Do WEC à Fórmula 1: Toro Rosso escolhe Hartley para GP dos EUA

201710131317491_P-20170617-00324_news_II
Oportunidade: Porsche e Red Bull se entendem e Brendon Hartley, aos 27 anos, vai fazer sua estreia na Fórmula 1 em Austin, no próximo dia 22 (Foto: Red Bull Content Poo./Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Trinta e três anos depois da última presença de um piloto do país, a Nova Zelândia – que teve Dennis Hulme como campeão mundial da categoria – volta ao mapa-múndi da Fórmula 1. É que num anúncio tão surpreendente quanto a participação de Andre Lotterer pela Caterham no GP da Bélgica de 2014, Brendon Hartley foi confirmado pela Toro Rosso para disputar a próxima etapa da temporada, que é o GP dos EUA no Circuito das Américas (COTA) em Austin, capital do Texas.

Aos 27 anos, o piloto nascido em Palmerston North entra para os compêndios como o nono piloto do país na categoria e numa situação curiosa como a de Lotterer: desde a recriação do FIA World Endurance Championship, as equipes da Fórmula 1 recorreram a dois campeões mundiais do certame, que também possuem em seu currículo vitórias nas 24 Horas de Le Mans. Não deixa de ser divertido, diante das várias reações dos detratores que consideram o WEC um campeonato de “pouca importância”. Tem tanta, que Hartley possui mais pontos suficientes para ganhar uma Superlicença que pilotos no radar da própria Toro Rosso, como o indonésio Sean Gelael – que esteve presente várias vezes em treinos livres neste ano – e o japonês Nobuharu Matsushita, cotado para 2018.

O piloto da Porsche, que pode inclusive ser bicampeão mundial de pilotos no WEC neste fim de semana, não teve de fato uma carreira espetacular nas divisões de base. Os pontos altos foram um título europeu de Fórmula Renault há uma década atrás, a 3ª posição na Fórmula 3 inglesa no ano seguinte (perdeu o título para Jaime Alguersuari e o vice para Oliver Turvey) e o mesmo resultado no GP de Macau, a Copa do Mundo da categoria-escola de monopostos.

Já em 2008, não custa lembrar, a Red Bull encaixou o loirinho no seu programa de desenvolvimento de pilotos, colocando-o como test driver e eventual reserva para até 2010. Nos anos seguintes, suas campanhas na GP2 Series (hoje Fórmula 2) e na World Series Fórmula V8 foram tão erráticas quanto irregulares – o que fez Hartley entrar de sola nos protótipos. Com seis participações nas 24 Horas de Le Mans no currículo, tendo vencido a prova deste ano junto a Timo Bernhard e Earl Bamber, além de 12 vitórias nas provas do Mundial de Endurance, Hartley trilhou um caminho que outros pilotos repetiram quase à perfeição – alguém aqui lembrou de Pipo Derani?

A Toro Rosso só se encontrou nesta situação porque Carlos Sainz já saiu da filial dos rubrotaurinos para a Renault e porque Pierre Gasly, por exigência da Honda, não pôde abrir mão de disputar a decisão da Super Formula japonesa, no mesmo fim de semana da Fórmula 1, em Suzuka – o que, para nenhuma surpresa, provoca também o retorno do russo Daniil Kvyat, que fora afastado para a estreia do francês.

O mais engraçado é que a Red Bull tem outros pilotos sob contrato e em nenhum momento se falou em nomes como Sébastien Buemi, por exemplo. Até o campeão da Fórmula Indy, Josef Newgarden, teve seu nome ventilado e chegou a aparecer como favorito. E nesse jogo de cartas, Hartley acabou premiado.

“Essa oportunidade vem de forma surpreendente, mas eu nunca desisti do meu sonho de criança de alcançar a F1. Eu cresci e aprendi muito desde os dias de reserva de Red Bull e Toro Rosso, e os anos difíceis que enfrentei me tornaram mais forte e determinado”, declarou.

“Quero agradecer a todos na Red Bull, por transformar isso em realidade, e na Porsche, por permitir que eu faça isso ao lado do Mundial de Endurance. O Circuito das Américas é uma pista que eu gosto bastante e onde já corri recentemente. Não quero criar expectativas para minha estreia, mas me sinto pronto”, garantiu Brendon.

A última vez em que um “kiwi” correu uma prova de Fórmula 1 foi no GP do Canadá, em Montreal, no ano de 1984. Então piloto da RAM, Jonathan Palmer disputou no mesmo fim de semana as 24 Horas de Le Mans. A equipe de John McDonald promoveu a aparição de Mike Thackwell, que conquistaria o título da Fórmula 2 com um Ralt RH6 Honda ao final daquele ano. Com apenas dois GPs no currículo – curiosamente, o primeiro foi no Canadá, quatro anos antes – Thackwell abandonou após completar 29 voltas com problemas no turbo do seu motor Hart.

