Torneira fechada

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Os pontos conquistados no GP do Brasil podem ser insuficientes para a permanência de Felipe Nasr na Fórmula 1: o Banco do Brasil retirou o patrocinio ao brasileiro e à equipe Sauber, por alegada contenção de custos

RIO DE JANEIRO – Acabou Banco do Brasil na Fórmula 1. O que já se comentava antes, agora é oficial: a instituição retira o apoio ao brasileiro Felipe Nasr, que nos dois últimos anos foi apoiado pelo BB em suas temporadas pela Sauber.

Não surpreende: a instituição do governo federal passa por uma reestruturação. Serão fechadas 400 agências, haverá o chamado PDV (Programa de Demissão Voluntária) e a ordem lá de Brasília é “cortar custos”.

Embora saibamos que não é bem assim que a banda toca por aqueles lados do Planalto Central.

O Banco do Brasil também apoiou o piloto na GP2 Series e, só em patrocínio, estima-se que os gastos tenham sido superiores a R$ 80 milhões. A nota do comunicado que oficializa o rompimento da parceria de patrocínio entre Nasr e o BB diz o seguinte.

“O patrocínio à equipe Sauber F1 Team não será renovado ao final desta temporada. Durante as negociações com a escuderia, o Banco do Brasil condicionou a renovação do contrato de patrocínio à entrada de outros patrocinadores brasileiros, o que não ocorreu.”

Curioso notar que a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da categoria, fechou praticamente todas as suas cotas publicitárias para 2017, restando apenas um apoio para cobrir o autopatrocínio do Zap Imóveis – que pertence às Organizações da família Marinho.

Ou seja: a Fórmula 1 está “garantida” tendo ou não um brasileiro no grid.

De que forma? Não sabemos ainda.

E no entendimento de muitos, o futuro das transmissões da categoria por aqui está na TV fechada, já que cada vez menos as corridas têm espaço na TV aberta, sejam com matérias – inclusive reportagens especiais, programas (os de pré-temporada nos anos 1980/1990 eram muito bem produzidos) e transmissões – desde o ano passado, não há mais a exibição integral de treinos oficiais e a única exceção neste ano foi o GP do Brasil.

Agora, o futuro de Felipe na F1 está nas mãos de Bernie Ecclestone.

“Precisamos de um brasileiro”, disse o octogenário britânico para a publicação alemã Auto Motor und Sport.

Mas está cada vez mais difícil ter um piloto do país no grid de largada da abertura da próxima temporada, o que sempre aconteceu desde a estreia de Emerson Fittipaldi em 1970. Só restam três vagas e em duas equipes: na própria Sauber e na Manor. Justamente as duas piores equipes da temporada 2016.

E a concorrência é forte no que concerne ao vil metal, por mais que os dois pontos marcados pelo próprio Nasr no GP do Brasil tenham sido decisivos na distribuição da receita financeira para as equipes. Comenta-se sobre o retorno do mexicano Estebán Gutiérrez ao time helvético, da possibilidade do indonésio Rio Haryanto chegar com um caminhão de dólares da Pertamina e até falou-se em Pascal Wehrlein, que correu na Manor neste ano, para ser companheiro de equipe do sueco Marcus Ericsson – cujo contrato foi renovado.

Some-se aos tempos sombrios que se avizinham, o perigo da extinção de Interlagos por iniciativa da prefeitura de São Paulo. João Doria, eleito recentemente, quer privatizar o autódromo e tem quem defenda a construção de prédios no terreno do circuito paulistano.

É… a vaca tá deitando…

Comentários

  • Boa tarde Rodrigo.

    Esse é o maior papo furado do mundo. Só para contextualizar, o Banco do Brasil e a CEF tiveram lucros astronômicos nos últimos anos, lucros comparáveis com os dos bancos privados. Portanto essa redução de custos apregoada pelo atual governo, junto com o aumento dos juros de ambos bancos estatais tem mais a ver com a nossa venda aos interesses da nossa classe dominante que qualquer medida de gestão. Sempre que me falavam sobre empresa a competitividade das empresas privadas em relação as estatais eu dizia que só tinha um setor que havia uma concorrência direta entre as duas formas de gestão, que era o setor bancário e nesse setor as estatais estavam dando um laço nas privadas. Agora vai se acabar com isso, logo se terá todos os bancos privatizados. Abs.

