Bomba! Mercedes anuncia saída do DTM

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RIO DE JANEIRO – Eis que em plena segunda-feira, explode uma bomba de proporções atômicas no DTM, o Campeonato Alemão de Turismo, que neste ano já sofreu com a redução de 33% do grid de largada: a Mercedes-Benz, após décadas de fidelidade ao campeonato, cai fora após o campeonato de 2018 para direcionar o investimento para a Fórmula E, o campeonato dos carros elétricos, no qual estreará na temporada 2019/20.

Infelizmente, não surpreende: a Alemanha tem planos de eliminar os motores de combustíveis fósseis num futuro bastante próximo, construindo apenas modelos com motores elétricos. E como a marca da estrela de três pontas precisava cortar um programa para investir pesado na F-E, não valia a pena – por exemplo – acabar com o desenvolvimento dos carros baseados no regulamento FIA GT3, até porque saem mais barato para a fábrica já que são carros de competição derivados de um modelo de produção em série.

Os modelos do DTM perderam completamente a essência do passado e com o emprego de materiais cada vez mais leves e compósitos, os carros parecem verdadeiros Fórmula 1 carenados.

A saída da montadora é a primeira – e enorme – crise que Gerhard Berger terá que administrar à frente da ITR, que organiza a competição. Um duro golpe para um campeonato que já viveu dias gloriosos e pode definhar se não houver um mínimo de esforço para se trazer um terceiro construtor em curto espaço de tempo para suprir a ausência da Mercedes.

Não fará sentido BMW e Audi alinharem mais três carros, menos de dois anos depois de terem seus plantéis reduzidos. E tem mais: nem mesmo a paridade de regulamento com o Super GT japonês será capaz de fazer com que qualquer construtor oriental resolva investir no DTM. As únicas saídas seriam o retorno da Alfa Romeo ou da Opel (hoje controlada pelo grupo francês PSA).

Triste…

Comentários

    • Sempre gostei da DTM, pela competição, pelos carros e pela história da categoria.
      Porém, a fase atual é negativa, grid reduzido a apenas 18 carros, poucas ultrapassagens, corridas definidas somente na estratégia e um festival bate-bate alucinado muito semelhante ao que a Stock Car Brasil tinha há 2 ou 3 anos.
      A saída da Mercedes no final de 2018 vai colocar em risco a sobrevivência da categoria, e acredito que o principal conceito para salvá-la deve ser a simplificação técnica e consequente diminuição de custos, podendo até voltar a utilizar monobloco de série modificado para competição.
      Investir na Fórmula E é abraçar o “politicamente correto”, uma categoria bem promovida mas que no fundo é meia boca, com carros que tomam um binóculo de um F3 e que correm em circuitos totalmente inadequados e ridiculamente apertados para disfarçar sua lentidão.

  • Com a saída da Opel em 2005 Mercedes e Audi correram sozinhas até 2011 ,em 2012 marcou a volta da BMW. BMW e Audi podem continuar sozinhas sem problema.

      • Com 12 carros é fim de campeonato, que voltem a ter mais carros e as 2 equipes que ficaram a pé mudem para BMW ou Audi.

      • Roberto, o problema é que as equipes da DTM não são “independentes”. Todas elas são fortemente ligadas às marcas.

        Esse ano, inclusive, a Mercedes está operando de fato sob um equipe apenas, a HWA, que tem essa descrição no site do grupo: “[…] HWA AG was established as the Mercedes Benz customisation specialist.”

  • Realmente e infelizmente não dúvido que o DTM acabe em um futuro próximo. O custo está altíssimo para as montadoras, muito devido ao nível tecnológico que os carros chegaram. E ter apenas 12 carros não vai ser legal para a categoria, a disputa vai diminuir, e logo o interesse do público e patrocinadores também.

    O WTCC começou a ficar melancólico dessa maneira, e hoje querendo ou não está com um campeonato arrastado, com investimento de apenas duas montadoras, e perderam muitas equipes, patrocinadores e pilotos para o TCR, que veio com um regulamento mais flexível e de agrado de todos, e está com corridas fantásticas e abrindo vários campeonatos nacionais e continentais pela Europa, Ásia e Oriente Médio.

