Direto do túnel do tempo (386)

1985_Eddie_Cheever_-_Alfa_Romeo_185T

RIO DE JANEIRO – Participante (e vencedora, também) da primeira corrida da história da Fórmula 1 moderna – o GP da Inglaterra de 1950, em Silverstone – a Alfa Romeo retorna em 2018 após muito tempo ausente, em parceria com a Sauber.

O construtor milanista esteve nas duas primeiras temporadas e fez os dois primeiros campeões da história da categoria: Nino Farina em 1950 e Juan Manuel Fangio em 1951. Mas com a primeira mudança de regulamento para os carros de Fórmula 2, a marca bateu em retirada e dedicou-se aos carros de Turismo e Esporte-Protótipos, voltando de forma esporádica à F1 com motores instalados em chassis McLaren e March nos anos 1970, sem muito sucesso.

Depois, veio o acordo com a Brabham – que perdurou até 1979. E enquanto isso, a Autodelta ensaiava a volta com carro próprio. Foram alguns anos de testes e até Niki Lauda andou no bólido desenvolvido pelos italianos – que parecia mais um trambolhão. A reestreia aconteceu em Zolder, no GP da Bélgica. E a Alfa Romeo permaneceu na categoria com equipe própria por algumas temporadas, seguindo depois apenas com seus motores 890T V8 1,5 litro Turbo que equipavam os sofríveis carros da Osella.

Os italianos quase forneceram motores para a Ligier em 1987: seria uma unidade mais avançada que aquela que era oferecida à equipe de Enzo Osella, mas René Arnoux falou mais do que devia e o acordo foi desfeito.

A Alfa Romeo disputou 110 GPs como escuderia, com 10 vitórias, 12 pole positions, 14 melhores voltas em prova e 26 pódios. Como fornecedora de motores, o total sobe para 214 GPs e às 10 vitórias da Alfa como equipe, adicione-se outras duas com a Brabham, ambas com Niki Lauda, nos GPs da Suécia e Itália, em 1978.

A foto acima é do último ano da Alfa como equipe na Fórmula 1, em 1985. Naquela temporada, os pilotos eram Riccardo Patrese e Eddie Cheever. O time tentou tudo o que podia para fazer um campeonato melhor que o do ano anterior, quando marcaram 11 pontos e terminaram em 8º lugar no Mundial de Construtores. Mas de nada adiantaram os esforços…

O modelo 185T desenhado por John Gentry, sob a supervisão do diretor técnico Mario Tolentino, foi tão ruim, mas tão ruim, que podemos colocá-lo no rol dos autênticos ‘cheques sem fundo’ da história da categoria. Apesar de um excepcional 4º lugar no grid do GP de Mônaco com Eddie Cheever a bordo, o melhor resultado em corrida foi a nona colocação – em Detroit, com Cheever e em Silverstone, com Patrese.

A equipe tentou salvar o ano alinhando o carro do ano anterior, no afã de conseguir pelo menos um ponto. Nada adiantou. O ponto culminante de um ano patético foi um acidente duplo após a largada do GP da África do Sul em Kyalami, em que Patrese e Cheever acabaram batendo. A grife Benetton, que patrocinava a equipe, comprou a Toleman e em 1986 mudaria o nome do time britânico, nascendo aí a escuderia Benetton, que mais tarde seria campeã mundial graças a Michael Schumacher.

Com a perda do patrocínio, a Alfa Romeo encerrou de forma melancólica suas atividades na Fórmula 1 como equipe de fábrica.

Há 32 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Mais uma história que se encerra frente à uma categoria que deveria abrir as portas para marcas como a Alfa, mas, ao contrário disso, torna o grid cada vez mais escasso de escuderias e pilotos de ponta.

    Falando em Mônaco, 85, inesquecível o acidente entre Patrese e Piquet, que quase arrancou a cabeça de um fotógrafo…