  • Na verdade as cotas publicitárias interessam aos anunciantes pois trazem diversas “inserções” ao longo da programação, no intervalo do JN, EE, JG etc….é uma maneira de vender um “pacote fechado”…há que se considerar que os domingos de manhã são de baixa audiência de um modo geral na TV aberta e a Globo acaba gerando conteúdo ao transmitir F1.
    Poderíamos perder horas demonstrando a incompetência da CBA como grande culpada mas nao podemos esquecer que de anos para cá surgiram pilotos de países emergentes para concorrer pelos mesmos 22 / 24 assentos…é neguinho da indonésia, da rússia, da malásia, índia, venezuela,etc… a Formula 1 virou global de fato…some a isso o interesse do brasileiro estritamente em atletas que estão vencendo, desinteresse em assistir TV, corridas xaropes que demoram 2h sem ultrapassagem….e tem também um grande problema Rodrigo, os pilotos brasileiros jovens agora sonham em pilotar na Stock Car porque é mais pé no chão , dá pra morar em casa , fazer faculdade, pegar a mulherada, postar fotinho no insta e nao precisa gastar 5mi de euros pra chegar na GP2…..
    Agora nao podemos achar que o BB jogou toda essa grana fora ao patrocinar o cara…isso aí deu muito retorno tambem…patrocinio esportivo dá muito retorno, mais que mídia direta…

  • acredito que o banco n renovou devido nasr n ter conseguido mudar para uma equipe com maior visibilidade ,é bem verdade que tão fechando agências etc,mas o lucro anual é muito alto, além do mais eles dispõem dentro do orcamento e lucro uma verba destinada a patrocínios que n é visto como prejuízo, a prova disso é que o banco esperou surgir uma melhor equipe até o fim, o maior culpado foi nasr, se tivesse conseguido superar ericsson com frequência seria melhor visto,acredito que ele é mais talentoso que ericsson, mas n se adaptou ao péssimo chassi.

  • Eu discordo.
    Acho a dupla Nasr/Ericsson a mais fraca do gride. Estar num dos piores carros não ajuda, mas há muito pouco que Nasr podia fazer.
    A gente precisa entender que existem pilotos brasileiros medianos, alguns até fracos. A gente lamenta a situação dele porque é nossa única opção, mas, tirando nós brasileiros, ninguém vai sentir falta dele se ele deixar a categoria.

  • Independentemente de lucro/prejuízo que o Banco do Brasil possa ter, faz sentido injetar dinheiro hoje no produto F-1?

    As corridas da MotoGP por exemplo, sem qualquer brasileiro pilotando, têm sido infinitamente mais interessantes que as provas da F-1 e, ao que parece, tem tido audiência em crescimento no país. Não seria mais sensato “investir” em um novo Alex Barros?

    E o que dizer das provas de Endurance do Brasil? Quem conhece sabe o valor que está ali a um custo infinitamente menor que a “categoria máxima do automobilismo”.

  • O Nasr já deu que tinha que dar , estou mais preocupado com Interlagos que vai ter o fim parecido como o nosso autodromo aqui no Rio . É hora dos paulistas se unirem , pilotos , donos de equipes , torcedores . Lá o automobilismo é mais forte o que não aconteceu aqui no Rio , onde poucas ou quase nenhuma voz se manifestou contra a morte do autodromo , Paulistas cobrem de Barrichello , Felipe Massa , Lucas di Grassi , pilotos da Stock Car ( a maior categoria nacional no momento ) , dos medalhôes antigos da categoria , enfim de todos que fazem o espetaculo uma posição firme contra essa morte anunciada de Interlagos .

    Um abraço Rodrigo