Patrick Nève (1949-2017)

patrick_neve___frank_williams__italy_1977__by_f1_history-d6susre
O belga Patrick Nève, apesar da carreira de pouco brilho, foi quem dirigiu para Frank Williams em tempos de vacas magras na F1

RIO DE JANEIRO – Ele nunca foi um dos grandes do automobilismo. Mas chegou à Fórmula 1 e por isso o blog lhe rende uma última homenagem. Morreu hoje aos 67 anos o ex-piloto belga Patrick Nève, que teve curta passagem pela categoria nos anos 1970.

Ele tinha nome de nobre. Foi batizado Patrick Marie Ghislain Pierre Simon Stanislas Nève de Mévergnies em 13 de outubro de 1949, na cidade de Bruxelas. Aos 25 anos, surgiu como um meteoro na Fórmula Ford britânica e deteve os recordes da maioria dos circuitos para a categoria, guiando um modelo Lola T340.

No ano seguinte, graduou-se na Fórmula 3 europeia, que inaugurava seu campeonato continental. Andou em três bólidos diferentes – Safir, March 753 e um Ehrlich Lotus JPS 3B. Acabou o campeonato em 4º lugar. Em 1976, chegou finalmente à Fórmula 1 via RAM Racing. Com um velho Brabham BT44B da equipe chefiada por John McDonald, foi 7º colocado na Race of Champions em Brands Hatch e décimo-primeiro no International Trophy em Silverstone – ambos eventos extracampeonato.

patrick_neve__belgium_1976__by_f1_history-d6nupk7
Com este Brabham BT44B da equipe RAM de John McDonald, Nève estreou num GP da Bélgica em que os grandes ausentes foram ninguém menos que Jacky Ickx e Emerson Fittipaldi

A primeira corrida oficial de Nève na categoria máxima também foi pela RAM e em seu GP caseiro, em Zolder. Nos treinos oficiais, o novato conseguiu um lugar no grid. O ídolo local Jacky Ickx e o bicampeão mundial Emerson Fittipaldi conseguiram a proeza de serem desclassificados do grid. Abandonou com problemas de transmissão no Brabham BT44B. Depois, pagaria para andar pela Ensign no GP da França em Paul Ricard. Foi 18º a bordo do bólido que fizera excelente figura na Suécia, com Chris Amon a bordo.

Na Fórmula 2, Patrick fez algumas poucas aparições entre 1975 e 1983, com um 3º lugar em Silverstone como melhor resultado a bordo de um March 772P com motor BMW. O belga retornaria a um cockpit na F1 com um March 761 da equipe de Frank Williams, que perdera tudo na sociedade com o austro-canadense Walter Wolf e recomeçou do zero com um time particular.

Além de contar com um carro que, mal ou bem, se mostrara competitivo nas mãos do “Sueco Voador” Ronnie Peterson, Frank conseguiu atrair – pasmem, leitores – o patrocínio dos árabes. Foi no March de Nève que o mundo do automobilismo viu os logotipos da companhia de aviação Fly Saudia pela primeira vez. O piloto também levou o apoio da cerveja belga Bellevue e também da Marlboro, leia-se Phillip Morris.

patrick_neve__spain_1977__by_f1_history-d6t1eq6
Apesar do March 761 ser considerado um carro ruim, Nève conseguiu quatro resultados que na F1 dos dias atuais o credenciariam a marcar pontos no Campeonato Mundial de Pilotos de 1977

A primeira prova de Nève pela Williams foi o GP da Espanha em Jarama, terminando em 12º lugar após largar em 22º. Sem desempenhos entusiasmantes nos treinos de classificação – ficou de fora de quatro corridas e invariavelmente largava entre os últimos – o belga marcou sua campanha por conseguir um razoável 7º posto no GP da Itália, a nona posição na Áustria e a 10ª colocação na Inglaterra e na Bélgica. Só abandonou no Canadá, em sua última corrida pela Williams, por queda de pressão de óleo em seu carro.

Em 1978, com um March modificado e rebatizado 781S, Nève tentou se classificar pela última vez para um Grande Prêmio. Mas ao contrário das ocasiões anteriores, ele não conseguiu sequer participar do GP da Bélgica em Zolder. Seu carro não ficou pronto a tempo e sua curta passagem de 10 GPs disputados em 14 tentativas, sem qualquer ponto marcado, chegou ao fim.

Até porque, no ano seguinte, o belga teve a oportunidade de voltar, mas saltou fora de uma tremenda canoa furada a tempo: ele treinou para o campeonato de 1979 ao volante do Kauhsen F1, um dos maiores cheques sem fundo da história do automobilismo. Apesar de não ser dos pilotos mais espetaculares do lote, Nève teve a sensibilidade de perceber que o carro não iria para lugar algum – e não foi mesmo, já que Gianfranco Brancatelli depois tentou se classificar com o Kauhsen e foi protagonista de dois vexames históricos na categoria.

Depois disto, esteve presente duas vezes nas 24h de Le Mans. Estreou em 1980 com uma BMW M1 ao lado dos alemães Michael Korten e Manfred Winkelhock. O carro alinhado pela March Racing largou em 29º e acabou nocauteado por um acidente após 5h40min de disputa. Em 1982, alinhou um protótipo Grupo C da March equipado com um motor Chevrolet com Jeff Wood e Eje Elgh, na 24ª posição. A trinca não sobreviveu a uma pane elétrica e desistiu após completar apenas 78 voltas.

Comentários