Hamilton, 62 vezes pole

201732521430_000_MZ307_II
Pela sexta vez, Lewis Hamilton fatura a pole do GP da Austrália: o britânico está a três de igualar Ayrton Senna e a seis do recorde de Michael Schumacher (Foto: AFP/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO (Gostamos!) – Olha… até que para um primeiro treino que parecia fadado à monotonia, a sessão de classificação que definiu o grid de largada do GP da Austrália, abertura do Mundial de Fórmula 1 em 2017, foi até bastante interessante. Considerando a sexta-feira, parecia que a Mercedes daria uma lavada no resto, mas a Ferrari cresceu, Vettel fez o melhor tempo do último treino livre e apresentou armas.

Mas no cockpit do carro #44 tem o piloto que aparenta ser o favorito para conquistar mais um título: e Lewis Hamilton, que parece absolutamente à vontade com esses novos bólidos de maior largura e mais aderência por causa dos pneus – portanto mais velozes – demoliu o recorde da pista urbana do Albert Park em Melbourne para conquistar a 62ª pole position da carreira e de forma incontestável.

O tempo de 1’22″188 supera em mais de um segundo o tempo conquistado por Sebastian Vettel em 2011, que era o recorde absoluto do traçado. Ou seja: Hamilton superou todas as marcas possíveis na Austrália dentro dos mais recentes regulamentos técnicos. Todos os tempos anteriores de referência ficam para trás. E impressiona a média horária para um circuito de rua – 232,282 km/h – até porque em contorno de curva os Fórmula 1 estão infernalmente mais rápidos do que antes.

Apesar da diferença próxima de três décimos, dá para considerarmos que Sebastian Vettel conseguiu sim uma excelente volta que o credenciou a ocupar a primeira fila junto a Hamilton. Até porque o alemão só teve condição de fazer uma volta rápida apenas com o pneu montado em sua Ferrari, porque Daniel Ricciardo bateu no meio do Q3 e provocou uma bandeira vermelha – que atrapalhou alguns pilotos.

O que veio depois não foi surpresa: Valtteri Bottas ficou a 0″025 de Vettel e Raikkönen não conseguiu baixar de 1’22”, confortavelmente instalado em quarto – porque seu mais direto perseguidor foi Max Verstappen, a quatro décimos do finlandês.

Surpresa mesmo (e das grandes) foi a Haas, que ano passado estreou colocando Romain Grosjean entre os 10 primeiros ao fim da corrida e o francês, com um ritmo muito forte para os padrões do carro – apesar de crônicas queixas quanto aos freios – conseguiu um ótimo 6º tempo, batendo a Williams de Felipe Massa e as duas Toro Rosso, com Sainz Jr. fazendo o primeiro “score” do ano em cima do companheiro Kvyat.

No Q2, em que Bottas surpreendeu e fez um tempo melhor que o de Hamilton (por milésimos de segundo, é bem verdade, mas fica o registro), ficaram pelo caminho a Renault com Nico Hülkenberg, as duas Force India (eu esperava mais, sinceramente), a McLaren com Fernando Alonso – o que motivou o Fabrício Carvalho no Twitter a dizer que o Alonso poderia de uma vez só gravar todas as mensagens via rádio de #mimimi sobre seu carro e poupar voz para o resto da temporada – e a Sauber, já que Marcus Ericsson conseguiu avançar.

Isto porque no Q1, a primeira parte do treino oficial, vários pilotos enfrentaram uma série de dificuldades e aquele que estava na pior situação foi o que mais bem classificado ficou: jogado às feras praticamente de última hora e apenas com umas poucas voltas em Barcelona nos testes de pré-temporada, considerando o que muitos titulares andaram na Espanha – sem contar os treinos em Melbourne – o italiano Antonio Giovinazzi substituiu Pascal Wehrlein (que renunciou à disputa do GP da Austrália por não se sentir apto fisicamente) e fez um treino decente. Chegou a ser mais rápido que Ericsson, mas acabou limado para a sequência da qualificação.

2017325227601_Sauber 43_II
Considerando as circunstâncias de sua estreia, já que foi chamado às pressas para substituir Pascal Wehrlein, a estreia de Antonio Giovinazzi foi melhor que a de Lance Stroll na Fórmula 1 (Foto: Sauber/Reprodução Grande Prêmio)

Giovinazzi, de 23 anos, é o 112º piloto de seu país a estrear na Fórmula 1 e o primeiro em seis anos a colocar a bandeira tricolor em verde, branco e vermelho num cockpit e num grid: em 2011, Jarno Trulli e Vitantonio Liuzzi foram os últimos representantes da Terra da Bota e desde então não havia mais ninguém “parlando italiano” na F1. Que seja bem-vindo o vice-campeão da agora rebatizada Fórmula 2 e que teve atuações bastante boas no FIA WEC ano passado.

