6h de Fuji: Toyota conquista vitória épica em casa e o WEC pega fogo

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Com dezesseis segundos ganhos no último pit stop por não trocar pneus, a Toyota conquistou uma vitória épica nas 6h de Fuji, colocando fogo no Campeonato Mundial de Endurance (Foto: Gabi Tomescu/AdrenalMedia.com)

RIO DE JANEIRO – A 7ª etapa do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) foi um show. De disputas e principalmente de estratégia. Desde as 24h de Le Mans não tínhamos uma corrida tão emocionante e imprevisível. E após 244 voltas e seis horas de disputa no circuito de Fuji, com sua reta de 1,4 km de extensão e um miolo bastante técnico, a Toyota teve o prazer de mais uma vez vencer na pista de sua propriedade, para o delírio de um público superior a 50 mil espectadores.

E não foi uma vitória qualquer: a diferença na quadriculada, ao cabo de uma prova espetacular, foi de apenas 1″439 entre o #6 da trinca Kamui Kobayashi/Mike Conway/Stéphane Sarrazin e o #8 da Audi guiado por Loïc Duval/Oliver Jarvis/Lucas Di Grassi – carro que partiu da pole position e que dominou a prova até a altura da 210ª volta. No turno final, tudo se decidiu.

O que a Toyota decidiu fazer não é novidade: para derrotar a Audi e a Porsche, os japoneses decidiram não trocar pneus no último pit stop, para ganhar tempo de pista – só na parada, ganharam 16 segundos – acreditando que o carro #6 se manteria na liderança. Os quatrargólicos foram para o tudo ou nada: montaram borracha fresca no R18 e-tron quattro e tentaram buscar a vitória que parecia certa. Kamui Kobayashi sustentou com grande mérito a primeira posição e chegou ao seu primeiro triunfo como piloto da marca japonesa no WEC.

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A Audi liderou quase toda a corrida com o carro #8 que tem entre os pilotos o brasileiro Lucas Di Grassi, mas acabou derrotada pela estratégia. (Foto: Audi Sport/Divulgação)

“Foi uma boa corrida, lideramos cinco horas e meia e acabamos perdendo por menos de um segundo e meio. Acho que foi a chegada mais apertada da história do WEC. A Toyota fez um double stint no final e a gente teve de parar para trocar pneu. No final chegamos nesta distância, apesar de ter tirado bastante no final”, comentou Lucas Di Grassi.

“Acabamos encurtando em mais nove pontos a diferença para o líder do campeonato. No final das contas foi um bom resultado. O gostinho da vitória não veio por muito pouco. A gente sai com uma sensação não muito boa por ter perdido a corrida no último stint. De qualquer forma, acabamos chegando na frente dos dois Porsche, com uma corrida limpa, sem acidentes, com uma boa estratégia, um carro confiável e rápido”, disse o brasileiro, que continua na disputa pelo título a 28,5 pontos de distância para o Porsche #2 de Romain Dumas, Neel Jani e Marc Lieb a duas etapas do final.

A trinca campeã mundial formada por Mark Webber/Brendon Hartley/Timo Bernhard salvou um pódio para a Porsche numa corrida disputada em sua totalidade sem nenhuma intervenção do Safety Car – algo que não acontecia no FIA WEC desde as 6h de Spa-Francorchamps ano passado. O total de voltas percorrido é o segundo maior da história da competição numa prova de seis horas, perdendo para as 6h de São Paulo em sua última edição há dois anos, que tiveram 249 voltas em seu total.

Desde a vitória alcançada em Le Mans, a trinca Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb não vem alcançando resultados satisfatórios – o que faz a luta pelo Mundial de Pilotos pegar fogo com 52 pontos em disputa. A trinca do Porsche #2 chegou em 5º lugar e segue no topo da classificação com 140 pontos. Porém, com a vitória neste domingo, a tripulação do Toyota #6 reduziu a diferença para 23 pontos e Di Grassi/Jarvis/Duval, como dito acima, estão no páreo a 28,5 pontos dos líderes. O campeonato pega fogo!

