ROAR: AX Racing e Cadillac dominam sexta-feira na Flórida
RIO DE JANEIRO – Começou de vez a temporada 2018 do IMSA Weather Tech SportsCar Championship: os primeiros roncos de motor foram oficialmente ouvidos no Daytona International Speedway e a sexta-feira teve duas sessões de treinos de aclimatação e preparação para as 24 Horas de Daytona. Para pilotos como Fernando Alonso – e muitos outros, é claro – foi um dia de reconhecimento de terreno. Tudo novo: carros, pneus, potência dos motores, resposta de aceleração, tráfego e todas as outras manhas do Endurance.
O que não mudou em relação aos últimos anos foi o frio. A temperatura baixa só incomodou fora da pista, com todo mundo encapotado. Dentro dela, o couro comeu e no primeiro dia de testes no ROAR Before The Rolex 24, mais do mesmo: os Cadillac DPi continuam fortes e o carro #5 da AX Racing, nas cores da Mustang Sampling, foi o mais rápido.
O português Filipe Albuquerque – novo piloto titular – estabeleceu a melhor volta das duas sessões. Mais cedo ele marcou 1’37″266 e no segundo treino, baixou ainda mais alguns milésimos, completando 22 giros – o mais rápido em 1’37″196, média de 212,152 km/h.
Christian Fittipaldi, que agora disputará apenas as provas longas, também mostrou bom ritmo a bordo do carro, que agora conta com um motor V8 de 5,5 litros ao invés da unidade 6,2 litros que impulsionava o “foguete” no ano passado. Mas já no primeiro Bulletin of Performance (BoP) publicado pela IMSA e válido já para o ROAR, o carro aparece com 10 kg a mais que o peso mínimo regulamentar e dois restritores de 32.2 mm para o engenho respirar, girando a 7.500 rpm.
Os Caddies fizeram 1-2-3-4 no primeiro treino, mas a história foi outra quando se viu o resultado combinado do primeiro dia. É que Colin Braun desceu a lenha no Oreca LMP2 #54 da CORE Autosport e foi o segundo mais rápido – 1’37″303, superando em 0″093 o holandês Renger Van der Zande, que já mostrou que dará muito trabalho a bordo do carro #10 da equipe atual campeã, a Wayne Taylor Racing.
A quarta marca foi de outro piloto que estreia novo carro: Tristan Vautier, novo piloto titular da Spirit of Daytona, colocou o quarto Cadillac DPi inscrito para a temporada 2018 com 1’37″469, melhor que o sino-holandês Ho-Pin Tung, na estreia da equipe Jackie Chan DC Racing JOTA nas 24h de Daytona. Com o mesmo equipamento que disputou a temporada passada do WEC – exceto os pneus Continental, óbvio – o piloto cravou 1’37″707 e fechou o grupo dos cinco primeiros.
Felipe Nasr (que na folha de tempos da IMSA é chamado, curiosamente, de Felipe de Oliveira) andou apenas na primeira sessão com o carro #31 da Whelen Engineering/AX Racing. Deu 15 voltas, o bastante para conseguir a 6ª melhor marca do dia em 1’37″740. Mike Conway, o experiente piloto britânico que defende a Toyota no WEC, também treinou hoje, completou as mesmas 15 voltas e ficou a um décimo de Nasr.
Outro comparativo muito interessante da sexta-feira foram os tempos de volta do britânico Lando Norris e do bicampeão mundial de Fórmula 1 Fernando Alonso, no que parece ser uma competição divertida de se acompanhar – para ver quem vai bater ao outro durante o ROAR. Pelo menos no primeiro dia, Norris botou as manguinhas de fora. O britânico deu 28 voltas e fez sua melhor passagem em 1’38″170. Alonso fez apenas quatro giros de aclimatação à pista pela manhã e completou mais 16 de tarde. Não conseguiu ir além de 1’38″602, o que o colocou em 29º entre os pilotos de Protótipos – se considerarmos as melhores voltas de todos eles.
A Penske teve desempenho discreto com seus novos Acura ARX-05 DPi, que a exemplo dos Cadillac e dos Nissan Onroak DPi, começam com 10 kg a mais no peso mínimo regulamentar. Hélio Castroneves pouco andou. A equipe fez voltas de instalação para checagem dos bólidos no primeiro treino e o Homem Aranha só completou sete voltas de tarde – a melhor delas em 1’38″758. Se serve de consolo, o brasileiro foi o mais rápido do carro #7.
Pipo Derani também completou poucas voltas. Trabalhou apenas de manhã e deu 10 giros – o melhor deles em 1’39″456, com o #22 da Tequila Patrón ESM. Bruno Senna testou de tarde no segundo carro da United Autosports, que só andou na primeira sessão com o escocês Paul Di Resta. O campeão mundial do WEC na classe LMP2 deu 20 voltas no total – a mais rápida em 1’40″051. O melhor tempo foi do novato em Daytona Hugo de Sadeleer, que marcou 1’39″720.
Dentre os 20 Protótipos inscritos para o ROAR (e possivelmente para as 24h de Daytona), só os Mazda DPi tiveram alguns problemas. Além das peças que vieram do Japão não chegarem a tempo para o primeiro treino, um dos carros foi reconstruído após um acidente forte nos treinos realizados lá mesmo em Daytona há algumas semanas e não estava ainda no jeito.
