35 anos nesta tarde…

1981-LasVegas01-Piquet

RIO DE JANEIRO – Em 1981, um 17 de outubro como este de hoje foi um sábado. Naquela tarde, num circuito inócuo montado no estacionamento do hotel Casears Palace em Las Vegas, nos EUA, Nelson Piquet Souto Maior alcançava a maior glória de qualquer piloto no automobilismo: o título do Mundial de Fórmula 1, conquistado na garra e na raça, derrotando alguns dos melhores nomes que a categoria teve  – juntos – num mesmo campeonato.

A história nos mostra que Piquet nem de longe possuía o melhor equipamento daquela temporada. Mas fez coisas inacreditáveis num ano dos mais equilibrados, onde predominou também uma guerra surda de bastidores entre a FISA de Jean-Marie Balestre e a FOCA de Bernie Ecclestone, que quase pôs tudo a perder.

Imaginem, pois, se o GP da África do Sul que chegou a ser realizado e onde Piquet foi 2º – atrás de Carlos Reutemann – fosse considerado válido? A corrida, boicotada por Renault, Ferrari, Alfa Romeo e Talbot-Ligier, acabou por não contar pontos. Felizmente.

Piquet superou a frustração de perder o GP do Brasil diante de sua torcida – numa pista encharcada, largou de slicks na pole position, uma sugestão descabida do chefe de mecânicos Alastair Caldwell, que seria demitido após o episódio – dando um baile em Reutemann no GP da Argentina. Venceu a corrida inaugural do GP de San Marino, mas foi jogado para fora da pista por Alan Jones em Zolder, na Bélgica e errou ao tentar superar o retardatário Patrick Tambay, em Mônaco.

Aquela foi a pior fase do brasileiro no campeonato. Reutemann, numa regularidade irritante, somava pontos. Piquet, quando tinha a chance de ganhar, como no GP da França em Dijon-Prenois, foi vítima de uma patriotada: naquela oportunidade, rasgaram o regulamento para dar à Renault uma vitória em casa. É histórica a foto do pódio em que o brasileiro, puto da vida (com razão) diante de tudo o que fizeram, é mero coadjuvante na vitória de Prost.

Nelson chegou a ficar 17 pontos atrás do argentino da Williams no campeonato. Mas na reta final, Reutemann só fez um 2º lugar no GP da Itália. Piquet venceu o GP da Alemanha, foi terceiro na Áustria, segundo na Holanda, sexto em Monza (mesmo quebrando na última volta) e quinto no Canadá, o que lhe deixava apenas um ponto atrás de Carlos ao chegarem na terra dos cassinos para a grande decisão do campeonato.

Reutemann fez a pole e Piquet ficou em quarto no grid. Mas o argentino, além de uma péssima largada, fez uma corrida tenebrosa. Quando Nelson o superou, a corrida mal havia chegado à sua primeira metade. E enquanto a Williams #2 se arrastava, a Brabham #5 chegava a alcançar até o 3º lugar. Cansado pelo esforço, com torcicolo no pescoço, Piquet ainda tirou o pé no final: permitiu a ultrapassagem de Bruno Giacomelli e Nigel Mansell.

Não precisava de muito mais para ser campeão. E enquanto Alan Jones se despedia da Williams com uma vitória categórica, de ponta a ponta, o brasileiro terminava em quinto para ser campeão pela primeira vez por um único ponto de vantagem – 50 a 49.

É notório o chororô do argentino. “Perdi para o garoto que um dia limpou as rodas do meu carro”, referindo-se ao ano em que Nelson trabalhou como faz-tudo nos boxes da Brabham no GP extracampeonato realizado em Brasília.

“Limpei e até hoje ele não me pagou pelo serviço”, respondeu, com a irreverência de sempre, o gênio Nelson Piquet – um dos maiores pilotos que a Fórmula 1 teve a oportunidade de conhecer.

Reveja a corrida do histórico título de Piquet em 1981 AQUI neste post.

Comentários

  • Assisti a decisão, era jovem na época e estava com aquela copa que a Argentina conquistou em 78 entalada na garganta.
    Ai 3 anos depois me vem um brazuca, o Índio Piquet, como era chamado pela imprensa européia, ganhando um campeonato em cima de um argentino que era favorito, que tinha um carro superior, que estava na frente na pontuação , que era pole, na ultima corrida do ano e por somente um ponto!! Vibrei demais!!
    Piquet, pela sua personalidade, me lembra muito o pica pau , personagem de animação que era o meu favorito na infância.
    Interessante esta coroa de louros no pódio, condizente com o local: Caesars Palace.

  • Nasci em 1983… por isso, tenho o costume de assistir corridas que não tive a oportunidade! Essa é uma das corridas que já assisti pelo youtube!! Narração de Luciano do Valle!!!!!!!!!!!! Vale a pena…