    Aliás Rodrigo, não cabe aqui uma cobertura do TCR aqui no blog não?!? :)

  • Não gosto nenhum pouco da FE, e isso não tem nada haver com motores elétricos. Acho os circuitos ridículos – pra mim, circuito de rua só Mônaco e Macau -, os pneus são uma piada e a performance em si é digna de um F3.

    Duvido muito que tecnologias sejam realmente desenvolvidas no campeonato e aposto minhas fichas que a razão de todo o interesse das montadoras vem do marketing, afinal correr com carros elétricos em parques municipais das grandes capitais do mundo é algo que fala a geração Y, isso é fato.

    Na sua curta vida, a categoria já tirou a Audi do WEC, impediu um retorno da BMW aos P1s e agora fere o DTM de morte. Concorrência é boa pra qualquer um, mas o que tem acontecido mostra a imensa falta de planejamento e estratégia das categorias, digamos, mais autenticas frente a uma proposta tão simplista como a da FE.

    Sou radicalmente a favor de carros elétricos nas ruas, mas acho que essa tecnologia deveria se integrar ao automobilismo existente, não se entrincheirando em um produto de marketing. Um carro elétrico hoje aguentaria uma corrida de 45 minutos numa boa, o Rimac, por exemplo.

    Quanto ao DTM em si, sejamos sinceros, os carros são soberbos, mas a competição nunca foi lá um espetáculo nessa segunda vida, sempre foi passada a imagem de algo excessivamente organizado, estéril.

    Lembro de um ano que a diretoria da Audi escolheu Mike Rockenfeller para ser campeão, antes do início do campeonato, e foi exatamente o que aconteceu numa sucessão de corridas incrivelmente desinteressantes.

    Semana passada a foto do novo BMW GTE me fez perguntar: Será que o DTM não deveria ser isso?

    • Falou bem!

      Executivo de montadora não é fã de corrida. Isso pode ter ocorrido no passado, durante a evolução “da coisa toda”. Mas hoje em dia, claramente não é mais. Logo, se não estiver fazendo um baita sentido estratégico/comercial, sai de cena.

      Assim, a FE é fácil e barata para esses caras. Não precisa se esforçar muito para ter o retorno da fanfarra que a própria categoria faz questão de gerar. Novamente, não importa se a corrida é boa, os executivos não assistem corrida, e boa parte dos compradores dos carros, também não.

    • Até onde eu sei a F-E é simplista estrategicamente pra que não batesse logo de cara os custo proibitivos de WEC e F1 e nascesse morta. Isso justifica o aporte de tanta gente de peso agora. É pra lá que o futuro próximo aponta.

    • Isso se chama livre concorrencia de mercado. Não é culpa do Agag (muito pelo contrario, é um sinal de esperteza e tino) se ele criou um conceito que tem se tornado mais relevante para as montadoras do que F1, DTM e etc e etc. Talvez o sucesso, no final das coisas, seja realmente fazer as coisas simples e que dão certo.

    • Victor e Rodrigo, não coloquei a culpa em momento algum na organização da FE, muito pelo contrário, disse, sim, que o problema é justamente a falta de estratégia e planejamento de categorias como o WEC e DTM.

      Que o futuro próximo aponta pra lá, não há dúvidas, mas minha aposta é que no médio prazo a bolha estoura.

  • Tem certos executivos que num aprendem nunca. E esses da ITR são um grande grupo de Bernies e Charlies. A entrada do Berguer, na minha opinião, não vai mudar em nada.

    Me perdoem se eu soar “sabe-tudo”, pois não é essa a intenção. Mas desde 2013, pelo menos, já deu pra sacar que essa nova “era” da DTM não ia dar muito certo. Eu sempre acompanhei a categoria de forma “solta”, já que nem sempre era transmitida aqui e o Youtube não era o que é hoje. Mas de 2009 pra frente, fazia questão de ver todas as provas.

    A DTM no final dos anos 2010 precisava fazer uma atualização natural no seu carro, e, como sempre, conter os custos. Inventaram um projeto mirabolante que, segundo eles, iria dominar o mundo. Ser usado no Japão, nos EUA, e todo mundo poderia juntar os carros e correr. Seria um campeonato mundial, sem precisar que as equipes fossem obrigadas a viajar pelo mundo todo. Tava na cara que num ia dar certo.

