglesa num ano de quatro vitórias – a última delas neste fim de semana em Donington Park

RIO DE JANEIRO – Enfim uma notícia boa, um bálsamo em meio à crise sem fim do automobilismo brasileiro. Quando teimamos em nos afundar mais e mais, sempre acontece algo que nos faz acreditar – ainda – em algo melhor. Estava eu num Shopping Center aproveitando o domingo de folga na companhia do meu filho, para ver uma comédia despretensiosa no cinema, quando fico sabendo que Matheus Leist tornou-se neste domingo o 13º piloto brasileiro na história a ser campeão da Fórmula 3 inglesa, no ano em que a categoria teve sua ressurreição.

Já falamos aqui: o conceito é diferente da F3 Europeia e de suas similares, especialmente a brasileira, japonesa e até a Euroformula, por exemplo. Os carros são mais “vitaminados” e são praticamente os mesmos da Fórmula 4, com chassis Tatuus italianos. Isso pouco importa perto do que significa ganhar um título internacional – e de virada.

Afinal de contas, Leist, piloto criado na escola da F3 Brasil, estava em 2º na tabela atrás de Ricky Collard e com um total de 95 pontos em jogo, ainda havia como virar a situação a seu favor. Deu certo: o gaúcho de Novo Hamburgo ganhou logo a primeira bateria da última rodada tripla em Donington Park  (tanto significado dessa pista para nós, brasileiros…) e Collard, o favorito, saiu no zero. Depois, o piloto da Carlin somou apenas mais 28 pontos, enquanto Leist fez 35, fruto de dois quintos lugares nas outras corridas da programação – a prova do meio, mais curta, oferece 25 pontos para o vencedor. Toby Sowery venceu as duas últimas da temporada e terminou o campeonato em 3º lugar.

Matheus Leist, que defendeu a equipe Double R Racing, chefiada por Anthony “Boyo” Hieatt, engenheiro que trabalhara anteriormente com Bruno Senna, engrossa uma lista profícua de talentos do país a desbravar e a conquistar a F3 inglesa. Tudo começou com Emerson Fittipaldi em 1969, passando por tanta gente boa até desaguar em Felipe Nasr há cinco anos, quando a categoria ainda tinha o prestígio de outrora – mas já começando a apresentar os sinais de decadência que culminariam com o encerramento do certame dentro dos antigos moldes – antes de seu renascimento, via British Racing Drivers Club (BRDC).

Que a conquista do jovem gaúcho de apenas 19 anos seja o começo de uma longa e promissora trajetória no esporte. E que esse título nos faça perceber que é possível ao Brasil voltar aos melhores dias dentro do automobilismo. Não tem sido fácil, mas não devemos desanimar. Nem a imprensa – que cada vez menos dá espaço aos motorizados (um exemplo claro são os jornalões, que só falam da Fórmula 1 – e olhe lá). Muito menos os pilotos.

E este blog dá os mais efusivos parabéns ao Matheus. Afinal de contas, o A Mil Por Hora foi um dos primeiros veículos a divulgar no país o retorno da F3 inglesa, com várias postagens ao longo do ano. Se não consegui falar como gostaria, foi porque as circunstâncias não me permitiram. Mas neste momento de alegria, não poderíamos ficar de fora dessa festa.

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