A primeira de Sunderland: britânico finalmente é campeão do Rali Dakar

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A pressão foi enorme, mas Sam Sunderland resistiu firme como o improvável líder da KTM rumo a uma inédita vitória no Rali Dakar entre os motociclistas

RIO DE JANEIRO – Um prêmio à persistência: o britânico Sam Sunderland, natural de Dorset, chegou enfim ao seu primeiro título no Rali Dakar entre os motociclistas. O piloto de 27 anos, vítima de acidentes nas duas edições de que participara anteriormente – acidentes que o fizeram não competir ano passado e em 2015 – finalmente quebrou um incômodo tabu. Chegou inteiro ao dia de descanso. Assumiu a liderança geral quando Toby Price, seu companheiro de equipe e então campeão, caiu e fraturou uma perna. A punição aos pilotos da Honda por reabastecimento irregular também ajudou. Mas Sunderland, apesar de tudo, teve muito mérito na conquista.

Líder desde a 5ª etapa, ganhou uma especial apenas. Não precisou de outras mais. Apenas do que lhe faltou das outras vezes: foco, cabeça e experiência. Não sentiu o peso da responsabilidade. E não deixou nenhum outro piloto se aproximar na classificação – mesmo nos dias em que nada deu certo para ele, para os outros as coisas foram bem piores. “O Dakar se ganha não nos dias bons, mas nos ruins”, disse ele. E Sunderland estava certíssimo.

Hoje ele nem precisava terminar entre os primeiros, já que sua vantagem para Matthias Walkner era superior a meia hora. O britânico guiou tranquilo na 12ª e última etapa entre Rio Cuarto e Buenos Aires, e chegou com o 6º melhor tempo da especial a bordo de sua KTM da equipe oficial de fábrica. A vitória foi do francês Adrien Van Beveren neste último dia – com o mesmo tempo do 2º colocado Gerard Farres Guell. O piloto da equipe Himoinsa KTM acabou por conquistar um lugar no pódio e a marca austríaca comemora: é a 16ª vitória de uma motocicleta KTM na história do Rali Dakar. Uma hegemonia que muitos queriam que fosse varrida, mas que fica de pé para 2018.

A nota positiva foi a performance global dos pilotos da Honda, que mesmo com a punição de 1h aplicada pelo ASO, jamais se abateram. Joan Barreda Bort acabou o Dakar 2017 como o piloto que mais especiais venceu – incluindo a de sexta-feira, que acabou ganhando por deferência da organização, que lhe devolveu um tempo perdido numa zona de espectadores. Paulo Gonçalves, que tinha sido declarado o vencedor da penúltima etapa antes da revisão dos resultados, foi outro que jamais baixou os braços e conseguiu terminar ainda num honroso 6º lugar.

Outros destaques foram o 7º posto de Pierre-Alexandre Renet com a melhor moto da classe Super Produção, seguido pelo argentino Franco Caimi, o melhor estreante e também o melhor sul-americano já que Pablo Quintanilla caiu e o conterrâneo Kevin Benavides ficou fora deste Rali Dakar com o braço direito fraturado. Portugal fechou o top 10 com o maior número de pilotos – três, incluindo o novato Joaquim Rodrigues, que conquistou um excelente décimo posto.

O estoniano Toomas Triisa, com uma Husqvarna, foi o vitorioso na categoria Malle Moto ao chegar na trigésima posição geral. Laia Sanz foi a 16ª colocada – novamente a melhor entre as competidoras do sexo feminino. E Richard Fliter, único brasileiro a concluir o Rali Dakar entre os motociclistas, fechou na 59ª posição entre 97 competidores que chegaram a Buenos Aires. Com sua Honda, Fliter – 12º entre os estreantes – fez o tempo de 45h01min38seg. Na etapa de hoje, concluiu na septuagésima-quarta colocação.

Resultado da etapa #12:
Rio Cuarto-Buenos Aires
Total: 64 km cronometrados – 786 km

1. #6 Adrien Van Beveren (Yamaha) – 30min29seg
2. #8 Gérard Farres Guell (KTM) – mesmo tempo
3. #11 Joan Barreda Bort (Honda) – a 18seg
4. #16 Matthias Walkner (KTM) – a 33seg
5. #17 Paulo Gonçalves (Honda) – a 1min25seg
6. #14 Sam Sunderland (KTM) – a 1min42seg
7. #34 Diego Martin Duplessis (KTM) – a 2min16seg
8. #32 Juan Carlos Salvatierra (KTM) – a 3min00seg
9. #15 Michael Metge (Honda) – a 3min01seg
10. #67 Franco Caimi (Honda) – a 3min07seg

Classificação geral extra-oficial:

1. #14 Sam Sunderland – 32h06min22seg
2. #16 Matthias Walkner – a 32min00seg
3. #8 Gérard Farres Guell – a 35min40seg
4. #6 Adrien Van Beveren – a 36min28seg
5. #11 Joan Barreda Bort – a 43min08seg
6. #17 Paulo Gonçalves – a 52min29seg
7. #31 Pierre-Alexandre Renet – a 57min35seg
8. #67 Franco Caimi – a 1h42min18seg
9. #5 Hélder Rodrigues – a 2h03min06seg
10. #27 Joaquim Rodrigues – a 2h19min37seg

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