O pior dia da minha vida

RIO DE JANEIRO – Amigos e amigas que leem este blog todos os dias ou de vez em quando, por favor, peço um pouquinho da atenção de todos vocês que estão aí nas suas telas de computador, tablet ou celular. O que se segue abaixo são palavras. Nada mais do que isso.

Quem me conhece sabe. E quem não me conhece, passa a conhecer.

Eu morro de medo de andar de avião.

Sério: prefiro uma viagem de carro ou de ônibus do que andar naquele treco de metal, pesado pra baralho – mais do que o ar, mais rápido que qualquer carro de corrida e que te leva a lugares nunca antes imaginados em um curto espaço de tempo.

Não consigo ter um voo tranquilo, por mais bonito que esteja o tempo.

Qualquer solavanco pelas nuvens e lá estou eu rezando pra não ser levado junto com todos os outros passageiros. Já pediram pra eu imaginar que estou passando por uma estrada cheia de buracos. Como se fosse fácil pensar nisso a 8 mil metros de altitude.

Poucos foram os voos em que dormi.

Em alguns até me distraí, mas na maioria, sempre viajei com medo, com muito medo de ir embora e não ver mais meu filho, minha mulher e minha mãe – as três pessoas que mais amo neste mundo.

Acho incrível que, com tanto cagaço, eu tenha conseguido conhecer Milão, Valência, Madri, Buenos Aires e Santiago do Chile. Sem contar Brasília, Curitiba, Campinas, São Paulo e, recentemente, Londrina.

Na sexta-feira passada, tive um voo cancelado por inspeção de aeronave. Praguejei contra a Gol Linhas Aéreas, achei um horror o tratamento dispensado a mim e minha mulher, que incluiu não só um voo noutra companhia como também um voucher de R$ 50 reais para cada um de nós dois, a título de comer alguma coisa no aeroporto. A magnânima Gol também quis oferecer transporte do Aeroporto de Londrina para o hotel – o que recusamos. Alugamos um carro, precisávamos nos virar sozinhos. E ontem vi que eles querem colocar 2 mil milhas no meu Smiles. “Tinham que pôr 20, 30 mil e não essa merreca”, pensei ontem.

Mas aí eu hoje tive a dimensão do quanto aquilo tudo que me ocorreu na sexta-feira junto com Gleice não foi nem um cisco, perto da tragédia da Chapecoense na Colômbia.

De segunda pra terça, dormi cedo porque pela escala tinha que começar a preparar matérias para um especial de fim de ano sobre a Nascar. Então, meia-noite e pouco, despertador programado para 8h30, fui pra cama. Mas dormi mal, confesso. Passei uma noite daquelas em que me virava de um lado pro outro e não conseguia ter um sono tranquilo.

8h35 da manhã, levanto da cama e acabo com o barulho chato do despertador – que está no celular. Vou às postagens. Muita coisa de Facebook e Twitter. Passo batido. O que vejo é uma mensagem de minha mulher, escrita por volta de 6h50, no Messenger.

“Viu que caiu o avião da Chapecoense?”

Lógico que não. Como saberia? E logo liguei a televisão e fui buscar notícias.

Nada boas.

Terríveis.

Não eram só os jogadores, dirigentes e comissão técnica na aeronave. Havia colegas de trabalho, jornalistas. Não só de outras emissoras. Tinha gente do Fox Sports no voo.

E aí começou o pior dia da minha vida.

O mais triste que vivi em 20 anos de profissão, incluindo o período de estágio no finado JB em 1996.

Numa só tacada, o destino ceifou seis queridos amigos de todos no canal em que trabalho. Lilácio, o Jumelo, grande coordenador de externas; Rodrigo Santana, um dos mais promissores repórteres cinematográficos; o querido Victorino Chermont, com suas pilhas e polêmicas envolvendo Piquet e Senna, sempre provocando; Mário Sérgio Pontes de Paiva, ídolo de infância do escriba, craque na Máquina Tricolor de 75 e de grandes outros esquadrões, sincero, polêmico e, quem diria, um cara espetacular; Paulo Júlio Clement, tricolor de quatro costados, fera do jornalismo impresso, radiofônico e televisivo; e o narrador Deva Pascovicci, de vozeirão tremendo e bordões (PREEEEPAAAAARE-SE!) herdados do rádio, sua grande paixão.

