Direto do túnel do tempo (359)

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RIO DE JANEIRO (E a saudade… ó!) – Neste dia 14 de fevereiro, mais conhecido como ontem, Bengt Ronald Peterson – ou melhor, Ronnie Peterson – teria completado 73 anos se não tivesse desaparecido de forma trágica após o acidente sofrido na largada do GP da Itália de 1978. O sueco é celebrado até hoje como um dos cinco pilotos que mereciam ter sido campeões na Fórmula 1, mas não foram. Além do sueco, Gilles Villeneuve, José Carlos Pace e Chris Amon compõem essa lista – como pude esquecer também de Stirling Moss, o único deles que segue vivo?

O piloto nascido em Örebro e que começou a carreira com um kart construído pelo pai, chegou como um meteoro à Fórmula 3, travando duelos homéricos com o compatriota Reine Wisell antes de ascender aos carros da Fórmula 2, que foram o trampolim para sua passagem para a categoria máxima em 1970.

Em 123 GPs disputados, Peterson venceu 10 vezes. Defendeu a March – duas vezes – entre 1970 e 1972 e depois em 1976; a Lotus, por dois períodos, de 1973 a 1976, voltando no fatídico ano de 1978 após uma experiência malsucedida com o Tyrrell P34. Ronnie iria para a quarta equipe da carreira – a McLaren, com quem já tinha assinado contrato para disputar o campeonato de 1979.

A história nos conta que Ronnie foi duas vezes vice-campeão – a primeira em 1971 com o insólito March “Tábua de Passar Roupa” e a segunda, post mortem, com o Lotus 79, o famoso Carro Asa. Em sua breve passagem de nove temporadas, o sueco mostrou aptidão para guiar absolutamente todo o tipo de carro na categoria, com uma velocidade e arrojo sem igual que conquistou fãs devotados no mundo inteiro. É por isso que Peterson é tão lembrado na ocasião de seu aniversário de nascimento.

A foto que ilustra esse post é do GP do Canadá, oitava participação do nórdico a bordo do March 701 da equipe Antique Automobiles, alinhado por Colin Crabbe no circuito de St. Jovite, em Mont-Tremblant. Peterson largou em 16º naquela oportunidade, mas não conseguiu terminar a corrida. Seu melhor resultado no ano de estreia foi justamente na primeira prova – 7º colocado no GP de Mônaco.

Há 47 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Caro Rodrigo, bom dia!
    Pela primeira vez posto algo em seu blog e justamente lembrando um dos grandes “botas” da F1.
    Lembro de ter lido que Peterson foi o primeiro a conseguir fazer as antigas curvas 1 e 2 de Interlagos flat…numa época em que ninguém se arriscava…isso que era a primeira vez que andava naquele tão lindo e seletivo autódromo.
    Saudades de um tempo onde o piloto domava a máquina e não ao contrário.
    Apesar de nunca antes ter postado algo aqui, acompanho a NASCAR pela Fox.
    Abraços e sorte

  • Poxa, Mattar. Fazer uma lista dos que mereciam ter sido campeões e esquecer do Sir Stirling Moss é sacanagem… O “tetra-vice” teve o azar de encarar um tal de Juan Manuel Fangio.

  • E em 78 ele foi “obrigado” a ser o segundo piloto do Andretti-Pai… ainda mais já tendo contrato com outra escuderia para o ano seguinte. A Lotus não lhe deu a chance de brigar realmente pelo campeonato de 78…

    • Eis uma verdade… o Ronnie quase sempre foi a sombra do Andretti. Mas quando pôde brilhar, brilhou. A vitória em Kyalami, na última volta, é sensacional!

