Alfredo Guaraná Menezes (1952-2017)

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Tricampeão de monopostos, com dois títulos na Fórmula VW 1600 e mais outro na F2 Brasil, Alfredo Guaraná Menezes foi um dos maiores pilotos de sua geração no automobilismo brasileiro

RIO DE JANEIRO – Luto no automobilismo brasileiro: morreu hoje pela manhã em São Paulo, aos 64 anos de idade, o querido Alfredo Guaraná Menezes, um dos maiores pilotos do país em todos os tempos, maior rival de Nelson Piquet por estas terras e integrante da histórica participação nas 24h de Le Mans de 1978. Após uma longa batalha contra problemas de fígado, ele não resistiu e se foi às 11h30 no Hospital das Clínicas.

Forjado nas provas da Divisão 3, guiando primeiro os lendários Fuscas da Autozoom e depois da Gledson, em carros preparados por Amador Pedro, Guaraná passou aos monopostos em 1974, no ano de criação da Fórmula Super Vê. Foi integrante da equipe Marcas Famosas e depois correu patrocinado pela Overseas/Orloff/Kardos no ano em que foi o principal adversário de Nelson Piquet. Em 1976, Guaraná tinha 24 anos e muitos acreditavam que tanto Nelson quanto ele tinham talento mais do que suficiente para chegar à Fórmula 1.

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Parceria: com os motores de Gilberto Magalhães, o “Giba”, Guaraná bisou os títulos da Fórmula VW 1600 em 1977 e 1978

Piquet seguiu o natural caminho rumo a Europa e Guaraná assumiu o lugar que era de Piquet na equipe Gledson, com motores preparados por Gilberto “Giba” Magalhães. Tornou-se bicampeão nos anos 1977/1978 e fez história nas 24h de Le Mans junto a Marinho Amaral e Paulo Gomes, conquistando o 7º lugar na classificação geral e o 2º lugar no Grupo 5 a bordo de um Porsche 935/77.

A carreira internacional nunca decolou. Guaraná chegou a ficar fora da Fórmula VW 1600, mas voltaria à carga em 1981 quando a Fórmula 2 assumiu como principal categoria de monopostos do país. Fez parte da equipe chefiada por Jozil José Garcia e o “Palito”, num ano repleto de polêmicas, terminaria o campeonato como campeão – porém, proclamado apenas dois anos depois por Joaquim Melo, então presidente da CBA.

Após aquela triste temporada, o rumo de Guaraná foi a Stock Car, fazendo parte da equipe montada pelo pai de Hélio Castroneves – de quem anos mais tarde se tornaria mentor. Fez provas também do Brasileiro de Marcas e se dedicou à chefia da equipe do Helinho na Fórmula Chevrolet e Fórmula 3 Sul-Americana.

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Em 1978, foi 7º colocado na histórica participação de uma trinca 100% brasileira nas 24h de Le Mans com este Porsche do Cachia Team Pace, que dividiu com Paulo Gomes e Marinho Amaral

E mesmo já com mais de 40 anos, o Guaraná ainda desfilaria seu imenso talento na própria Fórmula Chevrolet, pela qual fez algumas corridas lá por 1994/1995. Mais recentemente, o “Palito” atuava como comissário desportivo pela FASP e, sempre amável, era um ótimo papo. Falar das 24h de Le Mans com ele era uma delícia e lembro de ter tido a oportunidade de conversar com ele pelo telefone e também por e-mail, para postagens no ex-blog – que infelizmente não tenho a oportunidade de recuperar.

Uma pena que o automobilismo tenha perdido um dos seus mais representativos personagens. Em decorrência de uma cirrose hepática, Guaraná precisava de transplante de fígado e esperava sua vez. Mas uma grave infecção e uma ruptura de hérnia infelizmente agravaram o quadro.

Descanse em paz, “Palito”.

Comentários

    • Eu participei dessa época. Corri com um Polar (no. 15) fabricado no Rio de Janeiro (bairro de Maria da Graça) pelos pilotos Ricardo Ashcar, Nelson e Ronaldo Rossi. Tempos inesquecíveis.

  • Quando comecei a acompanhar automobilismo (década de 70, tenho 53 anos de idade), conheci e passei a admirar, dentre tantos, o Guaraná. Revista Quatro Rodas e Folha da Tarde eram minhas fontes de informação.

    Graças a Deus pude ver – de perto, em Interlagos – grandes nomes do nosso automobilismo. Muitos já não estão mais por aqui.

    Siga em paz, “Palito”.

  • Puxa vida, que pena… Grande bota, piloto que conciliava técnica, velocidade e agressividade na medida certa.
    Deixa grandes lembranças de um tempo bom do nosso esporte.

  • Sua pilotagem era perfeita, depois de tomar a frente, difícil era ultrapassá-l0. Agressividade e uma técnica apurada, eram seus maiores atributos. Grande Campeão Guaraná Menezes, descanse em PAZ!

  • Foi também dono de equipe no Campeonato Paulista de Automobilismo nos anos 90 e 2000. Nos treinos livres que aconteciam às quartas e quintas-feiras em Interlagos, era fantástico vê-lo assumir o lugar dos pilotos da equipe para acertar o carro, e não raro, enfiar um temporal no próprio piloto. Que Deus conforte a família.

  • Olhar para trás e lembrar e lembrar de Newton Pereira, Jaime Figueiredo, Guaraná é também lembrar de minha adolescência é ver o desenvolvimento do automobilismo brasileiro. Que sua família seja envolvida em LUZ!!!

  • Grande amigo…soma-se a esse inquestionável talento nas pistas, sua paixão pela náutica como passeios memoráveis, velocidade e emoção.

    Descanse em paz…amigo…

  • saudosos domingos de divisão 3 a vermelha número 29 ERA a nossa preferida
    nunca esqueceremos memoráveis pegas
    Guaraná QUE VOCÊ DE tantas alegrias a DEUS COMO DEU para nós NESSA vida