Deva que, aliás, arrepiou todo mundo com a narração de uma defesa importantíssima de Danilo na semifinal em que a Chapeterror (como meu filho Bruno gosta tanto de falar) eliminou o time do Papa Francisco, o San Lorenzo. E quem não gostava da Chape, passou a gostar. Até eu, que vejo meu Fluminense jamais derrotar o destemido Índio Condá, com sua flecha certeira, já me via torcendo nesta quarta-feira pelo time catarinense na decisão da Copa Sul-Americana, perante o Atlético Nacional de Medellín.

Mas não vai ter mais jogo.

Não há mais vidas.

Não há gols a serem gritados pelo Deva ou por quem quer que seja.

Quer dizer, vidas há: sobreviveram seis em meio àquela tragédia. Três jogadores (Alan Ruschel, Neto e Follmann), o jornalista Rafael Henzel – que conheci quando ainda estava no SporTV – e dois integrantes da tripulação, por sinal os mais lúcidos, ao que se saiba.

Nossos colegas de Fox Sports, os companheiros de profissão de veículos de rádio, do Globoesporte.com, da TV Globo, se foram.

A comissão técnica da Chape também. Dirigentes, jogadores, quase todos.

E neste 29 de novembro de 2016, morremos também um pouco com todos eles.

Mas eu vi renascer, no choro e no sofrimento, a esperança. Vi renascer a solidariedade. Vi renascer a vontade de que as pessoas se unam e deixem de ser menos egoístas, egocêntricas e principalmente odiosas no pensamento e atitudes.

Hoje não teve briga pela audiência e sim um trabalho hercúleo de todos os veículos para trazer informação ao seu público cativo. O Fox Sports fez um Central Fox que ficou no ar de 6h à meia-noite. Não é fácil…

Teve respeito e comiseração pela tragédia humana. Famílias inteiras choram a dor da perda de seus entes queridos.

Quantos filhos perderam seus pais… penso no Théo, o filhote do PJ, no Vituzinho, o guri do Vitu… o Rodrigo tinha também filhos, o Deva, o Mário Sérgio… sem contar a turma da Chape e os demais colegas de profissão.

É uma tragédia que não consigo dimensionar. Até porque os nossos seis colegas que se foram eram meio parte da minha família. O Fox Sports é a extensão da minha vida e às vezes passo mais tempo lá, trabalhando, do que na minha própria casa curtindo meu filho ou namorando minha mulher. Ou fazendo um carinho na minha fã #1, a minha mãe, que está perto dos 80 anos.

Por isso visto o preto do luto. Por isso me comovo, me entristeço. Choro e sofro.

Igual ao mundo inteiro, que se comoveu, se entristeceu, chorou e sofreu.

Chorei muito neste dia. Várias vezes. Com todas as lembranças e homenagens. O Tatá (Octávio) Muniz fez um vídeo comovente no Facebook lembrando do Mário Sérgio e do quanto ele foi ajudado pelo nosso “Vesgo” quando perdeu o emprego na Band.

E, mesmo com tudo isso e depois de tudo isso, agradeço – de coração – por estar aqui.

No fim de semana fiquei revoltado, vocês viram, por conta de um voo perdido. Cheguei seis horas depois. Sim, cheguei bem. E voltei bem, apesar de todos os contratempos.

Os meus colegas, os demais jornalistas, a delegação da Chape… ah! Esses também chegaram.

Estão lá em cima, nos guiando. Serão mais algumas estrelas lá longe.

E, certamente, espíritos de luz.

Boa noite a todos.

Comentários

  • Belíssimo texto, comovente, Rodrigo. Uma síntese da dor que atingiu a todos nós, que amamos esporte, hoje. Mais ainda prá você, que conheceu e conviveu com alguns dos que partiram.
    Me identifiquei com você. Sempre tive medo de avião, nunca fiquei à vontade naqueles cilindros com poltronas. Por força do destino e do trabalho, fiz centenas de vôos na vida, atravessei várias vezes esse país e outros continentes. Me acostumei, mas ficar totalmente relaxado, nunca.
    Minha mulher nunca entendeu como eu podia relaxar dentro de um kart de corrida, até dormir antes de uma largada, mas não num avião. Não é lógico, mas é assim. Acho que talvez seja porque você, como passageiro, não tem controle nenhum sobre aquele troço. E talvez seja porque, embora raramente caiam, quando um cai é devastador. Como agora.