  • Grande Rodrigo, pela primeira vez não concordo 100% com você. Antes vamos ao que concordo: O Ronnie foi um grande piloto!! Me parecia ser uma pessoa de caráter… Uma pena aquela bagunça no hospital italiano, nunca vamos saber o quanto a entrada de fotógrafos e tudo mais no hospital contribuíram para sua morte, que lamento. Bom, o tal ponto que não concordo (super secundário até por que o texto é Ronnie) é sobre os caras que mereciam um título. Aliás sugiro uma enquete sobre isso (se é que já não foi feita). Pensei no Von Trips e no Reutemann!!!

    • Essa lista eh perfeita !!!!!!!
      Assino embaixo com toda a fé: são 5 das bota mais pesadas que passaram pela F1.
      Se eles estiverem em algum lugar, coisa que a minha fá não me permite acreditar, estarão sorrindo agora, por terem sido lembrados por voce como campeões “honoris causa”. E eles fizeram por merecer..

  • Tem horas que agradeço aos céus por ser fanático por corridas na década de 70 e ter visto caras como esse! Tanto na 1 e 2 de Interlagos como na curva de entrada da reta dos boxes de Jacarepaguá, o Peterson dava show. Monstro.

  • Belo texto, Rodrigo!
    De fato, assistir ao Peterson fazendo a Curva do Sol aqui em Interlagos completamente de lado, num power slide realizado à perfeição, seja na Lotus 72 ou até mesmo na Tyrrell P 34, era uma das experiências mais fantásticas para nós, meros espectadores da habilidade nata do sueco.
    De vez em quando, repetia a manobra no Pinheirinho também.
    Curiosidade 1, se a March 711 com a qual foi vice em 71 era conhecida por aqui como “Tábua de Passar Roupa”, entre os países de língua inglesa era chamada de “Tea Tray” – “Bandeja de Chá”.
    Curiosidade 2, a March 701 que ilustra o post mostra o primeiro flerte no uso do efeito solo na categoria, está claramente visível na lateral do carro a estrutura com perfil de asa invertida, parafusado ao monocoque, usada em algumas provas naquele ano.
    Não produziu o resultado esperado, por uma série de fatores, mas entrou para a história pela primazia de ser a 1ª tentativa, ok!
    Abraço.
    Zé Maria

    • Bem lembrado sobre a “asa”, Zé. E obrigado pela informação sobre o “Tea Tray”….eu não sabia. O 711 foi dos carros mais antiesteticos que eu vi na F1

      • Grato pelas gentis palavras, Mestre!
        De fato, o que o 711 tinha de esquisito, compensava na competitividade, ao menos nas mãos do sueco, tanto que a vitória em Monza não veio por questão de detalhe, aliada à malícia do Gethin no contorno da Parabólica na última volta
        Grande abraço!
        Zé Maria

      • Complementando mais um pouco. . .
        Não podemos deixar de lembrar que é o March 711 o recordista absoluto do anel externo de Interlagos, tempo marcado pelo Luizinho Pereira Bueno em 72, por ocasião do 1º GP Brasil.

      • Ze,

        A vitoria em Monza em 71, alem do estratégico posicionamento de Gethin na parabolica, pegando o vacuo de Peterson e Cevert, veio ajudada pelo V12 da BRM. Mas, se pensarmos bem, o destino fez justiça em 1976, “devolvendo” a Peterson e a March a vitoria em Monza, na ocasião com o 761, Foi a terceira e ultima vitoria de um March em provas oficiais de F1, sendo a primeira de Stewart na Espanha em 1970, com o 701 e a segunda com o Gorila de Monza, Vittorio Brambilla, debaixo de chuva forte, na Austria, em 1975.

  • É um prazer ,falar algumas palavras neste blog do Rodrigo Mattar….pertenço ao classic Group do qual o mattar tbm faz parte…esse tunel do tempo é muito bacana para mim , que acompanho a gasolina a 50 anos , lembrando e relembrando essas fotos ,qdo recortava dos jornais de fim de semana que meu Pai , assinava a Folha e Estadão…Esse mundo da velocidade, frequentando O TEMPLO INTERLAGOS ,dos boxes.!!!