E sobre essa opção por Hartley, muitos apontam para um horizonte de parceria entre germânicos e rubrotaurinos. Mas será mesmo que a Porsche pensa em voltar à Fórmula 1?

Cartas para a redação.

Comentários

  • Falar depois é facil….mas eu achei que Brendon Hartley era uma as opções da Toro Rosso tinha, mesmo antes dele ser mencionado. Porém nunca pensei que ele seria o escolhido, por causa de sua altura: com 1,84 m ele é umpouco alto demais para a F1 atual.
    Na minha opinião ele faz parte de uma geração abandonada pela F1: ele, Alguersuari, Turvey, Buemi, Vergne são pilotos rapidos, que foram prematuramente dispensados pela F1, a maioria deles “queimados” na Red Bull/Toro Rosso.
    Não acredito que com uma unica chance, ele posso brilhar, os carros de hoje exigem uma adaptação longa.
    Mas, torço pra que eu esteja errado, e que Hartley tenha uma exibição de gala, e prove que Helmuth Marko, além de ter sido um piloto mediocre, não é um bom formador de pilotos: acredito que Vergne, Buemi e Kvyat teriam rendido muito mais nas mãos de um bom manager,
    Enquanto vimos esses pilotos marcando passo e sendo dispensados pelas equipes dos energéticos, vimos outros pilotos sem a velocidade deles ficando alguns anos na F1, em outras equipes, tais como Nars, Ericsson, Palmer, Magnussen, Grosjean (não vejo nada de bom nesse suiço-frances, mas isso é um capitulo a parte) e até mesmo Bruno Senna.

    Pessoalmente eu teria escolhido o Buemi, que já mostrou que merecia uma segunda chance. Ou o Nelsinho, caso esse estivesse disposto a se dedicar de verdade. Mas, acho que Hartley foi uma escolha interessante.

    • Cabe observar, meu caro Antonio: Nelsinho, antes de renovar com a Renault – e depois daquela história de jogar o carro no muro em Singapura para beneficiar o Alonso – teve proposta para se transferir para a Toro Rosso e na hora as negociações não avançaram. Quem sabe poderia ter sido um caminho interessante para ele na carreira?

      • Rodrigo,

        Como bem disse o Flavio, a Toro Rosso (leia-se Helmuth Marko) é um “moedor de carne”…acho que o caminho pro Nelsinho teria sido mesmo a Williams, mas, infelizmente Rosberg foi o escolhido. Pelo que me lembro, Nelsinho foi mais rápido nos testes que fizeram juntos, mas Nico foi escolhido pelas melhores informações que passou aos engenheiros, pelo melhor entendimento do carro, e pela constância dos tempos registrados. Apesar de a Williams estar em franco declínio, se tivesse sido o escolhido, lá Nelsinho teria tido chance de se desenvolver como piloto, sem as grandes pressões que sofreu na REnault e que teria sofrido na Toro Rosso.
        Curioso notar que, fora Hamilton, Nelsinho foi o companheiro de equipe que andou mais perto de Alonso, apesar das diferenças de equipamento sempre propaladas e reclamadas pelo Nelsão. Grosjean, que o substituiu, passou o restante da temporada longe, tomando poeira grossa do asturiano.
        Hoje (daqui do meu sofá e longe dos curcuitos) tenho a impressão que o Nelsinho está pouco “fit” (meio gordo) e desfocado de ser o plioto veloz dos tempos da disputa acirrada com Hamilton, na GP2. Infelizmente.

  • BUEMI TEM 28 ANOS(AINDA NOVO), 03 TEMPORADAS NA TORO ROSSO,CAMPEÁO FORMULA E, MUITO ELOGIADO POR PROST,NA MINHA OPINIAO SERIA A MELHOR OPÇÃO DENTRE AS CITADAS.

  • Falando em Hartley, o fox sports transmitirá a primeira chance do piloto neozelandes garantir o título do wec e ainda de baixo de chuva,as 6 horas de Fuji ?

  • Sou só eu, ou mais alguém não sabia que o Sainz já correria pela Renault em Austin?

    Quanto ao debate Hartley-Buemi, só consigo compara-los levando em conta o WEC, onde o neo zelandês é claramente mais rápido. Não levo em conta os títulos do suíço na FE, que, convenhamos, é infinitamente aquém da performance da F1, as chicanes em plena reta do circuito de Valencia que o digam.

    A Porsche tem interesse na F1, sim, mas isso nada tem haver com o Hartley correndo em Aurtin e é muito mais provável uma aliança da equipe austríaca com Cosworth e Aston Martin.