    • E eu vou te dizer uma coisa, Alvaro… Nunca me senti tão seguro quanto estive nas duas vezes em que andei de carona com Ricardinho Maurício e Max Wilson em Porsches de corrida, andando a 253 km/h em Interlagos.

  • Também fiquei tenso nos dois únicos voos que fiz na vida, de São Paulo a Porto Alegre. E lamento por todos, jogadores, dirigentes, equipes…. Um abraço e torcemos juntos!!!

  • Tenho acompanhado a tragédia da Chape pelos noticiário da TV e da internete e o seu texto, Mattar, é a coisa mais lúcida que eu li sobre o assunto. Sem firulas e com muita emoção.
    Um abraço com respeito
    JCS

  • Quando viajo de avião (foram apenas duas vezes, à Brasília) só consigo pensar nas estatísticas e isso acaba me confortando um pouco e acabo esquecendo o medo, preferindo me maravilhar pela vista lá do alto.

    Quanto a essa tragédia, houve em mim um grande misto de emoções durante todo o dia de ontem. Espanto, estupefação, pena, pesar, tristeza e comoção. Meus olhos marejaram por diversas vezes enquanto lia, ouvia ou assistia ao noticiário. Seja por conta das vidas que se perderam, pelos sonhos da Chapecoense de conquistar a América que se foram…

    Mas disso tudo, também me trouxeram lágrimas aos olhos as diversas demonstrações de solidariedade, do Atlético Nacional, da Conmebol, de jogadores, dos clubes brasileiros, de toda a imprensa em geral e da população como um todo.

    Mas penso se toda essa solidariedade em torno da Chape não poderia ser vivida no dia a dia. Será que o pensamento em como nossa vida é frágil e em como nossos sonhos podem ser destruídos assim, sem mais nem menos, não poderia ser razão mais que suficiente para evitar que pessoas se comportassem como bestas dentro e ao redor de estádios? Não seria possível a seres humanos poderem assistir a um jogo de futebol sem que tenham que ser separados como animais em jaulas para que não se matem?

    Sou sãopaulino e, se fosse dirigente do clube, colocaria o escudo da Chape na camiseta do SPFC no ano que vem, que seja com as cores do São Paulo, mas deixaria lá como uma homenagem a esse clube e todos aqueles que se foram. E, a partir daí, uma miniatura de seu escudo na manga da camiseta “ad eternum”.

    Grande abraço e aceite meus sentimentos por essa perda. Já perdi companheiros de trabalho e imagino a dor que esteja sentindo.

  • Sonhos
    Vinte e nove de novembro de dois mil e dezesseis,quantos sonhos de foram com a queda do avião que levava infinitos sonhos de vários corações,como não imaginar a alegria de todos os integrantes,sejam do clube ou dos profissionais de imprensa que sempre sonharam estar vivendo aquilo.
    Sim senhores sonho de todos,como não se emocionar e sentir essa dor mesmo sem conhecer pessoalmente nenhuma daquelas pessoas,mas saber que elas partilharam em algum momento da vida delas dos mesmos sonhos de quase todos que gostam de esporte e mais particularmente do nosso querido futebol.
    Sim sonhos, quem de nós que nunca nos pegamos quando criança sonhando em ser jogador de futebol e conforme vamos crescendo e nos damos conta da nossa falta de habilidade para ser jogador e pensamos como estar nesse meio tão lúdico e encantador.E só vemos o lado bom das coisas,imagino quanto sufoco que passam para poder exercer esse serviço.Não consigo imaginar um só profissional que trabalhe com esporte que nunca sonhou em ser um no meio dos seus ídolos,suponho que seja isso que os levam a caminhar nesse caminho.
    Como não sonhar em estar sempre lidando com uma paixão e não poder se expressar nestes tempos de patrulha por redes nem tanto sociais,por isso imagino a dor dos profissionais que perderam amigos nesta tragédia,é aquele amigo que você podia zoar durante os jogos ou na resenha depois dos jogos,nas vezes que tem que meio que clandestinamente apresentar o futebol a seus filhos(quantos tem que se esconder para poder levar os filhos ao estádio sem paracer uma “afronta” aos haters;quem nunca experimentou que experimente essa sensação única que é levar seu herdeiro para o celeiro de emoções que é uma partida de futebol,as amizades que pulam as barreiras da instituições em que trabalham,que as redes “não-sociais” querem transformar em rivais.
    Redes sociais,que belo instrumento para nós temos contato mais de perto com as pessoas,quem de nós que nos aproximamos de pessoas que nem conhecemos por meio das redes,embora esteja cada dia mais difícil de utilizá-las e nesse dia de dor fomos atingidos mais de perto por essa dor,por esse aperto no coração de saber de tantos sonhos ficaram pelo caminho.
    Deu vontade de abraçar cada profissional que perdeu um amigo e teve que seguir na cobertura da tragédia.
    Que não deixemos esses sonhos morrer…

