Peterhansel, o Rei do Dakar!

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Lenda viva: aos 51 anos, Stéphane Perterhansel nos deixa mais uma vez sem condições de adjetivá-lo. Todos os superlativos parecem pouco para um homem que não se cansa de nos impressionar a cada Rali Dakar

RIO DE JANEIRO – Faltam adjetivos para descrever Stéphane Peterhansel. Recordista absoluto de vitórias nas Motocicletas e também nos Carros, o francês de 51 anos continua a ser o maior nome do evento em todos os tempos. “Monsieur Dakar”, além de ampliar seu recorde de especiais ganhas – 71 no total – em 28 participações, contando com esta de 2017 – chegou ao 13º título na carreira, numa edição particularmente difícil e disputada do início ao fim. Foi uma luta de centauros, de gigantes do esporte, em que Peterhansel encontrou em Sébastien Loeb um grande e valoroso adversário.

Loeb, lenda do WRC com nove títulos mundiais, sempre será lembrado por conquistar seis das 10 especiais realizadas naquele que é apenas o segundo Rali Dakar do piloto de 42 anos. Peterhansel ganhou só duas. Mas conseguiu, com regularidade, paciência e sobretudo um inenarrável espírito competitivo, vencer um dos grandes pilotos de seu tempo. O que mais torna bacana a vitória do maior campeão do Rali Dakar em todos os tempos é o quanto Loeb valorizou este triunfo. E principalmente a atitude da Peugeot, em não lançar mão do jogo de equipe.

Felizmente, Bruno Famin não deu uma de Jean Todt. Não atirou moedinha nenhuma pro alto e também não definiu, na calada da noite, quem seria o melhor vencedor para o bem da companhia. A Peugeot está feliz: fez 1-2-3 com seus 3008 DKR oficiais de fábrica. Pódio 100% francês, numa conquista incontestável do construtor que mais investiu para ganhar a competição na categoria dos Carros. E a vitória de Peterhansel e da marca do Leão é, também, uma vitória do automobilismo. Em todos os sentidos.

Para nós, tão acostumados às palhaçadas de outras categorias, ver uma competição leal e cristalina entre dois grandes pilotos, sem que um deles precisasse chupar a carótida do outro até tirar todo o sangue das veias, é um privilégio. Como jornalista e principalmente como apaixonado pelo esporte, estou muito feliz por ter visto uma competição tão bonita pela vitória quanto a de Loeb versus Peterhansel. Todos estão de parabéns.

Parabéns também para Cyril Despres/David Castera, que chegaram em 3º lugar na geral e venceram a primeira especial deles nos Carros. Para o multicampeão das Motocicletas, foi um grande Rali. A Toyota lutou com as forças que tinha, mas essas forças não foram suficientes para chegar perto dos franceses: Nani Roma foi 4º colocado na geral e o “Gnomo” Giniel De Villiers foi quinto.

Orlando Terranova, 6º colocado na geral, foi o melhor piloto Mini ao fim das duas semanas de competição e também o melhor piloto sul-americano, à frente do peruano Nicolás Fuchs e do brasileiro Sylvio Barros – que cumpriu um belíssimo Rali Dakar na companhia do navegador Rafael Capoani. Os dois, com pouco tempo de adaptação ao Mini All4Racing, prometeram chegar no top 20 e cumpriram. Terminaram na 18ª posição geral e em terceiro entre os estreantes – o melhor novato foi Conrad Rautenbach, do Zimbábue e o segundo, Fuchs, que fez uma ótima prova e chegou em 12º lugar.

Outra grande figura deste Rali Dakar foi Romain Dumas, que vocês se acostumaram a ver aqui no blog ganhando provas do Mundial de Endurance (FIA WEC), com direito ao título mundial de pilotos neste ano. Pois Dumas, que participou do seu 3º Dakar na carreira, não só chegou ao final como conquistou um ótimo 8º lugar na classificação geral, considerando que seu Peugeot não era oficial de fábrica.

A vitória na classe T2, para nenhuma surpresa, ficou com o Toyota VDJ2000 de Christian Lavieille/Jean-Pierre Garcin, em dobradinha com Akira Miura/Laurent Lechter. Destaque também para o 36º lugar do jipe argentino Rapido Rastrojero com Jose Blangino/Luciano Gagliardi, para o quadriamputado Philippe Croizon – que vocês conheceram nos boletins veiculados nos canais Fox Sports – que terminou em 49º a bordo de um Buggy BMW completamente adaptado, e também para o Acciona de Ariel Jaton/German Rolón, que é o primeiro carro elétrico a completar um Rali Dakar.

Foram 58 veículos ao final. O Acciona foi justamente o 58º. Mas não importa. Chegar ao final de duas semanas massacrantes, passando por todo o tipo possível de privações, é uma vitória para qualquer piloto e para qualquer máquina.

Que o pioneirismo do Acciona Eco Powered seja, enfim, reconhecido.

Resultado da etapa #12:
Rio Cuarto-Buenos Aires
Total: 64 km cronometrados – 785 km

1. #309 Sébastien Loeb/Daniel Elena (Peugeot) – 28min55seg
2. #300 Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cottret (Peugeot) – a 19seg
3. #302 Giniel De Villiers/Dirk Von Zitzewitz (Toyota) – a 30seg
4. #307 Cyril Despres/David Castera (Peugeot) – a 53seg
5. #320 Conrad Rautenbach/Robert Howie (Toyota) – a 1min00seg
6. #310 Erik Van Loon/Wouter Rosegaar (Toyota) – a 1min02seg
7. #308 Orlando Terranova/Andreas Schulz (Mini) – a 1min10seg
8. #305 Nani Roma/Alex Haro (Toyota) – a 1min21seg
9. #303 Mikko Hirvonen/Michel Périn (Mini) – a 1min33seg
10. #308 Romain Dumas/Alain Guehennec (Peugeot) – a 1min38seg

Classificação geral extra-oficial:

1. #300 Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cottret – 28h49min30seg
2. #309 Sébastien Loeb/Daniel Elena – a 5min13seg
3. #307 Cyril Despres/David Castera – a 33min28seg
4. #305 Nani Roma/Alex Haro – a 1h16min43seg
5. #302 Giniel De Villiers/Dirk Von Zitzewitz – a 1h49min48seg
6. #308 Orlando Terranova/Andreas Schulz – a 1h52min31seg
7. #316 Kuba Przygonski/Tom Colsoul – a 4h14min47seg
8. #308 Romain Dumas/Alain Guehennec – a 4h24min01seg
9. #320 Conrad Rautenbach/Robert Howie – a 4h40min13seg
10. #322 Mohammed Abu-Issa/Xavier Panseri – a 4h53min30seg

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