Nova pole de Hamilton, heroísmo de Alonso

20175121234970_BETO2952_II

RIO DE JANEIRO – Foi até bem interessante o treino de classificação que definiu o grid para o GP da Espanha de Fórmula 1, num momento em que a categoria máxima do automobilismo começa a respirar ares muito mais saudáveis com as tomadas de decisão do Liberty Media, que vem livrando a atração do excessivo zelo do sr. Bernie Ecclestone. Até as entrevistas coletivas, normalmente restritas a uma sala reservada, foram ao ar livre – diante do público cada vez mais sedento por novidades. Não adianta pagar caro pelo ingresso, assistir só ás corridas e ir embora. O pessoal quer entretenimento. E é o que os novos donos da categoria vem fazendo pouco a pouco.

E nesse clima de novos horizontes no ar, a Mercedes-Benz deu a resposta que se esperava dela após o GP da Rússia em Sochi. Mudanças radicais de aerodinâmica, no peso do carro – ‘emagrecido’ em mais de 6 kg – e em demais pontos do W08 que o que podemos chamar de “versão B” do bólido alemão correspondeu prontamente nas mãos do britânico Lewis Hamilton, não sem antes uma boa pitada de emoção na disputa pela posição de honra com a Ferrari de Sebastian Vettel.

No quesito emoção, aliás, Vettel viveu várias. No intervalo entre o terceiro treino e o classificatório, viu seus mecânicos trocarem em tempo recorde o motor (a última troca permitida da temporada, registre-se) e agradeceu muito o esforço – que quase foi por terra logo no início do Q1.

“Pare o carro, agora!”, ordenou um dos engenheiros via rádio. Mas algo de bom aconteceu, o problema foi resolvido e o alemão seguiu em frente, avançando e com bons tempos para lutar pela pole. Virou 1’19″200 em sua melhor volta no Q3, mas foi insuficiente: Hamilton cravou 1’19″149 – novo recorde da pista – e levou a 64ª pole da carreira, uma apenas a menos que o ídolo Ayrton Senna.

A realçar que Mercedes e Ferrari seguem emboladas também na segunda fila, em que Bottas larga melhor posicionado que Räikkönen, que ficou devendo. “Preciso pilotar melhor”, justificou-se o homem de gelo. Tem toda razão.

No duelo doméstico da Red Bull, lavada de Max Verstappen sobre Daniel Ricciardo – uma luneta de quase meio segundo sobre o australiano. E na 7ª posição, o herói do dia.

Fernando Alonso.

Sim, leitores. Fernando Alonso é o grande nome do sábado na Fórmula 1.

2017513924495_McLaren 34_II

Você até pode discordar de que o asturiano esteja entre os grandes de seu tempo, mas se for pra fazer isso, discorde com argumentos plausíveis. Porque se vier com o papinho de ‘Picaretonso’, nem é melhor discutir. O que o piloto da McLaren fez hoje na Catalunha foi absurdo. Com um carro que vem apresentando seguidos problemas técnicos, alcançar a 4ª fila do grid é simplesmente excepcional.

Tem mais: a pista de Barcelona não é daquelas em que o motor é tão exigido, embora tenha uma reta de mais de 1 km de extensão. Os McLaren MCL32 sabidamente são lentos de reta e foram os piores no speed trap. Mas um bom chassi, com bom balanço e estabilidade, faz furor nessa pista. E o carro provou que pelo menos tem bom equilíbrio. Não fosse por isso e o espanhol, ovacionado pelos seus compatriotas, não teria avançado até o Q3 e feito o que fez, superando as duas Force India e a Williams de Felipe Massa.

Aliás, parece que a equipe do brasileiro deu uma estagnada. Não mudou de patamar com a vinda das pistas mais, digamos, tradicionais e ainda cai nessa surpreendente armadilha do brilhante desempenho de Alonso no treino classificatório.

Nas demais posições do grid, a notar que na Haas o dinamarquês Kevin Magnussen vem pondo as manguinhas de fora e o treino classificatório de hoje serviu para aquilo que se chama de ‘seleção da espécie’.

Senão vejamos: na Renault, não que seja surpreendente, Hülkenberg foi de novo superior a Jolyon Palmer; Pascal Wehrlein andou mais do que Marcus Ericsson na Sauber – e chegou até o Q2; Carlos Sainz vive uma fase melhor que Daniil Kvyat; Stoffel Vandoorne não consegue vir no mesmo ritmo de Fernando Alonso e muito menos Lance Stroll chega perto de Felipe Massa. Foi até engraçado o engenheiro dele no rádio dizendo hoje que a pista tinha melhorado ‘uns seis décimos’. Talvez para injetar confiança no menino canadense – mas classificar uma Williams com motor Mercedes em 18º no grid é um pouco demais.

Pelas características da pista, não esperemos uma corrida emocionante. Ou, por outra: a primeira curva, os primeiros metros e a primeira volta podem definir os rumos de um GP da Espanha muito aguardado. Até porque queremos saber onde vai a Mercedes (leia-se Hamilton) na batalha com a Ferrari (leia-se Vettel) e onde Alonso pode chegar nessa disputa.

Tô curioso.

Comentários

  • Opa, se é “Picaretonso”, é comigo…

    HE HE

    Como falei no seu FB Mattar, ele é um bom piloto, nada mais do que isso.

    Qualquer um no lugar dele em 2005 e 2006 seria campeão com as vantagens que a Renault tinha nesse período.

    Confesso que o que ele andou nos treinos em Indianapolis ontem me surpreendeu. Até mudei de ideia, pois achava que ele não conseguiria se classificar, mas andar no tráfico, pisando fundo, variações de vácuo e turbulências, ele não dá 50 voltas no oval!!!

    Abraços…

    • “Um bom piloto, nada mais do que isso”…

      Não é o que o mundo diz do Alonso, mas enfim. É sua opinião, problema seu.

      • Mas não esqueça que os resultados também mostram que é só mais um bom piloto que esteve no lugar certo, na hora certa.

        Depois de 2006, o qual foi o bom resultado dele que justifique ser “o melhor de todos”???

        Tomar um pau do Hamilton no ano de estréia do próprio Hamilton?

        Ter a Ferraria por anos só para ele e não ganhar nada???

        Ficar uma corrida inteira atrás do Petrov???

        Desculpe Mattar, concordo com tudo que vc escreve, considero vc um dos “grandes” do automobilismo brasileiro, mas no caso do espanhol não dá não…