O novo recorde do Ring

RIO DE JANEIRO – Essa eu estou devendo há algum tempinho e não tem desculpa. Há alguns dias, um Porsche 911 GT2 RS conseguiu uma façanha há muito não alcançada: superar o recorde de um carro de produção em série no Nordscheleife de Nürburgring, derrubando a casa dos sete minutos.

O tempo de 6’47″3, entretanto, ainda está longe da marca mais rápida de todos os tempos na pista – 6’11″13, alcançada por Stefan Bellof em 1983 num Porsche 956 Grupo C. E há que se lembrar que após aquele ano, a própria pista sofreu mudanças e, com a adoção de um circuito usado pela Fórmula 1 primeiro com 4,542 km de percurso e hoje com 5,137 km de extensão, a pista completa hoje tem pouco mais de 25 km.

Ah! A título de consideração, a volta do Porsche 911 GT2 RS é melhor que o antigo recorde de volta de Niki Lauda com a Ferrari 312 TS em 1976.

Confira a volta rápida no vídeo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=Fh8_2zQZ3xM

Comentários

  • Rodrigo,

    Sem querer fazer um tratado sobre os “lap times’ de Nurburgring, acho importante colocar alguns comentários. Antes vale dizer: vi o video, e dá pra perceber que o carro è velocíssimo !!!! Nos trechos de alta, no final da volta, ele chega a 313-315 km/h !!! Não da pra avaliar a pilotagem do Lars Kern, piloto de teste e desenvolvimento da Porsche, por conta do quadro pequeno demais, embaixo, a direita do video. Mas dá pra notar que ele conhece muito a pista…

    Vamos lá, as minhas impressoes:

    1 – pelo que vi no video, parece que a pista usada foi só a alça sul, com atuais 20,8 km
    2- porém, me parece também que a marcação foi feita cerca de 200 m antes do final da volta (na cancela), como é comum em todos os principais testes, fora de competições oficiais. Ou seja, não foi uma volta lançada completa, foi numa extensão de aproximadamente 20,6 km
    3 – o recorde do Bellof com o Porsche 962, de 6m 11 seg, foi marcado na volta completa, de 20,83 km
    3 – o recorde da pista completa em seu traçado dos anos 60-70, que tinha 22,835 km ficou sendo mesmo o Nikki Lauda com a Ferrari 312 T de 1975, nos treinos para o GP da Alemanha, com 6m 58seg 6/10. Me lembro que na época, em testes extra oficiais antes do GP, Lauda tinha girado em 6 min 56 seg 4/10, mas esse tempo foi registrado apenas pela equipe Ferrari, e, além de não ser valido, hoje em dia nem é citado em lugar nenhum. Nos mesmos testes Regazzoni virou abaixo de 7 min, algo como 6 min 59 seg e qualquer trocado. Mas nos treinos para o GP ele ficou (bem) acima dos 7 min.
    Portanto, em função dessas diferenças de comprimento de pista, esses tempos (Kern/Bellof /Lauda) não são comparáveis entre si.
    Embora não seja valido, mas apenas para fins de referencia, se extrapolássemos a media de velocidade do tempo do Bellof para os 22,835 km do circuito antigo, o tempo de volta dele seria algo como 6 min e 47 segundos. e o do Porsche 911 GT2 atual pilotado pelo Kern seria algo como 7 min. 32 seg.

    Por fim, não devo deixar de lembrar que o segundo melhor tempo oficialmente registrado para o circuito antigo completo, com 22,385 km, foi do nosso Moco, com Brabham-Cosworth BT44B, no mesmo treino oficial do GP de 1975. quando ele fez a volta em 7 minutos cravados. E esse tempo foi o melhor jamais registrado naquele circuito por um motor V8, e para os F1 com motor Cosworth. Jose Carlos Pace comentou na epoca que o motor deu uma falhada forte na reta de chegada, por falta de gasolina, e que se não fosse por isso, seu tempo teria sido bem mais próximo do tempo do Lauda. Moco, além do fantástico braço, era um especialista no circuito, já tendo antes batido o recorde oficial da pista (em corrida) com o problemático Surtees Ts-14 Cosworth em 1973, virando 7 min 11 seg e 4/10.

    Abraço

    Antonio

  • O novo carro da Porsche é fantástico, como era de se esperar, e Nurburgring dispensa comentários, mas não posso deixar de lembrar o quanto os câmbios automáticos, e também os semi-automáticos, prejudicaram o esporte a motor.

    A despeito de toda a tecnologia envolvida nos carros atuais (de rua ou corridas), continuo com a crença de que, nos carros de competição, os tradicionais câmbios manuais deveriam ser obrigatórios, numa forma de dificultar, e melhor avaliar, as reais capacidades dos pilotos.

    Como você mesmo mencionou, Rodrigo, os tempos deste Porsche está no nível dos F-1 da década de 1970, e não me parece existir salvação para a competitividade com carros que se aproximam, e fazem as curvas, como trens.

    Esta semana mesmo a Indycar postou o vídeo de umas voltas on-board com o carro de 2018 em Road America. As velocidades nas curvas são um negócio assustador, e ficam claras as dificuldades, mesmo na Indy, para ultrapassagens em circuitos mistos.

    Saudações.