  • Xará… meus mais profundos e sinceros pêsames. Embora eu nunca tenha viajado de avião, compreendo o seu lado e, agora, mais ainda.

    Nunca é fácil assimilar a morte de conhecidos, ainda mais sendo estes colegas, amigos.

    Que Deus dê força, paz e luz a você e a todos.

  • Boa tarde a todos…

    Sempre leio o blog, mas acho q comentei umas 2 ou 3 vzs…

    Me identifiquei com vc no medo de voar… O trecho q vai de…
    “Sério: prefiro uma viagem de carro ou de ônibus do que andar naquele treco de metal, pesado pra baralho…
    Qualquer solavanco pelas nuvens e lá estou eu rezando pra não ser levado junto com todos os outros passageiros. Já pediram pra eu imaginar que estou passando por uma estrada cheia de buracos. Como se fosse fácil pensar nisso a 8 mil metros de altitude. ”

    É exatamente como me sinto… E olha que só voei, até hoje, p/ POA, um pouco menos de 2h de vôo…
    Sento na poltrona, afivelo o cinto e só abro qdo o avião está, em segurança no destino…

    Além disso tenho um pensamento mórbido qdo está descendo… Fico vendo o mapinha dizendo a altitude e qdo está perto, penso q se acontecer algo, ainda dá para sobreviver…

    ==

    Enfim, só podemos lamentar o acontecido e rezar para que as famílias, amigos, tenham força nesse momento.
    .

