Toyota faz a festa antes de Le Mans e vence em Spa com 1-2

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A Toyota confirmou o favoritismo e venceu mais uma, deixando a trinca Buemi/Davidson/Nakajima líder do campeonato antes de Le Mans

RIO DE JANEIRO – Deu Toyota na cabeça antes do grande desafio do ano, as 24h de Le Mans, em junho. Neste sábado, os japoneses foram absolutos na disputa das 6h de Spa-Francorchamps, segunda etapa do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC). Ao fim de 173 voltas percorridas pelos pouco mais de 7 km do circuito belga, deu o carro de Sébastien Buemi/Anthony Davidson/Kazuki Nakajima, enquanto Kamui Kobayashi/Mike Conway terminaram em segundo – e a menos de dois segundos da trinca vitoriosa.

A Porsche bem que tentou lutar com o que tinha de melhor e chegou a pontear a prova com o carro #1 que fez a pole position. Mas não houve como conter o ataque dos protótipos japoneses e ainda por cima a trinca Andre Lotterer/Neel Jani/Nick Tandy acabou em quarto. Quem salvou a honra da casa de Weissach foram Timo Bernhard/Brendon Hartley/Earl Bamber, que pescaram um pódio.

Menos mal para os alemães que no confronto direto dos carros com o chamado “low package”, a aerodinâmica específica para Le Mans, a Porsche se saiu melhor, pois a Toyota ficou em 5º com o carro extra guiado por Stéphane Sarrazin/Yuji Kunimoto/Nicolas Lapierre.

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Ótima prova para os padrões da ByKolles e o 6º lugar em Spa foi o melhor resultado da equipe no WEC

A ByKolles teve uma prova espetacular para os padrões do único time não oficial da LMP1: o ENSO CLM P1/01 Nismo não apresentou qualquer problema mecânico e o trio Oliver Webb/Dodo Kraihamer/James Rossiter conquistou um ótimo sexto lugar. Tudo bem – levaram 12 voltas dos ponteiros, mas foi disparada a melhor performance da equipe no WEC em toda a sua trajetória.

Na classe LMP2, de ótimas disputas ao longo de toda a corrida, prevaleceu a maior constância e o equilíbrio da tripulação da G-Drive Racing. Com um belo trabalho de Alex Lynn/Roman Rusinov/Pierre Thiriet, o time de bandeira russa chegou à sua primeira vitória no campeonato, depois que a Vaillante Rebellion enfrentou um problema pouco usual no carro de Bruno Senna/Nicolas Prost/Julien Canal.

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A trinca do #31 da Vaillante Rebellion chegou em 2º graças a uma bela recuperação de Bruno Senna no trecho final da disputa

Um reparo no sistema de telemetria do protótipo Oreca 07 Gibson do time suíço, que durou cerca de um minuto, pode ter custado um triunfo que teria sido excepcional para uma tripulação que largou de nono após vários problemas de câmbio. É sem dúvida um desempenho alentador para a próxima etapa em Le Mans.

Vencedores em Silverstone, Thomas Laurent/Oliver Jarvis/Ho-Pin Tung conquistaram mais um pódio, desta vez com o 3º lugar, resultado que deixa a trinca em boa situação no campeonato. Já Nelsinho Piquet e seus parceiros Mathias Beche e David Heinemeier-Hänsson tiveram uma atuação de altos e baixos, mas que deu a eles o 10º lugar na geral e a quarta colocação na categoria.

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Boa estreia: André Negrão chegou em 6º na LMP2 e em 12º na geral com o carro #35 da Signatech-Alpíne Matmut

André Negrão estreou com uma boa performance a bordo do carro #35 da Signatech-Alpine, com bom ritmo de prova e atuação segura ao longo dos seus turnos de pilotagem. Pena que o experiente Pierre Ragues não andou no mesmo ritmo dele e nem de Nelson Panciatici. O trio terminou em sexto na divisão e 12º na geral, duas voltas atrás dos vencedores da categoria.

Na LMGTE-PRO, Ferrari e Ford protagonizaram uma épica disputa pela liderança no início, com direito a 3-wide na veloz reta Kemmel, aquela que começa na subida do complexo Eau Rouge-Raidillon. O time estadunidense não teve fôlego desta vez para repetir o resultado da estreia em Silverstone e a vitória ficou com Davide Rigon/Sam Bird, que em grande corrida do #71 levaram a pontuação máxima na classe, com uma volta de vantagem para Alessandro Pier Guidi/James Calado.

