Africa Eco Race: o Dakar “oculto”

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Gev Teddy Sella exibe o troféu de campeão do Africa Eco Race: o piloto de 18 anos derrotou o consagrado Pal Anders Ullevalseter na nona edição do evento

RIO DE JANEIRO – Noto em alguns interlocutores nas redes sociais o desejo de ver o Rali Dakar voltando às suas origens, ou seja: totalmente disputado em território africano. Só que a Amaury Sports Organisation (ASO) hoje não pensa dessa forma: Etienne Lavigne e seus comandados estão bastante felizes com o evento na América do Sul, o Dakar virou marca – apesar de muita gente torcer o nariz – e são movimentados US$ 215 milhões com um evento dessa natureza. Por mais que o número de competidores tenha sido o menor desde que a prova veio para mais perto do Brasil, e neste ano foram 318 veículos (houve uma ocasião que foram incríveis 501), os franceses do ASO não têm do que se queixar.

E nem os pilotos e equipes que preferem competir na África, pois desde 2009 existe um evento que tenta manter o espírito do antigo Dakar: o Rali Africa Eco Race, praticamente “oculto” em termos de divulgação – pelo menos no Brasil. Na Europa ainda há alguma repercussão, mas nem de longe parecida com a do Rali Dakar.

O evento – organizado por Jean-Louis Schlesser, que por seis vezes foi o vencedor da competição nos carros – foi disputado neste ano pelo 9º ano consecutivo, com largada em Mônaco e passagens pelo Marrocos – com o início da perna africana em Nador – Mauritânia e Senegal, com chegada em Dakar.

Coincidência? É, até pode ser. O site oficial diz que o Africa Eco Race segue os passos de Thierry Sabine, o idealizador do Rali Paris-Dakar, há quase quatro décadas. Mas o Africa Race não passa por países emblemáticos do Rali Dakar como o Níger e o Mali, por exemplo. E muito menos pelo Deserto do Tenerè.

O número de veículos inscritos no evento está longe de impressionar. Neste ano foram 87 inscritos entre motos, quadriciclos, carros e caminhões. O elenco de pilotos não chega a impressionar. Nas Motocicletas, o único conhecido era o norueguês Pal Anders Ullevalseter, que desistiu de tentar vencer o Dakar em terras sul-americanas e venceu o Africa Eco Race por dois anos consecutivos – 2015 e 2016. Nos carros e caminhões, alguns nomes que já correram por aqui em outros anos faziam parte do plantel, como os russos Vladimir Vasilyev com um Mini All4Racing e Andrei Karginov nos caminhões, numa situação insólita: a Kamaz dividiu seu time em dois e tinha dois de seus caminhões no Africa Eco Race, enquanto quatro brigavam pelo triunfo por aqui no Dakar.

Após 12 etapas, disputadas desde o dia 2 de janeiro até o último domingo, para nenhuma surpresa, a vitória nos carros foi de Vasilyev e Karginov venceu nos brutos, inclusive com o 5º tempo geral entre os veículos de quatro rodas – e cabe lembrar que só seis caminhões se inscreveram na competição. Nas motos, o sul-africano de origem israelense Gev Teddy Sella, de apenas 18 anos de idade, interrompeu a sequência de títulos de Pal Anders Ullevalseter e venceu com 50 minutos de vantagem para o nórdico. O desconhecido eslovaco Martin Benko completou o pódio.

Comentários

  • Realmente o AER é o primo desconhecido do Rally Dakar “original”, mas pode servir de laboratório para um retorno do Dakar ao continente africano na próxima década, apesar de improvável.

  • Descobri este irmão bastardo do Dakar uns dois anos atrás, o que consegui perceber é que esta corrida tem bem menos (ou nenhum) investimento das grandes marcas, usam o minimo possivel comparando-se com o original.
    Mas o fato de ser corrido na Africa faz com que recupere uma certa mistica que se perdeu na competição da nossa America.