Bonzo, 37

RIO DE JANEIRO – Terminou ontem um Rock in Rio de escalação patética de alguns grupos/artistas que não têm mais nada a dar, outros que são verdadeiros “arroz de festa” dos palcos brasileiros e a contrapartida ficou por conta de uma enorme apresentação dos lendários Roger Daltrey e Pete Townshend, ambos com mais de 70 anos de idade e 53 de estrada. Os dois, mais o baterista Zak Starkey (filho de Ringo) e o baixista Jon Button, lavaram a alma e fizeram um show memorável.

Dói lembrar que, num meio cada vez mais entregue a composições pasteurizadas em busca do sucesso imediato e de músicos cada vez menos virtuosos e espetaculares, faz 37 anos que morreu um dos caras que mais gosto de ouvir tocando: John Bonham.

Nos dez discos lançados pelo Led Zeppelin entre 1969 e 1982 (um deles, póstumo), Bonzo introduziu um peso absurdo à sua bateria – são raros os músicos que tocaram o instrumento com tanta força, fúria e criatividade, usando os dois bumbos, os pedais, contratempos, pratos, chimbaus e tudo o mais com uma competência fora de série. Bonham nos surpreendia a cada gravação e, mais ainda, a cada apresentação ao vivo do Zep, formando uma cozinha formidável com o classudo John Paul Jones, abrindo caminho para as estripulias de Jimmy Page e Robert Plant.

A morte chocante e prematura de Bonzo, aos 32 anos de idade, por excesso de álcool e sufocamento (no próprio vômito), decretou o fim do grupo e um vazio impreenchível na história do rock.

Como só nos resta a saudade e a homenagem, aí está a clássica “Moby Dick” em show ao vivo do grupo no Earl’s Court, em 1975, no clip da semana.

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