(Não) Te dá asas…

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Essa foto é de 2011, por ocasião de uma das últimas corridas no Rio de Janeiro, em que os dois Stock Car da Red Bull foram pintados de preto, representando o luto da equipe por uma decisão polêmica dos comissários da CBA. Acredito que o conjunto da obra cobrou a conta e a marca de energéticos deixa a categoria e a equipe de Andreas Mattheis após 10 anos (Foto: Reprodução Blog Bobo da Corte/Nei Tessari)

RIO DE JANEIRO – A vida e as circunstâncias ensinam que, às vezes, casamentos – que teoricamente foram feitos para ser eternos – terminam. O meu com a mãe do meu filho durou 13 anos (o que pra mim, foi uma eternidade). Outros duram muito menos do que isso. E a vida segue.

Usei essa analogia para me referir ao fim de um casamento que até durou muito dentro do combalido automobilismo brasileiro: a associação entre a equipe de Andreas Mattheis, com sede na região serrana do Rio de Janeiro e a Red Bull, que por iniciativa da marca austríaca de energéticos, chega ao fim após 10 temporadas de parceria.

Surpresa? Nenhuma.

Já tinha gente cantando a pedra da saída dos touros vermelhos do esporte a motor no país bem antes da confirmação oficial. E até que a Red Bull durou muito por aqui. Engraçado que, noutros países, notadamente na Europa e na Austrália, patrocínio de automobilismo e motociclismo sempre foi prioridade. Aqui, a marca ganhou mais visibilidade com o apoio a esportes, digamos assim, mais radicais. E acho que eles também cansaram de ver seu nome associado a tanta bagunça no esporte a motor daqui.

As recentes brigas e escândalos que tiveram sempre no centro das controvérsias o piloto Cacá Bueno, um dos mais ferrenhos críticos da gestão atual da CBA, um dos únicos pilotos que ergueram voz contra o fim do Autódromo de Jacarepaguá, cobraram a conta. Acho que a gota d’água disso tudo talvez tenha sido o caso da troca de mensagens entre comissários da entidade máxima do desporto automobilístico do país. O episódio, lamentavelmente varrido para debaixo do tapete, em mais uma pizza servida sem acompanhamentos e sem tempero, expôs o descrédito do esporte e de uma administração inepta e corrupta – que ao invés de trabalhar em prol das categorias e dos pilotos, prejudica a todos, sem exceção.

Lembram da corrida de Jacarepaguá em que os carros da Red Bull estavam de luto, pintados de preto? Lembram do Cacá soltando o verbo numa corrida em Ribeirão Preto chamando a turma toda de “imbecis”? E da suspensão que o piloto sofreu, alijando-o de sonhar com mais um título?

Sim, sei que aqui existem leitores que são admiradores e outros que são detratores do filho do Galvão Bueno. Mas ele, como já disse aqui, é um dos únicos que mete a boca. É a mosca na sopa, que continua zumbizando e abusando nos ouvidos dos incompetentes. E o Cacá vai continuar na área: já sacramentou sua permanência na categoria em 2017 como companheiro de equipe do Marcos Gomes, agora sob o auspício dos laboratórios farmacêuticos CIMED.

Já o Daniel Serra, que nunca foi campeão na Stock, mas tem pedigree, tem um futuro brilhante pela frente o esperando, lá fora. Torço mesmo para que as oportunidades apareçam e ele saiba as aproveitar. Ainda jovem e cheio de talento, ele ainda pode sonhar com o IMSA Weather Tech SportsCar Championship, no qual já fez algumas corridas neste ano, com o FIA WEC e até com as 24h de Le Mans, por que não?

E tem mais: posso estar enganado, mas a saída da Red Bull pode precipitar o fim para outras empresas, igualmente cansadas de não ter retorno ou da bagunça que impera nesse país que cada vez mais caminha para o buraco.

Comentários

  • Também acredito que a saída de um patrocinador do peso da Red Bull fará com que outros parceiros deixem suas respectivas scuderias e a Stock realmente pode ir para o buraco à médio prazo.
    Quanto aos pilotos, o Cacá realmente é o único que mete a boca na atual gestão e sua presença amarra até o vínculo com o atual pacote de transmissão televisiva, embora eu seja (e continuarei sendo…) um torcedor anti-Cacá…uma coisa nada tem a ver om a outra. Portanto, a Stock Car precisa muito mais dele do que ele da Stock Car.
    Sobre o Serrinha, torço realmente para ele conseguir um acento em algum time GT3 europeu ou até mesmo IMSA e WEC…a larga experiência em pilotar Ferrari faz dele uma excelente opção para uma AF Corse…seria fantástico.

  • Quem sabe até final de 2017 esse Catigoria istoki bolha..encerra essa picaretagem..
    Pior que ela é a caminhão usados fazendo palhaçada nas pistas..
    Esse pais não tem mais o que fazer quando o assunto é esporte motorizado..
    Nada.. parem e vão trabalhar bando de mecenas.. Petista em pele de esportistas..rssss

  • Belo texto, infelizmente não temos (mais) pilotos ou outras pessoas que realmente gostam de automobilismo ligadas ás federações e confederações, uma pena… nosso esporte querido indo para o buraco, e parece que não teremos uma luz no final deste túnel.