Rebellion troca LMP1 pela LMP2

AUTO - WEC TESTS AT PAUL RICARD 2016
Inviável: a Rebellion Racing não conseguiu fechar questão sobre a permanência na classe LMP1 do Mundial de Endurance e a decisão é “cair” para a LMP2 em 2017

RIO DE JANEIRO – Péssima notícia para a FIA e o ACO, que implantaram um novo regulamento para a temporada 2017 no Mundial de Endurance visando um maior envolvimento de equipes não-oficiais: a Rebellion Racing anunciou hoje que vai bater em retirada da classe principal do WEC após o término do campeonato deste ano, no Bahrein.

Os helvéticos, cuja sede do time é na Grã-Bretanha, reduziram a força-tarefa após as 6h de Nürburgring de dois para um carro, com o objetivo de adequar o protótipo R-One às novas regras. Não houve viabilidade econômica e tampouco técnica, já que não houve acordo para um novo fornecedor de motores a tempo de satisfazer as exigências. A equipe pesou os prós e contras e o argumento é compreensível: melhor ganhar corridas na LMP2 do que ser figurante na LMP1 e contar com eventuais quebras dos carros de fábrica inscritos por Audi, Porsche e Toyota.

Na verdade, até que neste ano a Rebellion teve bons resultados: conquistou dois pódios na classificação geral em Silverstone e Spa-Francorchamps. E em sua recente trajetória nas 24h de Le Mans, chegou em 4º lugar duas vezes, o que é um ótimo resultado considerando a superioridade dos protótipos com sistemas híbridos e construídos com um orçamento pelo menos seis vezes maior que o dos suíços.

A mudança para a LMP2 está confirmada, mas Bart Hayden, diretor da Rebellion Racing, não indicou qual o caminho que a equipe irá seguir. Como opção de chassi, os suíços têm a Oreca como escolha natural pela parceria recente na construção do LMP1 que estreou em 2014. Mas é claro que Onroak Automotive, Dallara e Riley/Multimatic não perderão a chance de tentar mais um cliente para suas carteiras.

E o discurso de Hayden indica que não é impossível uma participação do time em algumas provas do IMSA Weather Tech SportsCar Championship após a mudança confirmada nesta quinta-feira.

Apesar da notícia pouco auspiciosa para a FIA e para o WEC, a ByKolles Racing confirmou seu compromisso de permanecer na divisão principal sendo assim – por enquanto – a única equipe independente confirmada na LMP1 em 2017.

“É uma pena para a categoria”, confirmou Boris Bermes, Team Principal da ByKolles. “Mas, de forma alguma, a notícia afeta os nossos planos”, concluiu.

A Rebellion estreou como equipe de LMP1 em 2009, com o modelo Lola B08/80 dotado de um poderoso motor Aston Martin V12 6 litros. Depois, migraram para unidades Judd 5,5 litros rebatizadas com o nome da equipe, passando já no WEC às unidades Toyota RKV8 LM 3,4 litros e, mais recentemente, ao motor AER P60 V6 biturbo.

Comentários

  • Pra mim é um caminho natural e lógico, hoje Rebelion e Bykolles não são nem LMP1 nem LMP2. Ficar correndo nessa LMP1,5 é vergonha alheia, maior prova disso é a cara do Nelsinho Piquet no pódio de Le Mans esse ano, após “vencer” a divisão de não híbridos, chegando pra lá do trigésimo lugar. Como não dá para competir satisfatoriamente nessa divisão, nada mais sensato que ir para uma aonde uma vitória verdadeira é viável.
    Minha torcida é para que mais montadoras se juntem as três grandes na divisão principal, elas sim tem condições financeiras de manter o negócio é desenvolver a performance

    • Pois é, Claudio. Mas para isso acontecer, os custos não podem disparar de forma obscena. É o que impede, por exemplo, a volta da Peugeot. Carlos Tavares, CEO da montadora francesa (leia-se grupo PSA), garante que isso poderá acontecer. Desde que o ACO trabalhe para que o orçamento não atinja um teto demasiadamente proibitivo para os fabricantes se interessarem em construir protótipos e desenvolver assim novas tecnologias.

      • É compreensível ver Peugeot, Renault e Nissan sem motivação comercial para desenvolver um projeto inteiro de LMP1. A Nissan foi ambiciosa demais com o GT-R LM mas, se as reportagens estiverem mesmo corretas, o protótipo seria viável se o sistema híbrido não tivesse torrado desde os testes.

        Me parece que a Mercedes-Benz e Fiat (com marcas como Ferrari e Alfa-Romeo no plantel de empresas) não projetam um LMP1 por desinteresse, quase desdém pela categoria.

  • Realmente faz muito mais sentido correr em uma P2 mais rápida e tecnicamente irmã da classe rainha da IMSA do que continuar em uma disputa fantasma.

