Ángel Nieto, 12 + 1 (1947-2017)

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Gracias, 12+1. Adiós, 12+1…

RIO DE JANEIRO – Luto – de novo – no motociclismo mundial. E dessa vez, quem sai de cena é um gigante das pistas, um dos maiores pilotos de sua geração. Aos 70 anos, morreu há pouco o espanhol Ángel Nieto, dono de 13 títulos mundiais e de uma superstição que o fazia dizer que não tinha 13 campeonatos e sim “doce más uno”. Ele sofreu um grave acidente no último dia 26 em Ibiza, a bordo de um quadriciclo, abalroado por um veículo de passeio. Passou os primeiros dias da internação em estado ‘grave, mas não crítico’ e o quadro de saúde de Ángel piorou consideravelmente nas últimas 48 horas em virtude de um edema cerebral irreversível. Nesta tarde, início da noite na Europa, veio a confirmação do óbito.

Ángel nasceu em 25 de janeiro de 1947, na cidade espanhola de Zamora, na região do mesmo nome, distante 253 km da capital Madri. Aos 18 anos, em 1965, conquistou a primeira vitória no Motociclismo – em 19 de setembro, na pista de Sevilha. Campeão espanhol de Motovelocidade em 1968, ingressou no Mundial no ano seguinte, na categoria das “Cinquentinhas”.

Nas pequenas motos de 50cc e 125cc, Ángel se sentia mais à vontade. Mas se precisasse andar nas 250cc dois tempos, ele também correspondia. Os números não mentem: nas provas domésticas, Nieto foi campeão 23 vezes, com 128 vitórias no total.

Seus números também foram igualmente expressivos no Campeonato Mundial. Além dos 13 títulos (ou melhor, 12+1), o espanhol venceu 90 vezes (marca superada em 2008 por Valentino Rossi, que inclusive lhe deu carona na volta de consagração) – 62 delas apenas na categoria 50cc – subindo ao pódio 139 vezes, defendendo as marcas Derbi, Morbidelli, Kreidler, Bultaco, Minarelli e Garelli. Em 1972, conseguiu ganhar dois títulos mundiais simultâneos, numa época em que isto ainda era permitido pela FIM, a Federação Internacional de Motociclismo.

O terceiro piloto mais vitorioso da história, além de deixar seu nome gravado para sempre pela competência que demonstrou ao longo de mais de duas décadas ao guidão das motocicletas, também carregava consigo uma grande dose de ceticismo, que o fazia ser avesso ao número 13. Tanto que, como já descrevi aqui, jamais dizia que tinha 13 campeonatos do mundo. E pelo menos uma vez, ele efetivamente não largou para um Grande Prêmio, porque se classificou na 13ª posição do grid.

Tive o prazer de encontrar Ángel aqui no Rio de Janeiro, no extinto Autódromo de Jacarepaguá, quando a comitiva da Motovelocidade desembarcava no Brasil. Ele foi chefe de equipe do Team Ducados nos anos 1980 e depois foi diretor técnico e comentarista. Não me lembro qual das funções ele exercia quando esteve aqui em 2003 ou 2004 (não sei ao certo) e aproveitei a ocasião para um papo fantástico – que foi gravado e, infelizmente não exibido – quando eu trabalhava ainda no canal a cabo SporTV.

A família seguiu seus passos nas pistas. Seus filhos Ángel Jr. “Gelete” e Pablo, além do sobrinho Fonsi, estiveram nas provas do Mundial de Motovelocidade durante os anos 1990 e 2000, sem contudo chegar sequer ao patamar de pai e tio, respectivamente.

A morte de Ángel soma-se a de Nicky Hayden num ano pesado fora das pistas, mas em que toda a comunidade motociclística se une para reverenciar a história e o talento destes dois que partiram e deixarão saudade.

Gracias por todo, 12+1.

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