E cá pra nós, considerando o que fizeram seus companheiros de equipe, ficou muito feio para a turma que veio a seguir: Kevin Magnussen foi demolido por Romain Grosjean; Stoffel Vandoorne tem a desculpa de uma McLaren repleta de problemas desde a pré-temporada e até merece um crédito. Mas os demais…

Lance Stroll, que vem apavorando com diversas porradas em treinos, bateu hoje de manhã no terceiro treino livre, danificou o carro e a equipe fez hora extra para trocar o câmbio. De brincadeira, nas redes sociais, mandei um “larga de Adelaide”, já que o canadense foi punido com a perda de cinco posições no grid – o que não fará diferença alguma, pois ele já estava na última fila.

Pior ficou Jolyon Palmer, em maus lençóis mesmo: levou mais de três segundos no quengo em relação ao seu companheiro de time. E tem mais: o britânico queixou-se de que a equipe não procedeu a montagem do seu Renault R.S.17 da forma que deveria, dando a entender que o trabalho dos mecânicos foi o famoso “nas coxas” e que o filho de Jonathan Palmer se virasse. Claro, não conseguiu…

C7vw9v4WsAAmU56

Amanhã, meus amigos, o papo é outro. Os carros largam com uma carga muito maior de combustível e veremos como o ritmo de prova vai determinar o desgaste dos pneus Pirelli – sem contar a questão física, se os pilotos estarão preparados para suportar o desgaste de 58 voltas a bordo de monopostos com uma configuração bem diferente do que eles vinham lidando – alguns deles desde 2009, quando houve a última mudança radical de regulamento.

Comentários

  • Treino bom mesmo, a despeito de ser o primeiro da temporada, aonde naturalmente temos mais ocorrências, vide o ano passado com aquela dança das cadeiras sem noção haha.
    Saio um pouco frustrado, apesar de velozes minha expectativa era do tempo da pole vir na casa de 1:20 alto, mas enfim, acredito que conforme os carros evoluírem dentro desse novo regulamento os tempos de volta cairão ainda mais.
    Ao julgar pelo quanto os carros são mais nervosos agora, meu chute é de pelo menos dois safety cars na corrida, e que, ao menos, exista uma briga entre Hamilton e Vettel pela vitória.

  • Pelo jeito, este ano Ferrari e Mercedes, vão brigar pelo título. A F1 está precisando de uma briga entre equipes diferentes.

  • Gostei dos treinos, e parece que teremos um grande campeonato.
    Estou curioso para ver o ritmo da Ferrari na corrida, eles parecem ter um carro muito consistente nessa condição, principalmente com os pneus supermacios.
    De cara, dá para separar o grid em quatro pelotões:
    1) Mercedes e Ferrari irão brigar pelas corridas, quem sabe pelo título;
    2) A Red Bull está sozinha no segundo pelotão, sem ritmo para acompanhar Ferrari e Mercedes, e sem ninguém a incomodá-los. Porém, nunca podemos subestimar a força desta equipe;
    3) O terceiro pelotão está sensacional, com diferenças mínimas entre os carros e grande alternância de posições nos treinos. Williams, Haas, Toro Rosso, Renault e Force India já apareceram em algum momento na sétima posição na classificação, e acho que a briga será muito apertada. Com sorte, qualquer um destes carros pode chegar em quarto ou quinto nas primeiras corridas;
    4) O último pelotão tem a McLaren, com seus problemas de confiabilidade e Alonso fazendo milagres, e a Sauber bem perto, andando muito melhor do que esperávamos. Podem obter pontos logo nas primeiras provas.
    Temos ainda os retardatários Stroll e Palmer, andando na rabeira do grid com bons carros.
    Acho que vamos ter um bom campeonato, com corridas mais apertadas, porém estratégicas, e menos ultrapassagens.

  • Acho que esses tempos só não foram muito mais rápidos porque os pilotos só correram 1 volta rápida com pneu ultramacio e ainda faltava aquecimento , se os pilotos fizessem 2 ou mais voltas rápidas essa pole teria sido bem mais veloz

    • Só lembrando que a base para a redução dos tempos de volta foram os carros de 2015. A volta mais rápida em Melbourne foi na casa de 1:26, então o objetivo de redução próximo de 5 segundos foi atingido, mas eu tbm esperava tempos de volta mais rápidos, acho que virá conforme o desenvolvimento dentro desse regulamento

  • Olha, a corrida foi muito boa e estou muito feliz com o resultado obtido pela Ferrari. Entretanto cabe aqui o comentário sobre o Fernando Alonso nesse último GP. Eu admiro muito o estilo de pilotagem do Alonso e o acho um fantástico piloto, mas assim que foi ultrapassado por uma Force India e uma Haas ao mesmo tempo, reclamou no rádio das suspensoes e muito próximo do final da corrida ele abandonou. Estava na décima posicao pontuando com um carro horrível, mas assim que foi superado deu uma reclamada básica no rádio e encostou a McLaren. Nao sei nao, Alonso, mas esse problema de suspensao pareceu mais um problema de ego e marketing pessoal do que propriamente um problema com a suspensao.