MC Tubarão vence em dobradinha as 12h de Tarumã

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No clique de Dudu Leal, a festança da equipe MC Tubarão, que conquistou uma histórica dobradinha na edição 2017 das 12 Horas de Tarumã

RIO DE JANEIRO – O calor escaldante em Viamão (ao qual fui apresentado pessoalmente no ano passado) deu mais uma vez as caras na edição deste ano das 12 Horas de Tarumã, a 37ª da história. E nem isso foi empecilho para que a equipe MC Tubarão alcançasse um feito histórico neste domingo. O time de Campo Bom emplacou a dobradinha na última prova da temporada, com uma vitória há muito perseguida e ansiada.

Mas com um fator surpresa: triunfou o carro #32 da classe P2. É um protótipo com motor 16V, porém menos potente que os carros da GP1, a principal categoria do Endurance gaúcho e brasileiro. Esse bólido, pilotado por Mauro Kern, Paulo Souza e Sérgio Ribas deu um show de consistência ao longo da disputa, conseguindo driblar as adversidades para chegar ao troféu “Fita Azul” da clássica corrida do Sul do país.

Vinte e dois carros (eu esperava mais, honestamente) largaram à meia-noite para a maratona: o MRX #65 dos sul-matogrossenses Nílson e José Roberto Ribeiro teve que largar de último e no início o comando foi do protótipo MR18 de Vinícius e Felipe Roso, mais Claudio Ricci e Henrique Assunção. As 12 Horas de Tarumã viram também a estreia experimental do Sigma P1, projeto desenvolvido ao longo de um ano inteiro por Evandro Flesch e Pedro Fetter em Araricá (RS) e que fez uma apresentação para testes. Sem tempo de classificação, o carro #4 de Felipe Bertuol/Jindra Kraucher percorreu 69 voltas apenas – mas apesar dos percalços, saíram da disputa com uma marca bem razoável – 1’08″368.

O Sigma P1 foi concebido para atuar sem câmbio e funcionar como um híbrido (a transmissão tem embreagem, diferencial e motores elétricos para o arranque do bólido), numa aposta audaciosa e revolucionária no campo dos protótipos nacionais. Tem motor Audi Turbo que pode chegar a 600 HP com 7.500 rpm e 107 kgf de torque em 4.000 rpm. Tomara que dê certo. O automobilismo brasileiro precisa de propostas inovadoras e o Sigma pode ser um caminho.

Voltando à corrida, depois que o MR18 líder enfrentou os primeiros problemas e ficou para trás, a liderança passou às mãos de Ian Jepsen Ely/Daniel Claudino, da Satti Racing. A equipe trabalha desde a última etapa do Brasileiro de Endurance numa remodelação do bom e velho protótipo MCR da escuderia, que virava redondinho durante a madrugada. O carro #71 com motor Volkswagen Turbo de apenas oito válvulas pintava como a grande surpresa para a vitória nas 12 Horas.

Até a altura da nona hora, tudo corria bem para Ely/Claudino. Mas aprendi também, presenciando in loco, que a corrida tem um ponto nevrálgico, assim como as 24 Horas de Le Mans. Se lá na França os problemas começam no início da manhã, no Rio Grande o buraco é mais embaixo quando a disputa alcança sua décima hora. E assim foi – justamente com o MCR #71 e também com o segundo colocado, o MRX #27 de Rodrigo Machado/Cacó Pereira/Christian Castro.

Os dois primeiros tiveram falhas. E aí despontou o #32 para a liderança, abrindo confortáveis sete voltas de vantagem para o MC Tubarão IX #5 guiado por Tiel Andrade/Marcelo Vianna/Júlio Martini, que numa recuperação admirável após perder 17 giros em relação aos líderes antes da primeira metade, ainda chegou em segundo e recuperou 13 dessas voltas perdidas, marcando também a melhor volta da prova em 1’03″787.

A quarta posição geral – primeira da classe P3 – ficou com a equipe Motorcar e o MRX #56 guiado por Gustavo Frey/Rafael Simon/Gustavo Simon/Catô Belleza, enquanto o MRX #109 de Ricardo Kreuz/Renato Kreuz/João Kreuz/JB Rodrigues fechou a batalha com um suado quinto posto.

Entre os carros Turismo, destaque absoluto para o Gol #22 da equipe Spengler. Ano passado, eles não terminaram a corrida, vencidos pelo forte calor em 2016. Desta vez, Alex Fabiano, Ike e Reinaldo Halmenschlager fecharam num ótimo 8º lugar na geral, com sobras em cima do carro da Paline Racing, que na disputa anterior levara a melhor. Na T2, deu o Corsa #28 de Cleiton Krause/Bruno Razia/Dagoberto Moraes/Arthur Caleffi, terminando a prova em 13º lugar.

Uma pena que esta edição das 12 Horas de Tarumã tenha apresentado o seu pior grid na história. Tomara que seja apenas por esse ano e que em 2018 – quando hei de voltar – o plantel seja muito maior.

Comentários

  • O grid não era grande, mas tinha muita qualidade!
    Por isso houve poucas quebras na pista e poucas intervenções do safety car, então foi batido o recorde de voltas da corrida, 555!!! A corrida foi um show!
    Te esperamos no próximo ano!
    Abração!
    Catô

  • A proporção de carros que largaram (22) para os carros que finalizaram a prova (15) foi muito boa!!! Já vi várias 12 horas que largaram mais de 40 carros e chegavam somente uns 10 – 15.

    Ano que vem será bem melhor, com certeza! Abraço Rodrigo

  • 12h são sempre um espetaculo, mas foi sofrivel ver o grid tão baixo, principalmente em um ano de alta dos campeonatos de endurance no Brasil. Quais seriam os motivos do grid de 22 carros?
    Outro fator que percebi foi o baixo publico. Na parte dos acampamentos, lotado como sempre, mas as arquibancadas vazias. Tambem, com uma corrida sem divulgação nenhuma, como esperar que as pessoas fiquem sabendo? Bem que a administração poderia se espelhar no Velopark, que tem uma baita atuação em redes sociais e coloca 40 mil pessoas nas etapas do campeonato de arrancada.

  • Outra coisa, o minimo que a organização deveria fazer é cortar o mato que cresce bem onde as pessoas acampam, e que fica na frente da cerca. Sim, tu vai ver a corrida e tem uma floresta na tua frente. Outro ponto lamentável é o estado dos banheiros para o publico. Pra quem paga 70 reais!!!! em uma credencial, o banheiro dos boxes é lindo, mas pro pessoal da arquibancada, um verdadeiro chiqueiro.

  • Na minha opinião, o grid baixo se deve ao alto custo da endurance atualmente. O pessoal faz das tripas o coração(principalmente as categorias inferiores) para participar do campeonato e não sobra grana para uma prova maravilhosa e festiva mas igualmente muito cara, No nosso caso foi este o motivo pelo qual não participamos. Em relação à divulgação( e premiação) penso que as 12 horas deveriam copiar o exemplo do Paraná, tanto das 500 milhas quanto da Cascavel de Ouro. Nisto eles dão aula.

    • Entendo a questão dos custos, mas acredito que nem nos anos 90, quando o Brasil talvez fosse mais bagunçado que agora, o grid era tão pequeno. A um tempo atrás, no blog do Sanco, surgiram diversas ideias para melhorar o grid e o público para as 12h, e o próprio Sanco levou as ideias até a organização. Pelo jeito nunca foram aplicadas. Como mero espectador, é triste ver tudo isso de fora e não poder fazer nada.