  • Rodrigo,

    Todos nos comovemos com esse acidente, tão estupido quanto desnecessário (vamos esperar as analises dos órgãos especializados em acidentes aéreos, mas afirmo quase que com certeza de que veremos o quão desnecessário ele foi).
    Desde cedo em função da paixão pelas maquinas, tive um grande interesse pelos aviões. Depois de graduado em Engenharia Mecânica, aprendi bastante sobre eles. Mesmo assim, gostando e conhecendo mais do que a maioria das pessoas, desenvolvi um medo patológico de voar !!! Meu avo paterno era aviador da primeira hora, brevet n. 97 do Brasil, pioneiro da aviação, vencedor do primeiro circuito aereo do DF (Rio), nos anos 30, e introdutor das aeronaves de asas rotativas na America Latina (o autogiro, digamos que fosse um precursor do helicoptero). Mas meu pai e minha mãe tinham pavor de voar, e acho que eles inocularam esse medo em mim.
    Voo todas as semanas, pelo menos 4 trechos por semana. Me acostumei a voar, mas o medo tá ali, sempre presente, ao menor sinal de condições adversas: mau tempo, turbulências, aeroportos fechados, ou até mesmo barulhos esquisitos na aeronave.
    Dormi com a TV ligada e acordei as 5h da manhã. Apesar do sono pesadíssimo que eu tenho, abri os olhos a simples menção de acidente aéreo, na TV. A partir dai acompanhei todo o noticiário, falei com amigos que são pilotos, entrei seguidamente no Fórum de Aviação que frequento (Contato Radar). Não consegui trabalhar ontem: Desde de o primeiro momento, a hipótese de pane seca me atormentou. Sabia do alcance reduzido da aeronave, Depois as noticias sobre o balanço entre vivos e mortos foram mexendo com meu inconsciente, e isso durou todo o dia.
    Apesar de não ser fanático por futebol (meu negocio, desde guri sempre foi o automobilismo) acabo assistindo a um jogo ou outro. E assisti aos dois jogos recentes da Chape pela TV, ao menos em parte. Fui me acostumando aos nomes dos jogadores. Era triste imaginar que agora estavam quase todos mortos. A gangorra das informações me incomodava: tá morto, tá vivo, tá vivo, está mal, etc… Se a mim incomodava, eu ficava imaginando que aos familiares e amigos devia torturar !!!
    Dia terrivel. Depois da noticia de que não havia mais sobreviventes, veio a lista: E ver nomes conhecidos na lista, incomodou mais ainda: Victorino Chermont, Deva Pacovicci, Mario Sergio, puta que pariu !!!
    Eram teus conhecidos, teus amigos, esses e outros. Mas pra nós não eram estranhos, posto que entravam nas nossas casas via TV, e acabaram tornando-se “amigos”….de uma forma diferente, mas eram amigos ! Estávamos acostumados a presença deles na telinha. Dos apresentadores, comentaristas, do técnico, dos jogadores.
    Eu também me sinto mais seguro dentro de um carro em alta velocidade, do que em qquer outro meio de transporte, até mesmo elevador !!!! Mas me sinto seguro se EU estiver guiando. Ou se o “piloto” for alguém de quem eu reconheço a habilidade, e confio na responsabilidade.
    Coloque a mim, e certamente a voce, dentro de um carro guiado por alguem de quem não se conhece o padrão de habilidade, não sabe se é responsável ou não, coloque uma venda nos olhos, e receba a informação de estaremos trafegando em alta velocidade por estrada desconhecida, logico que vamos sentir muito medo. E é esse medo que sentimos de voar: não sabemos quem é o piloto, não vemos a “estrada”a frente, estamos totalmente incapacitados de qualquer interferência com o voo, de mão atadas, aguardando apenas chegar ao nosso destino. Que pode ser não chegar a lugar nenhum….
    A tragedia nos deu a dimensão de quão transitória é a vida humana.
    Mas essa tragedia também nos ofereceu grandes exemplos de solidariedade humana, mostrando que nem tudo está perdido nesse planetinha atormentado. Num jogo de futebol na Inglaterra, os jogadores se deram as mãos em torno do círculo central, e a torcida respeitou o minuto de silencio proposto, de uma forma que no Brasil não respeitaríamos. Vimos vários outros exemplos bonitos.
    Mas a dor da gente não passa. Certo que nos acostumaremos a ela, mas sempre vamos lembrar dos que se foram.
    Que seja possível que nossos amigos estejam bem, em uma outra dimensão. Que restem em paz aqueles que sofreram as perdas mais diretamente do que nós.
    Abraços

    Antonio

  • Rodrigo, não consigo nem imaginar a dor que está sentindo. Mas desejo-lhe toda a força para seguir em frente.

    E voce ja viu ou leu sobre o medo do saudoso Ariano Suassuna sobre voar de aviao? é genial!

    abraÇos

  • Boa tarde Rodrigo. Não esquente com o seu medo de avião, estas coisas desafiam a lógica, e nossas quimeras nunca acompanham as regras estatísticas ou de bom senso. Sentimos o que sentimos porque sentimos e pronto. Já vivenciei algumas tragédias, com ou sem pessoas próximas envolvidas, e quando ouvi esta notícia pela primeira vez, meus pelos eriçaram e comecei a pensar nas pessoas vitimadas e em suas famílias. Depois, acompanhando as noticias, meus olhos e os de minha esposa marejaram. É chocante, é cruel, não conseguimos nos acostumar, e somente o tempo aplaca o sentimento de vazio e de angustia. Às vezes a emoção vem em golfadas despertada por alguma trivialidade, às vezes surge do nada, e tentamos aplacar as lágrimas e buscar a convicção de que aquelas pessoas estão em lugar melhor do que este nosso mundo injusto. O fato inegável, é que estas lembranças e sentimentos ficam á espreita para ver se fraquejamos mais uma vez, e só nos resta aceitá-las e fazer orações em nome de todos aqueles que se foram nestas condições trágicas. Eles não podiam fazer isto comigo, eu queria dizer tanta coisa que não disse, como vou enfrentar a vida daqui em diante. O que resta de tudo isto, é a possibilidade de, nós que ficamos, construirmos uma vida cheia de exemplos e posturas cristãs e se um dia tivermos que ir nestas mesmas trágicas condições, que sejamos lembrados com a mesma intensidade, não por desagravo a tragédias que nos fizeram sofrer, mas por um legado de solidariedade humana, amizade e amor fraterno e incondicional. Que sigam em paz a caminho da luz e da vida eterna.