Não obstante a dificuldade em superar a Ferrari, a Ford ainda viu o carro #67, com Harry Tincknell a bordo, ter problemas e parar no acostamento da Eau Rouge. Sorte da equipe e de seus pilotos que a falha – no sistema de alimentação de combustível – foi logo resolvida. Em furiosa recuperação, Pipo Derani e Andy Priaulx trabalharam para levar a equipe ao 4º lugar na categoria, resultado que os deixa ainda na liderança do campeonato, com 39 pontos.

“Foi um grande trabalho e de muito esforço de toda a equipe Ford Chip Ganassi durante a corrida”, declarou Derani. “Claro que o resultado final não foi o que desejávamos, mas mostrou um ótimo ritmo e fizemos uma grande corrida de recuperação”, continuou o brasileiro.

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Corrida exemplar de recuperação deixa Pipo Derani e seus companheiros Andy Priaulx e Harry Tincknell em 4º lugar e ainda na ponta do campeonato entre os pilotos das categorias de Grã-Turismo

“Eu realmente estou bem entrosado com a equipe, com os meus companheiros e com mais tempo no Ford GT eu consigo tirar mais dele a cada volta”, destacou Derani. “Estou realmente muito satisfeito com minha performance no cockpit durante a corrida e consegui uma boa recuperação antes de entregar o carro para o Andy, que trouxe para nós o quarto lugar”.

Porsche e Aston Martin pouco puderam fazer na disputa a não ser coadjuvar o bom desempenho das rivais. Os novos 911 GTE ficaram em 5º e 6º na categoria, enquanto os britânicos acabaram nas posições subsequentes. A trinca Jonathan Adam/Daniel Serra/Darren Turner acabou em sétimo na classe, mas três voltas atrás da Ferrari vencedora.

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Domínio de Pedro Lamy/Matthias Lauda/Paul Dalla Lana na LMGTE-AM em Spa-Francorchamps

Apesar da surra na LMGTE-PRO, a Aston Martin ainda teve uma alegria na LMGTE-AM, com a vitória de Pedro Lamy/Matthias Lauda/Paul Dalla Lana fechando a disputa com 31 segundos de frente para o Porsche de Marvin Dienst/Matteo Cairoli/Christian Ried. Vitoriosa na corrida de Silverstone, a Clearwater Racing teve um desempenho ligeiramente melhor que a Spirit of Race e faturou mais um pódio em seu primeiro ano no WEC.

Agora, as equipes partem para o maior desafio do ano, o crème de la crème da temporada: as 24h de Le Mans. No dia 4 de junho, será realizado o Journée Test, o treino obrigatório para os 60 carros inscritos. E a partir do dia 14, serão disputados os treinos oficiais – três sessões com duas horas de duração cada, na quarta e quinta-feira anteriores à corrida definem o grid.

A corrida larga às 15h locais (10h da manhã de Brasília) no dia 17. E o Fox Sports fará mais uma vez a transmissão exclusiva da maior prova de Endurance do mundo.

Comentários

  • Pela primeira vez desde a criação do WEC que eu não estou podendo assistir as corridas da categoria. Mas Le Mans é sagrado, não posso perder.

  • Foi uma boa corrida, como é usual no WEC, embora eu tenha achado menos disputada que a etapa de Silverstone.

    Duas notas:
    – O terceiro TS050 inscrito, com acerto de baixo downforce pra Le Mans, em momento algum teve ritmo para acompanhar os outros quatro protótipos de fábrica durante a prova, tampouco na classificação, pelo que eu me lembre. Lógico que é compreensível o carro não ter se dado tão bem nas curvas do circuito, afinal, correu com pouca carga aerodinâmica. Só que isso não foi compensado nas retas: o 919 era mais rápido e atingia velocidade superior ao fim da Kemmel. Será que a Porsche vai sobrar na França, Rodrigo?

    – Houve um momento específico, na transmissão, que achei muito bacana. Não sei por onde você, Rodrigo, ou os demais leitores acompanharam a prova, mas o Alan McNish comentou na transmissão do WEC. Quando os narradores citaram o Daniel Serra, McNish lembrou do Chico o elogiou, falou do tempo que ele correu na Europa, etc… Claro que pesa o fato de ser um piloto da minha terra, mas achei bacana demais um piloto da envergadura do Alan não apenas reverenciá-lo, mas saber da sua existência, saber o que ele já fez, ter esse background histórico que muitos pilotos não têm. E, “chovendo no molhado”, me fez lembrar como nós, brasileiros, frequentemente esquecemos nossa história – não apenas no esporte – e não damos o devido mérito aos nossos cidadãos que são merecedores.