    Nos EUA, ninguém se interessou sequer em começar algo. No Japão “estragaram” a SuperGT, pra no final, num mudar nada, já que até hoje, o regulamento não ficou 100% igual, e nenhuma equipe sequer esboçou o mínimo interesse de correr na outra categoria. E a própria DTM, apesar de ter tido o sucesso de atrair de voltar a BMW, não conseguir ser capaz de cumprir a atualização de motor do seu projeto (coisa que a SuperGT fez, e é a base da diferença entre os carros hoje).

    Outro erro, foi não enxergar que o poder das montadoras estava fortíssimo (na SuperGT tb é assim, e é um risco). Ao invés de incentivar o desenvolvimento e fornecimento apenas, o que natural categorias desse tipo, mantiveram praticamente um plantel de 3 equipes de fábrica, dividindo em equipes menores “falsas” só a fins de regulamento. Com isso, os custos continuaram altíssimos, pra uma categoria com bastante coisa padrão no regulamento. A participação externa é inexistente, já que não existe equipe-cliente.

    Como os custos continuaram altíssimos, o campeonato é ridiculamente curto, para o nível que se propõem ser. NOVE etapas, em OITO circuitos. E corridas que não ultrapassam 60 min de duração. É simplesmente vergonhoso.

    E pra finalizar, algo nesses “novos” carros afetou muito o lado competitivo, e de uma maneira pouco usual. Não parece existir uma lógica de performance. É quase como assistir kart indoor, com veículos sorteados por etapa. Pilotos de talento inquestionável, como Farfus, Paffet, Ekstrom etc. são vistos em um ano, disputando título, e nos outros, fechando grid. Isso quando a variação não acontece durante o campeonato. Cada corrida da DTM dos últimos anos é uma surpresa. No sábado um piloto lidera, no domingo ele anda em 15º. Não existe a mínima constância, e isso afasta o torcedor. Fica sem ter “o que acompanhar”.

    Ah, e isso tudo sem contar o efeito “montadoras + aero-kit”. Que a Indy fez o favor de provar o gosto amargo. Deixam as montadoras gastando milhões de dólares pra escolher a posição de uma aleta de 5cm, para na 1ª curva, o carro perdê-la e não conseguir dar voltas competitivas mais. Já viram o vídeo da BMW esse ano testando aletas no túnel de vento? Beira a palhaçada. (https://www.youtube.com/watch?v=42N1_9RuHsQ)

    Enfim, como você mesmo diz nas transmissões, Mattar. Montadoras vem e vão o tempo inteiro. Cabe aos organizadores das categorias serem mais espertos e se prepararem para isso.

  • A FIA e demais instituições européias deveriam aprender com os norte americanos como se faz automobilismo, privilegiando o espetáculo é não a tecnologia e portanto o custo também.

    • Exato, lá os caras criam, promovem e protegem o show, e as montadoras “batem na porta” pra querer participar da festa, e sob “algumas condições”. Há o equilibrio de forças necessário em qq relação comercial. Por isso penso que o Liberty Media na F1 foi a salvação da categoria a longo prazo.

  • Bom Rodrigo, você já resumiu tudo perfeitamente, inclusive as possibilidades mesmo que remotas. Agora uma dúvida de leigo nessa parte: O DTM poderia contar com times independentes das fábricas? Só adquirindo os motores? Uma mistura entre oficiais de fábrica e equipes satélite como na Moto GP. Já houve isso no passado? Não sei se há premiações no DTM pras equipes. Abraço!

    • Não existe nada no regulamento da DTM que impeça equipes independentes. Na verdade, supostamente elas existem. A Audi tem 3 equipes que não são “a fábrica”, a BMW tem 2, e a Mercedes esse ano tem apenas uma, mas ano passado por ex. carros dela eram operados pela ART Grand Prix (aquela da GP2) e a Mücke (famosa em monopostos por lá tb).

      O problema é que as próprias marcas fazem a coisa funcionar “monolítica” dessa forma. O que teria que acontecer, provavelmente, seria o inverso: modificar o regulamento para que ele limite o envolvimento das montadoras a apenas desenvolver o projeto, homologar, e depois vender pra quem quiser usar, mais ou menos como é o GT3.

