Piquet na Stock

20172182025522_IMG_8289_O
Nelsinho Piquet é a grande novidade do grid da Stock Car para 2018 (Foto: Rodrigo Berton/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO (Que guinada!) – Nelsinho Piquet volta a correr em pistas brasileiras após o título da Fórmula 3 Sul-Americana em 2002 e eventuais aparições nas Corridas de Duplas da Stock Car e até na Pick-Up Racing (lembram disso?). Pois é: o piloto da equipe Panasonic Jaguar na Fórmula E foi anunciado hoje como o novo companheiro de Rubens Barrichello na temporada 2018 da Stock Car, a principal categoria do automobilismo brasileiro.

É uma guinada e tanto para o filho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet. Mas se explica: a Texaco, patrocinadora integral do carro #33 apresentado hoje nos boxes de Interlagos, investiu forte para ter o piloto na equipe Full Time, do competentíssimo Maurício Ferreira. O versátil Nelsinho, que já correu na Nascar, esteve no Rallycross e fez a temporada completa do WEC em 2017, também foi o primeiro campeão da história da Fórmula E, categoria que disputa desde o início.

Em entrevista ao PH Marum, no Grande Premium, Nelsinho mostrou parte da insatisfação com a equipe Rebellion – que inclusive planeja a volta à LMP1 em 2018/19 no Mundial de Endurance e não contará com o piloto brasileiro na Super Season. As razões passam desde a desclassificação do carro #13 nas 24 Horas de Le Mans por um erro primário da equipe, que para ter acesso ao motor de arranque furou a carenagem do Oreca 07 Gibson LMP2 (o que não é permitido pelo regulamento), até a preferência escancarada da escuderia para fazer do carro de Bruno Senna o campeão da temporada, derrotando a Jackie Chan DC Racing.

Antes que você, leitor, pense que Nelsinho e Bruno têm problemas, esqueça mais uma cizânia Piquet versus Senna. Os dois são amigos. O problema foi entre os pilotos pagantes, o francês Julien Canal e o dinamarquês David Heinemeier-Hänsson.

Em Fuji, na reta final da temporada, a Rebellion decidiu fazer jogo de equipe com a trinca do #13 (Nelsinho inclusive) ajudando o #31 de Senna, Prost e Canal. Heinemeier-Hänsson disse em alto e bom som que não pagava para abrir passagem aos companheiros e sim para correr e ajudar sua tripulação a conquistar bons resultados. Naquela corrida, o nórdico radicado nos EUA ameaçou não sentar no carro. E também o clima entre os engenheiros Simon Cayzer, do carro de Piquet e Fabrice Roussel, que cuidou do equipamento de Senna, era simplesmente péssimo.

Por isso, Piquet saiu atirando farpas contra a equipe e, sem boas vagas na manga para continuar no WEC (por enquanto), começou a prospectar a volta para o Brasil – precisamente na Stock Car. Aí a Texaco, pensando na concorrência com a Shell e a Ipiranga, abriu a carteira e financiou a vinda do piloto.

Mas acho que Nelsinho não deve fechar os olhos para o WEC e para as 24 Horas de Le Mans. Ele tem condição de estar em qualquer equipe LMP1 em 2018/19, exceto a Rebellion. O problema é ter o pacote certo para vencer. E a princípio a única equipe que poderia abrir esse horizonte para ele seria a Toyota. Mas a Manor tem pinta de equipe promissora entre os times independentes, por seu histórico e pelo chassis Ginetta ter, entre os projetistas, gente do calibre de Paolo Catone – que desenhou o Peugeot 908 – e  Ewan Baldry, afora Adrian Reynard, ele mesmo.

Quanto à Stock, a vinda de Piquet é um marco para a categoria, que em 2018 chegará à quadragésima temporada de sua história. A Stock tem seus (vários) erros, mas seria leviano fechar os olhos para a realidade quando se fala da força dos nomes que compõem o grid da categoria. Hoje, a Stock não deve nada a várias categorias de Turismo no mundo inteiro. Talvez o panorama fosse outro se o país fosse diferente e não houvesse tantos desmandos a ponto de Jacarepaguá sumir do mapa, Brasília ficar fora do calendário por falta de autódromo e – principalmente – o risco da perda de Interlagos, ante a sanha privatista do prefeito de São Paulo, João Doria.

Comentários

  • Esse problema com engenheiros no automobilismo está se tornando uma merda e precisa ser feito algo a respeito; Queria tanto vê-lo numa equipe de ponta do WEC em 2018 …………… :(

  • A Stock brasileira tem um potencial enorme… com um pouco mais de investimento, daria para se ter mais corridas, por que hoje são poucas, ainda mais se compararmos com a stock americana… e a nossa querida CBA poderia aproveitar os fins de semana de Stock Car e incluir corridas preliminares de carros de Fórmula, para garimpar novos talentos, e não só carros de turismo, que na sua maioria são ocupados por veteranos endinheirados só em busca de diversão…

    • A VICAR só tem olhos para a sua principal categoria, a Stock Car, e com exceção da Mercedes (por que paga bem, mas que sai do esquema em 2018 para correr com a Copa Truck) coloca as demais corridas em horários totalmente exdrúlos, como 8:00, isso mesmo, oito da manhã do Domingo, ou até do Sábado nesse mesmo horário. A F3 até 2016 já fez parte da programação e só os mecânicos e familiares dos pilotos assistiam às corridas devido aos horários programados…. A coisa tende a melhorar um pouco devido a saída da Mercedes do evento, a Stock Light e o Bras. de Marcas talvez tenham uma programação um pouco melhor…

  • Por falar em Stock, estive lá hoje…sem querer desmerecer, até porque a Stock hoje está melhor hoje em relação há alguns anos atrás, quando teve temporadas “terríveis”, mas acho que o Nelsinho deveria priorizar permanecer no WEC por outro time, porque é piloto para LMP1…para a Stock será um grande negócio, porque Nelsinho já provou que em qualquer carro, senta e anda.
    A propósito, parabéns ao Serrinha, vencedor de Le Mans pela GTE Pro 2017 e campeão da Stock Car 2017.

  • Acho que devemos exaltar a presenca do Nelsinho na StockCar Brasil.
    Temos hoje no país, uma categoria de turismo que deve quase nada ao que existe no exterior. Falta maior apoio da midia em geral, que valoriza o que de fora em detrimento do que temos aqui.
    Parabens ao Daniel Serra. Fortissimo na temporada pela equipe RC Eurofarma.
    2018 sera um grande ano da Stock Car.

  • Penso que o Nelsinho fez bobagem em vir para a Stock. Ele vinha de 2 anos no WEC, um de LMP1 e outro de LMP2, ambos com a Rebellion, ou seja, são 2 anos tende de se adaptar a carros diferentes, tivesse dado continuidade em outra equipe de LMP2 ou no IMSA ficaria entre os pilotos top do endurance.
    Olhem o Pipo Derani e o Bruno Senna, são pilotos que focaram no endurance e se firmaram.
    Não há dúvidas de que o Nelsinho anda bem com qualquer tipo de carro, mas essa inconstância, de todos os anos mudar de categoria acaba por prejudicar a busca da excelência.