Entre os LMP1 independentes, a Rebellion Racing levou o título por antecipação tanto como equipe quanto com seus pilotos: Mathéo Tuscher/Dominik Kraihamer/Alexandre Imperatori correram sem qualquer oposição a partir do momento em que o #4 da ByKolles teve problemas mecânicos e desistiu. Outro carro que ficou pelo caminho foi o Audi #7 de Bénoit Tréluyer/Marcel Fässler/Andre Lotterer, que teve um grave problema com o sistema híbrido do carro. A equipe tentou voltar à pista com o carro sem o MGU-H (que confere tração total ao bólido) e como o carro não é homologado para funcionar sem o sistema, a Audi foi obrigada a abandonar sob pena de uma sumária desclassificação.

Na LMP2, houve polêmica na disputa pela vitória: a G-Drive Racing derrotou a RGR Sport by Morand e finalmente chegou ao primeiro lugar após seis corridas repletas de dissabores. Mas não sem uma pequena dose de controvérsia, já que para ultrapassar o Ligier JS P2 da equipe adversária, o britânico Will Stevens utilizou-se de uma manobra claramente irregular. O piloto cedeu novamente a posição para o carro #43 guiado por Bruno Senna nos instantes finais e voltou à carga: numa manobra aí sim legítima, Stevens deixou o brasileiro para trás e levou o Oreca 05 Nissan #26 ao triunfo tão desejado por apenas 1″398 na quadriculada.

Nicolas Lapierre/Gustavo Menezes/Stéphane Richelmi consolidaram a situação de liderança da Signatech-Alpine com o carro #36 chegando em 3º lugar na divisão, logo à frente de Sean Gelael/Antonio Giovinazzi/Giedo Van der Garde, que fizeram bela prova a bordo do #30 da Extreme Speed Motorsports.

Uma volta atrás dos vencedores, terminou o #31 de Pipo Derani/Ryan Dalziel/Chris Cumming – mais uma vez prejudicado pela falta de ritmo do piloto canadense da Tequila Patrón ESM. Com os 10 pontos somados, a trinca está em 4º lugar no campeonato de pilotos da LMP2 – e já sem chances de almejar o título. A disputa está polarizada entre o trio da Signatech-Alpine e os pilotos da RGR Sport by Morand, separados por 38 pontos.

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Harry Tincknell/Andy Priaulx conquistaram de fato e direito a primeira vitória da Ford no WEC – cabe lembrar que o triunfo nas 24h de Le Mans foi da equipe dos EUA, que corre na IMSA (Foto: Gabi Tomescu/AdrenalMedia.com)

Na LMGTE-PRO, a Ford confirmou o favoritismo e levou de vencida as 6h de Fuji em dobradinha: o carro #67 guiado por Harry Tincknell/Andy Priaulx foi o responsável pela primeira vitória da marca estadunidense no FIA WEC. A dupla completou 212 voltas com 15″506 de vantagem para os companheiros de equipe Olivier Pla/Stefan Mücke, autores da pole position na divisão e que não puderam lutar pela vitória após uma rodada do francês na altura da 4ª hora da disputa.

A AF Corse levou as posições seguintes, com Gianmaria Bruni/James Calado conquistando o pódio e Davide Rigon/Sam Bird em quarto, com o mesmo número de voltas dos três primeiros. Com o resultado na corrida do Japão, a dupla do carro #71 reduziu para 10 pontos a diferença que os separa do “Dane Train” formado por Nicki Thiim e Marco Sorensen, que fecharam a disputa na quinta colocação, à frente de Darren Turner/Richie Stanaway e Richard Lietz/Michael Christensen.

Já na LMGTE-AM, a Aston Martin Racing conquistou uma vitória das mais tranquilas: o #98 de Pedro Lamy/Mathias Lauda/Paul Dalla Lana recebeu a quadriculada com uma volta de vantagem para a Ferrari #83 da AF Corse e duas à frente do Porsche #78 da KCMG. A quarta vitória do trio do construtor britânico os mantém com esperanças de conquistar o título – já que restando duas provas para o fim do campeonato, a diferença é de 33 pontos para Emmanuel Collard/Rui Águas/François Perrodo.

Comentários

  • Audi perde tempo demais nos boxes. Fica difícil ganhar desse jeito com uma concorrência tão acirrada. Ainda acho que a trinca do 2 leva com alguma foga o campeonato, único problema vai ser o jogo de equipe que a Audi e Toyota devem fazer.

  • Acho que na LMP1 leva o Porsche 2 (torço para). Na LMP2, Signatech-Alpine #36. Na LMGTEPro a coisa tá em aberto, pois apenas dez pontos separam primeiro e segundo colocados. Na LMGTEAm, o trio da Ferrari 83 deverá levar tranquilamente.