Na classe principal de Grã-Turismo (GTLM), o belga Laurens Vanthoor foi o mais rápido do dia com a marca de 1’44″065, somente 0″030 abaixo do Ford GT EcoBoost do britânico Richard Westbrook, da Chip Ganassi Racing. Nick Tandy foi o terceiro na folha de tempos com o segundo Porsche oficial de fábrica e Dirk Muller ficou com o quarto tempo.
Alessandro Pier Guidi fará um papel digno de Doze Trabalhos de Hércules no fim de semana: vai andar sozinho na Ferrari #62 da Risi Competizione. E o italiano mostrou serviço, cravando o quinto tempo e completando 41 voltas. Os Corvette C7-R ficaram ali na famosa “meiúca” do pelotão e os novos BMW M8 GTLM ainda estão longe – pelo menos num primeiro momento: o carro #25 ficou a três segundos e meio da melhor marca do dia e o #24, onde está inscrito o brasileiro Augusto Farfus, só andou de tarde e deu apenas sete voltas.
O plantel de 21 carros da GTD entrou na pista nesta sexta-feira e a equipe austríaca GRT Grässer (em sua segunda visita à pista da Flórida) fechou o dia com o melhor tempo: Rolf Ineichen fez o tempo de 1’47″104 na primeira sessão e à tarde, o novo contratado, o francês Franck Perera, também andou muito bem e mostrou serviço, andando a 0″071 do companheiro do carro #11.
A segunda posição foi da Manthey Racing e seu Porsche 911 GT3-R, conduzido pelo italiano Matteo Cairoli. Em apenas nove voltas, o piloto júnior da Porsche fez 1’47″240, enquanto o holandês Max Van Splunteren foi o terceiro geral do dia com o outro Lamborghini Huracán da Grässer.
Dois Audi R8 LMS (que têm a mesma mecânica do Lambo) vieram a seguir, com Kelvin Van der Linde figurando em 4º lugar e o experiente alemão Markus Winkelhock, aquele mesmo que andou de Fórmula 1 pela Spyker (ou Midland, já não lembro mais…) em quinto. Mais um Porsche, este guiado por Jörg Bergmeister, fechou o grupo dos seis mais rápidos.
Daniel Serra fez suas primeiras voltas com a Ferrari 488 GT3 da Spirit of Race, braço da AF Corse nesta divisão, no treino da tarde. O novo campeão da Stock Car e vencedor das 24h de Le Mans na LMGTE-PRO fez sua melhor volta em 1’47″933, completando um total de 15 voltas – poderiam ter sido mais, só que ele foi protagonista de uma das três bandeiras vermelhas do dia. Convidado por Paul Gentilozzi para compor a tripulação do carro #14 junto a Dominik Baumann e Kyle Marcelli (que disputarão a temporada completa), além do suíço Philipp Frommenwiler, o brasileiro Bruno Junqueira buscou a adaptação ao Lexus RC-F da 3GT Racing, completando 10 giros. Na melhor passagem, o antigo campeão da Fórmula 3000 marcou 1’49″229.
O sábado será bastante movimentado, pois haverá três sessões de treinos livres. A primeira atividade começa às 10h50 locais, 13h50 pelo horário de Brasília. À tarde, haverá outra sessão com início às 15h30 nos EUA (18h30 no Brasil) e também teremos um treino noturno, com 1h30 de duração e início às 21h30 daqui.
Não obstante, como os leitores já sabem, teremos a primeira prova do remodelado IMSA Prototype Challenge, bem como mais treinos de preparação do Continental Tire SportsCar Challenge, do qual falaremos assim que os testes terminarem na Flórida.
A má performance da BMW é, de fato, compreensível. O 911 RSR e o Ford GT já são carros mais maduros. A 488 GTB também, embora a Risi tenha alinhado apenas um carro.
A Corvette deve estar um pouco preocupada, mas eu creio que o C7-R não terá vida longa no certame, porque o lançamento do novo Corvette de rua se aproxima. O carro tem sido muito aguardado por provavelmente iniciar a migração para o motor central, uma decisão que certamente teve a ver com o sucesso recente dos Ford GT e seu motor Ecoboost V6 montado no centro do carro.
É isso mesmo, Levi. A Corvette já se encontra na transição para o seu novo carro de competição. Se ela for derrotada em 2018 por Ford ou Porsche, não será surpresa. Pena a Risi ter optado por uma participação esporádica na temporada. E mais pena ainda haver menos Ferraris como gostaríamos.
Todos os “Caddies” estão com motores V8 5.5 litros? Os carros #64, #82 e #51 irão participar do NAEC?
O #64 da Scuderia Corsa e o #82 da Risi sim. O carro da Spirit of Race, não.
Felipe, todos os Caddies vão de V8 5,5 litros em 2018.
Obrigado.
Mattar, esse motor novo dos Cadillacs seria baseado no small block usado pela Corvette?
Sim, seria!
Mestre Mattar!
Como será a programação da Fox para está prova?
Como ainda estou meio longe da civilização pensa em uma Internet ruim e não estou conseguindo acompanhar nada com a devida atenção!
Abraços do Rio Grande Tchê!
Não temos nada definido ainda. A corrida é só dia 27. Siga acompanhando o ROAR aqui no blog. Amanhã, o site oficial terá a transmissão de um treino “classificatório” para definir as posições de pit nas 24h de Daytona. É a partir de 14h25 de Brasília, no endereço imsa.com
Obrigado!
Seu blog eu acompanho diariamente, parabéns pelo belo trabalho!
Rodrigo, alguma noticia a respeito do Osvaldo Negri Jr?
Nenhuma. Acho que ele não disputará a corrida.