Direto do túnel do tempo (385)

Zonta World Séries 2002

 

RIO DE JANEIRO – Neste sábado, a World Series Fórmula V8 pereceu após 20 anos de existência. Com vários regulamentos, a categoria sobreviveu esses anos todos e teve motores produzidos pela Nissan no início e depois Zytek, rebatizados como Renault, que só emprestou seu prestígio e apoio à competição, retirando o apoio depois – um dos fatores decisivos para a morte do campeonato.

Que em 2002, serviu para reerguer a carreira de um piloto brasileiro.

Preterido na Fórmula 1 após entrar com pompa e circunstância na categoria máxima, via British American Racing (BAR) – e tudo isso depois de um título épico no FIA GT com um Mercedes-Benz, o paranaense Ricardo Zonta via sua carreira entrar em risco. Não fosse a proposta da Gabord Competición e o piloto, então com 26 anos, não teria onde correr naquela temporada.

A equipe espanhola foi esperta. Costurou uma parceria com o Barcelona e, antes do surgimento da Superleague Formula (lembram?) estampou o escudo do clube da Catalunha em seus carros, conquistando assim a simpatia dos fãs dos blaugrana no país e no mundo inteiro. O outro piloto da equipe era o também brasileiro Christiano “Tuka” Rocha, que vinha na escalada natural de monopostos vindo do kart e passando por Fórmula Chevrolet e F-3 Sul-Americana, antes de tentar a sorte na Europa.

Aquela temporada era a primeira com os chassis da italiana Dallara (até então, o monoposto usado era o Coloni) e os motores 2 litros da Nissan foram substituídos por um propulsor mais encorpado e potente. A categoria ficou quase tão boa ou melhor que a Fórmula 3000. Foram programadas nove rodadas duplas – cinco delas na Espanha, além das pistas de Monza, Magny-Cours, Interlagos e Curitiba. Era a primeira vez que a então Telefónica World Series by Nissan corria fora do território europeu.

Além de Zonta e Tuka Rocha, Luciano Gomide começou a temporada defendendo a escuderia belga KTR, mas não passou das seis primeiras provas. Rodrigo Sperafico estreou na 6ª rodada pela Repsol/Meycom, que teve também seu irmão gêmeo Ricardo numa das provas brasileiras. Wagner Ebrahim defendeu a italiana GD Racing em Curitiba e Interlagos, enquanto Jaime Melo Jr. correu pela austríaca Zele.

O grande rival de Ricardo Zonta foi o francês Franck Montagny, mas o brasileiro foi absoluto e venceu metade das 18 corridas do calendário, além de conquistar seis pole positions e 10 recordes de volta. Zonta somou 270 pontos (já com descartes) ao fim do campeonato, contra 204 de Montagny e 184 de Bas Leinders. Outros bons pilotos que lá estavam foram o saudoso Justin Wilson, o espanhol Antonio Garcia (hoje na IMSA) e Narain Kartikheyan, atualmente na Super Fórmula japonesa.

Há 15 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Lembro de um artigo do Piquet na Racing que destacava o potencial da categoria de se estabelecer como uma base para categorias nacionais top de monopostos, algo que chegou a acontecer por um curto período de tempo com a F5000. Na visão de Nelsão, isso seria uma ótima oportunidade para pilotos sem lugar na F1 – assim como acontece hoje com WEC, FE e Super Formula.

    Crise econômica na Espanha, posicionamento como categoria-escola e rival direta da GP2, rivais momentâneos, mas diretos (A1 GP e Superleague) e dependência da Renault/Nissan e recentemente, perde da posição de via expressa para a F1 para GP3 e F3 Euro.

    Realmente, a vida nunca foi fácil nesses 20 anos.