Direto do túnel do tempo (348)

 

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RIO DE JANEIRO – Essa é daquelas fotos em que podemos dizer que é parte dos bons tempos do automobilismo brasileiro. Curva Sul do Autódromo de Jacarepaguá (que saudade…), ano de 1981. Início da Fórmula Fiat, criada para suprir o fim da Fórmula VW 1300. O fluminense (de Nova Friburgo) Jean-Pierre Calvignac, com seu monoposto patrocinado pelas Fechaduras Haga começa a desenhar a trajetória de um dos pontos mais emblemáticos do circuito inaugurado em 1977 e extinto de forma cruel em 2012.

Calvignac foi um dos grandes kartistas de sua geração e o saudoso Maqui-Mundi, aqui na Barra da Tijuca, foi o cenário de vitórias e títulos do piloto que logo entrou nos monopostos. Fez a Fórmula VW 1300 e com o fim do campeonato, não só ele como muitos outros pilotos ficaram órfãos de alternativas. Mas a Fiat salvou a pátria e rapidamente veio à luz uma série de Torneios pra se disputar antes do Brasileiro, que teve seis etapas – duas rodadas duplas em Tarumã, Rio de Janeiro e São Paulo. O primeiro semestre era todo ocupado pelos Torneios Rio-São Paulo, Paulista e Carioca. Os grids tinham um bom número de carros e havia o apoio da Coca-Cola – sem contar os prêmios de largada. O rateio era de Cr$ 1 milhão. Dava pra comprar dois Fiat 147 zerinho com essa grana.

Lembro que os regionais foram quase todos dominados pelo Victor Marrese, que tinha apoio do Banco Safra. Mas que o campeão brasileiro de 1981, no fim das contas, seria um ex-kartista chamado Maurício Gugelmin, catarinense radicado no Paraná e que logo migraria para o exterior. Notem que o monoposto do Calvignac, como quase todos os outros F-Fiat naquele ano, tinha uma liberalidade: a suspensão dianteira era de VW, o que foi permitido como um paliativo para os campeonatos serem realizados e os pilotos não ficarem a pé.

Aquela turma da F-Fiat egressa da F-VW 1300 era boa. Tinha, além do Jean-Pierre, do Marrese e do Gugelmin, gente como Décio “Graxinha” Bellini, o pernambucano Antônio Teixeira, Ricardo “Gliesp” Garcia, Luiz Carlos Vilmar Júnior, José Eduardo David,  outro José Eduardo – o Ávila, Luiz Scarpin, Paulo Sato, o saudoso Nelson Balestieri e outros que a memória hoje não recorda. Mas a categoria não vingaria. Acabou em 1984.

Naquela mesma época, o Calvignac já tinha feito as malas e ido embora, tentar a sorte no automobilismo internacional. Correu na França, mas depois, por falta de verba, não levou a carreira para a frente. Hoje, ele mora em São Paulo e vira e mexe posta fotos dos bons tempos da F-Fiat e da F-VW 1300 no Facebook.

Há 35 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • É sempre bom, no meu caso, conhecer as boas histórias do nosso querido Autódromo de Jacarepaguá . Comecei a frequentar nos anos 90 nas arquibancadas e nos boxes quando dava. Ainda me lembro antes disso quando ia assistir às corridas junto com meu Pai nas arquibancadas de madeira, lembro que tinha corridas de tudo no mesmo dia, carros e motos mais de uma categoria e grid cheio.
    Ele queria me levar para o Maracanã mas eu sempre queria ir para o Autódromo.

  • Olá Rodrigo, pesquisei no blog mas não encontrei nada sobre o piloto Celso Lara Barberis.

    Ele teve o nome em uma rodoviária na minha cidade (Fartura-SP), rodoviária que hoje não existe mais, parece que a família dele morou por lá algum tempo. Depois de muito tempo, coisa de 2000 prá cá eu vim saber sem querer que ele foi piloto, inclusive vencedor das 500 Milhas de Interlagos.

  • Desculpe-me Rodrigo ; mas não acho que Jacarepaguá não foi destruído de forma cruel ,mais sim de forma “Escandalosamente Safada” praticado por gente ordinária que só pensa nas vantagens pessoais que um cargo público pode dar. Pobre eleitor que por boa fé ou ignorância continuam a votar em gente como essas , que quebraram o lindo estado do Rio de Janeiro, da capital aos municipios

  • Fiz parte da história do automobilismo carioca assim que começou em 1973 corri pilotando um fusca 1969 era do meu saudoso amigo Nelson balestieri , ele foi preparado na oficina de balestieri .