Truck melancólica

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No clique de Rodrigo Ruiz, o Mercedes-Benz de Paulo Salustiano, vencedor da triste prova de abertura da Fórmula Truck, que vive uma crise sem precedentes em sua história de 20 anos (Foto: Rodrigo Ruiz/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Nove carros nos treinos de classificação, oito na corrida: assim foi a Fórmula Truck em sua abertura da temporada 2017 no Velopark, circuito gaúcho da cidade de Nova Santa Rita. Um início de temporada melancólico para uma categoria que se acostumou a lotar autódromos em seus tempos de glória e teve o triplo de caminhões – às vezes mais – presentes nas corridas.

Foi uma pena ver o amigo narrador Osires Júnior se esforçando na transmissão da Band para dar brilho – afinal, é o trabalho dele, é para isso que ele é pago – a um espetáculo deprimente em que só Wellington Cirino e Paulo Salustiano – não por acaso os dois primeiros (Salu foi o vencedor) – se esforçaram para fazer alguma coisa perto de uma disputa, perto de uma corrida. Os demais, à exceção de Alan Chanoski e Cristina Rosito, eram figurantes completamente desconhecidos e há quem diga que dois deles não tinham a carteira de piloto com a graduação “A” necessária para a participação de uma prova da F-Truck.

Um deles, Ricardo Gargiulo, nem largou – e desconfio que não tenha sido por esse motivo.

Aurélio Baptista Félix, que com desprendimento e brilho comandou a categoria até sua morte prematura, não merecia isso.

Não merecia que seu nome batizasse a primeira etapa da temporada, marcada também por um público pífio nas arquibancadas.

Desse jeito, não vejo futuro algum para uma categoria que está marcada pelo racha entre a organizadora Neusa Navarro Félix e as demais equipes que debandaram da categoria por discordarem dos rumos que a F-Truck vinha tomando e que pelo visto devem macular a temporada 2017. A próxima etapa está marcada para Rivera, na fronteira do Uruguai com a cidade gaúcha de Santana do Livramento.

Comentários

  • Desisti de assistir pouco depois da metade…não dá…somente dois caminhões/pilotos competitivos…caminhões sem nenhum patrocínio e clarões imensos na arquibancada. Como comentei ontem em redes sociais, duvido até que a Truck consiga concluir esta temporada, semelhante ao fim melancólico do Brasileiro de Gran Turismo em 2013.
    Mataram mais uma categoria do automobilismo brasileiro…como diria o blogueiro aqui: “Parabéns aos envolvidos”!!

  • Realmente foi triste assistir a Truck ontem, Salu e Cirino claramente ficaram trocando de posições, “simulando” uma disputa, um desperdício de talento de ambos, enquanto o restante treinava na pista.
    Foi um tremendo desrespeito com o público, que pagou pra ver uma corrida.
    O Silvério então estava visivelmente perdido, tentando manter o pique nas entradas durante a corrida. Pior que isso, só a desculpa esfarrapada do Rogério sobre o número baixo de caminhões na pista.
    Errar é humano, mas persistir no erro é burrice demais D Neuza Felix.

  • E quanto às nove equipes que sairam fora, Mattar? Existe algum indicativo de que estão se organizando para uma nova categoria?

    São vinte caminhões e pilotos excelentes (Felipe Giaffone, Roberval Andrade, Djalma Fogaça…), que fazem falta nas pistas.
    Poderiam montar um calendário curtinho, com seis ou sete provas, centrado no Paraná e São Paulo (para conter custos), visando ajustes para 2018.

  • Nove caminhões inscritos, 8 no grid…
    Depois do mercado brasileiro de caminhões ter encolhido de forma radical, era óbvio que as verbas para a categoria diminuiriam muito,
    Momento errado para uma queda de braço…
    Não conheço a Dona Neuza pessoalmente, mas é unânime o comentário de que ela é uma pessoa difícil. Também ficou clara a sua total falta de conhecimento e bom senso quando tentou organizar um campeonato Sulamericano diretamente com a Codasur, sem a chancela da CBA.
    Para não ficar atrás no reino da falta de noção, o Sr. Clayton Pinteiro fez um comunicado oficial da CBA convocando interessados para assumir a organização da Formula Truck, medida precipitada e ilegal, pois o nome da categoria é marca registrada dos herdeiros do Aurélio Felix.
    É muita incompetência junta.
    Alguns dizem que existe um conluio para “tomar” a categoria da D. Neuza, outros que as equipes tem que batalhar por uma categoria minimamente organizada e justa.
    Para mim uma coisa é certa, com a divisão todos sairão perdendo.

    • Tá lembrando o racha que existiu na Fórmula 3 em 1994, onde o Sul-Americano ficou esvaziado com a ausência dos brasileiros (depois dos episódios lamentáveis ocorridos em 1993) e havia um campeonato aqui já com os Dallara 394 novos, com alguns ótimos pilotos, é verdade, mas com grids que às vezes tinham 11/12 carros. Não foi legal pra ninguém e a categoria voltou ao que era antes em 1995.

      • É verdade, adulteraram a gasolina do carro do Helinho no final de 93 pra “ajudar” o Fernando Croceri e a casa caiu.

      • Não sei disso de gasolina adulterada. Ou por outra, sei sim: em San Jorge, quebraram os motores de todos os carros brasileiros por conta de gasolina batizada. E o ápice foi em Buenos Aires, quando Fabian Malta, Gabriel Furlán e Guillermo Kissling praticamente pararam na pista para Fernando Croceri – que era 5º colocado – passar todos eles, terminar em 2º e ser campeão.

  • A corrida não teve nenhum toque, raridade na categoria. No limite do radar de 160 km/h nenhum caminhão chegou perto disso. Largaram oito e um quebrou, E as marcas? 4 Mercedes-Benz, 2 Iveco e 2 Volvos antigos descaracterizados do Women Team. O mercedes cabine torpedo laranja do Witold creio que era o do Diogo Pachenki, com entre-eixos mais curto de fábrica que os demais da marca era a pista travada para andar bem. A piloto Carolina do Uruguay chegou 2 voltas atrás. Cirino e Salustiano pareciam estar em velocidade cruzeiro e cheios de gentilezas nas freadas. Nenhum patrocínio da categoria, apenas o apoio da Pirelli, nenhum de petróleo. Nos intervalos comerciais apenas Pirelli e Fenatran, feira de transportes. O show de acrobacias continua o mesmo desde o início sem novidades. A Dani, filha de Neusa piloto de um dos trucks de acrobacia até entregou troféu e desde o ano passado creio que não cumpriu a penalidade imposta pela CBA por agredir piloto e ofender comissários na torre de controle. Como a preparação de motores até o ano passado era bem crítica, no limite, parecia que estavam estrangulados para aguentar chegar, nenhum caminhão com excesso de fumaça, bem comportados! Em nada lembrando os caminhões mais rápidos do planeta, bordão sempre repetido nas transmissões.