  • Mercedes, BMW, Audi, Porsche na insonsa F-E…. Demorou pro ACO lançar uma LMP-E, mas é dificil ainda botar esses carrinhos pra correr num circuito de vdd, não naquilo que eles correm.

    • O problema é a bateria durar tanto assim, Fernando, em condições de corrida é de se duvidar que alguém consiga correr por mais de 45 minutos, principalmente em um circuito de verdade.

      A partir de 2020 os P1 poderão ser recarregados eletricamente nos boxes, o que vai mudar bastante essa equação.

      As pessoas tem falado muito na morte dos P1H, dos P1 e até mesmo do WEC, mas acho que o campeonato viverá dois anos de entre safra, com uma única equipe de fábrica (Toyota) e alguns P1 privados – o que pode até ser divertido -, e depois volta com interessa renovado com o novo regulamento.

  • A maioria das categorias ditas “turismo” ou “stock” passaram a usar carros feitos 100% para as pistas. O único resquício de sua origem nos carros de série é a aparência da carenagem. Ainda assim, uma vaga semelhança.
    Se uma categoria foi criada com intuito de usar carros de rua (“stock”) e traz até em seu nome a referência, qual o sentido de usar protótipos mal disfarçados? Soa muito artificial mesmo que existam os argumentos como uma maior segurança e melhor desempenho.
    Com relação aos custos a situação é pior ainda. As montadoras investem rios de dinheiro para vencer e usar a categoria como campanha publicitária. Assim que atingem o objetivo, elas geralmente caem fora. Mas fazem com que a competição (inclusive em seu regulamento) seja baseada em tecnologias muito sofisticadas e custos estratosféricos. Com tudo isso, a tendência é de enfraquecimento da categoria e, mais cedo ou mais tarde, o fim.

  • Uma categoria que privilegia pit stops em detrimento da disputa na pista tem mesmo que estar em risco. Em Moscou teve carro entrando no box na primeira volta! O público não quer saber de estratégia, quer ver briga na pista…

  • Vixe, com a ida da Mercedes para a formula E, é bem provável que fechem a DTM, pois a Audi e a BMW entrarão oficialmente.

    É uma pena, gostava da DTM quando tinha 24 carros, 8 de cada marca. As tecnologias banidas da F-1 eram utilizadas pela DTM, era muito legal.

    Mas tudo que é para sempre, sempre acaba.

  • Do ponto de vista de retorno ao patrocinador/montadora a Formula E foi uma grande jogada. Não tem como comparar o retorno de mídia. Os caras andam no centro de cidades como NY, Berlim, Hong Kong. Atingem milhoes e milhoes de pessoas. Os autodromos geralmente ficam muito distantes do centro das cidades, tem o deslocamento,etc. Corridas em autodromo nao trazem o mesmo impacto indireto.
    Na Formula E durante a semana inteira o povo circula pela cidade e vê as obras e sabe que no sábado haverá corrida de carros eletricos. Tudo muito hype, cool e descolado para a geração dos millenials.
    Já a DTM se perdeu nos custos e virou uma briguinha entre fabricantes. Calendário muito enxuto, corridas sem graça que dependem de estrategia de pneu que ninguem entende. Qualquer diretor de marketing de qualquer montadora alocaria o recurso na Formula E. Mesmo sendo corrida de mentirinha o retorno é muito maior.

    • Pronto para ser apedrejado.
      Formula E é muuuuiiittttooooo melhor de se assistir do que a DTM.
      Na verdade a DTM é uma chatice. Sabe que desde quando puder ter TV por assinatura, uma das coisas na minha lista era “acompanhar a DTM”. Gente, que decepção…

      • Após anos sem TV à cabo emc asa, voltei à assinar justamente para acompanhar o DTM, além de outras. E tive a mesma iimpressão que você. Até a Stock está muitissímo melhor de se acompanhar.

  • Mattar

    Vejo como uma “saída” para o DTM atrair montadoras de volta uma receita parecida com a da IMSA com os DPi baseados nos LMP2: um chassi fabricado por um fabricante independente com powertrain e “bolha” da marca, com um desenvolvimento aerodinâmico limitado. Até a própria NASCAR funciona mais ou menos assim.

    É um modelo a que essas categorias “inviáveis”, como o DTM e a LMP1 podem recorrer.

    O que você acha?