    Vejo como bastante viável o regulamento DPi no WEC no futuro próximo, principalmente se essa se mostrar realmente mais veloz que a P2 e preencher o espaço que ocupado agora por Kolles e Rebellion de uma maneira bem menos cara.

    Aliás, em 2017 poderia rolar uma briga boa na P1L se alguma equipe menor comprasse os atuais carros da escuderia helvética.

    • Essa equipe teria que adaptar os Rebellion R-One ao novo regulamento. Ou seja: assumir a tarefa que os próprios suíços julgaram inviável de assumir e executar.

      • É mesmo, me esqueci do fato de que o regulamento P1L muda já no ano que vem.

        Bom, dado esse panorama e o histórico da equipe, é muito provável que nem Kolles tenhamos, isso sim.

  • “Rodrigo, você que sempre cobre categorias de endurance e protótipos, já ouviu falar no “V de V endurance series”? (www.vdev.fr/category/gt-touring-cars-lmp3-endurance) É um dos campeonatos de endurance quem mais cresce na Europa, com várias equipes do ELMS correndo lá em várias classes como LMP3, GT, etc.. Pergunto porque procurei alguma matéria aqui no seu blog mas não encontrei nada sobre o assunto. Gostaria muito de ver algo seu sobre isso. Obrigado”

    • Oi André! Realmente eu adoraria muito escrever mais sobre o VdeV. Quem sabe em 2017 não tem postagens sobre todas as corridas? O campeonato tem etapa nesse fim de semana em Magny-Cours e depois em novembro, no Estoril. E foi do VdeV que veio o quadriamputado Fréderic Sausset, que nos emocionou em Le Mans.

      • Boa Rodrigo, espero mesmo ver notícias da categoria, pois como acompanho de tudo, até arrancadão, gostaria de ver notícias e sei que você acompanha também. Alguma chance de pintar brasileiro por aí?!

  • Rodrigo, boa tarde

    Seria possível fazer um “caderno” com as divisões de categorias, pois tem hora que fico perdido.
    Os carros que correm no WEC são diferentes dos que correm nos EUA, apesar de parecem “iguais”
    Por favor, me tire dessa enrascada

    um abraço

    Foster Móz
    Campinas – SP

    • Boa.
      Seria legal mesmo um guia com as diferenças técnicas entre WEC e IMSA e também entre os carros de GT3 do Blackpain e das classes de GT do WEC e do IMSA.

      Uma pena a saída da Rebellion do LMP1, era o carro mais lindo da categoria. Como dito por muitos aqui, a FIA e ACO devem ver esses custos dos LMP1-HY porque estão impedindo a entrada de novas montadoras. Endurance sem montadoras francesas envolvidas, dada a grande tradição deles nisso, é quase uma ofensa!

  • Muito bom para Rebellion, nunca entendi por que eles e o ACO\FIA insistiam tanto nessa subdivisão sem pé e sem cabeça. Espero que a ByKolles reveja a sua posição e faça o mesmo.

  • “Menos auspicioso” é um eufemismo.
    Torço pra Rebellion desde que me apaixonei pelos Lola B08/80 com pintura preta e dourada da Lotus.
    Taça até engolindo o vermelho atual, mas agora não tenho mais pra quem torcer no WEC.

  • Opinião minha: penso que a LMP1 deveria ser somente para equipes de fábrica e deixar a LMP2 para “independentes” ou clientes. Ex: se eu quiser montar uma equipe e quiser um carro da Porsche, por exemplo.

    Só me tira uma dúvida, xará: o regulamento LMP2 do WEC é igual a todos os outros LMP2 que existem por aí? Vai ser igual ao DPI? Li uma vez que a FIA, o ACO e todos os envolvidos queriam “padronizar” as divisões para facilitar a entrada em várias categorias, barateando os custos para tal. Ex: equipe que corre no WEC e que poderia correr algumas na IMSA, ou na ELMS…

    Aliás o Blancpain GT poderia entrar nessa “leva” de regulamento, também?? Ou a categoria em si não tem nada a ver com as categorias endurances?

    Abraço!!

    • Sim, os regulamentos das classes são universais, acho apenas que existe uma diferença entre os GTLM da ACO (WEC/ELMS) e os da IMSA.

      A partir do ano que vem, os P2 passarão a correr todos com o mesmo motor e com chassis de vindos obrigatoriamente de 4 fabricantes, já os DPi serão estes mesmos chassis, mas com escolha livre de motor, que obviamente obedeçam ao regulamento, e o uso de kits aerodinâmicos específicos.

      No caso da P2 é completamente possível uma equipe correr qualquer um dos 4 campeonatos (IMSA, WEC, ELMS e Asian Le Mans Cup), por exemplo. Isso acontecia até um tempo atrás com os P1 também.

      Os carros da Blancpain são todos GT3, uma graduação abaixo dos GTE/GTLM que originalmente eram conhecidos como GT2. Existem dezenas de campeonatos ao redor do mundo que usam carros dessa classificação.