12h de Bathurst: vitória da WRT Audi e grave acidente em Mount Panorama

WRT-Audi-2018-bathurst-12-Hour-Race

RIO DE JANEIRO – As 12 Horas de Bathurst não fugiram do padrão das disputas anteriores no circuito australiano de Mount Panorama. Também pudera: numa pista de mais de 6 km de extensão, 23 curvas, subidas, descidas, topo de montanha, muro dos dois lados em grande parte do traçado, erros não são permitidos. E os acidentes foram uma praxe na corrida disputada neste domingo lá na Oceania.

Mas um dos acidentes – este sim, muito grave – acabou por definir a disputa, faltando 22 minutos para o fim do tempo previsto.

A corrida já havia apresentado nada menos que 15 períodos de Safety Car, quando o carro #69 da Supabarn Supermarkets, pilotado por Ashley Walsh, bateu com um MARC II Mustang da classe Invitational e acabou atravessado de lado na pista de Mount Panorama. Quatro pilotos conseguiram desviar do carro destruído, mas a Mercedes #19 guiada por John Martin vinha a toda velocidade e não houve tempo de evitar o adversário. O impacto foi brutal. Confira no vídeo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=lHZb_OmKS88

Ash Walsh foi levado a um hospital nas proximidades de Mount Panorama para exames. Havia suspeita de fraturas nas costelas e perfurações num pulmão.

Após a entrada do carro de segurança, uma inédita bandeira vermelha foi deflagrada e as 12h de Bathurst tiveram pouco mais de 11h38min e 271 voltas percorridas, com vitória do carro #37 de Robin Frijns/Stuart Leonard/Dries Vanthoor, da equipe belga WRT Audi – competentes o suficiente para não ter problemas como os adversários, que acabaram envolvidos nos mais variados incidentes. Inclusive a BMW #43 da equipe Schnitzer, pole position e que não pôde completar a disputa na estreia de Augusto Farfus no desafiante circuito australiano.

Também a Jamec-Pem Racing, uma das equipes favoritas após o bom desempenho nos treinos oficiais e no Top 10 Shootout, foi vítima de problemas. Kelvin Van der Linde escorregou com o carro #22 para fora do traçado e o bólido bateu no muro. Fim das esperanças para ele, Garth Tander e Frederic Vervisch, que acabaram em 27º lugar. Pior aconteceu com o #74 dos alemães Chris Mies/Christopher Haase/Markus Winkelhock, líder na altura da décima hora, que parou no meio do circuito e obrigou o trio a desistir da prova.

O resultado final mostrou algumas surpresas, como o 2º lugar do Mercedes-AMG da equipe SunEnergy1 guiado por Kenny Habul/Tristan Vautier/Jamie Whincup/Rafaele Marciello e o pódio da Black Swan Racing com o Porsche de Tim Pappas/Jeroen Bleekemolen/Luca Stolz/Marc Lieb, conquistando a vitória na classe A Pro-Am.

Aliás, os bólidos de Weissach se portaram muito bem na corrida e mesmo com o resultado apenas mediano dos carros de equipes de fábrica nos treinos classificatórios, todos terminaram entre os seis primeiros, incluindo o #12 da Competition Motorsports, em quarto. A Manthey Racing chegou inclusive a liderar a disputa, mas acabou mesmo na sexta colocação.

O #991 de Kévin Estre/Laurens Vanthoor/Earl Bamber, na verdade, acabou em terceiro quando a prova foi declarada encerrada na bandeira vermelha. Porém, os comissários aplicaram ao trio uma punição de 30 segundos adicionais ao resultado final, forçando a queda para o 5º lugar.

Incrível que mesmo com a batida, o Audi #69 da Supabarn conquistou o primeiro lugar entre os carros da classe A Am, apenas para pilotos prata ou bronze. Outras atrações das 12h de Bathurst foram dois ex-pilotos de Fórmula 1: o veterano (54 anos) Ivan Capelli chegou em oitavo com um Lamborghini Huracán e Timo Glock, na BMW da Steven Richards Motorsport, completou em nono.

Na classe B, o Porsche Cup #4 da Grove Group confirmou o favoritismo e venceu com sobra absoluta, terminando em 17º lugar na geral, duas voltas à frente do MARC II V8 (Mustang) #91 da MARC Cars Australia, vencedor do grupo Invitational. A Boat Works, pole da classe C, venceu a prova na categoria dos GT4 com Aaron Seton/Matt Brabham/Tony Longhurst completando 250 voltas – quatro a mais que o 2º colocado da classe, o Ginetta #77. A Interlloy levou o último lugar do pódio com o KTM X-Bow #49 depois de perder o principal carro do time num acidente logo no início.

Dos 50 carros que tomaram parte das 12h de Bathurst, 32 foram classificados no resultado final, mesmo os acidentados.

Comentários

  • Assisti boa parte da corrida pelo canal da Nismo, cheia de bandeiras amarelas mas muito disputada e emocionante. Acho que a largada é as 5 ou 6hrs local escuro ainda, depois meu amigo vem um sol belíssimo para combinar com a paisagem.

  • Chaz Mostert jogou a corrida da Schnitzer fora, estava indo muito bem até tocar no POrsche e no Bentley na saída do Forrest Elbow…

    Essa panca com o Audi e Mercedes foi feia! Mas foi uma baita corrida!

    • Foi o Porsche que espalhou pra cima dele e causou o acidente.

      Aliás, vamos jogar um pouco de pimenta na discussão: BMW e Mercedes têm uma tarefa hercúlea pela frente quando eles têm de 2 a 4 carros cada enquanto o adversário alinha mais de 15, entre Audis, Porsches, Bentleys, Lamborghinis… Entendedores entenderão. ;)

  • Gostei da disputa intensa dos GT’s e o circuito é bem legal. A transmissão também foi ótima. Convenhamos, pouco mais de 1,5s de diferença do 1º para o 2º colocado e os 7 primeiros colocados na mesma volta depois de 12h de corrida são excelentes resultados.
    Parabéns à Audi pela vitória.
    Rodrigo, sabe o porquê da ausência das Ferraris 488(ganharam ano passado), dos Aston Martin e dos Corvettões?

  • Lamy/Della Lana/Lauda pilotando Audi? Em Daytona andaram de Ferrari. Estão levando informações preciosas para a Aston, ou estão estudando abandonar a Aston?

  • Assisti grane parte da corrida pelo streaming e pelo live timing, até o acidente do 43, A pista é perigosa, mas é linda e super desafiadora ! São mais de 6 km de extensão, cheios de curvas de todos os tipos, em subida e em descida, um espetáculo. E deve ser uma delicia guiar naquele trecho em descida !!! Saudades do antigo Interlagos, de Clermont Ferrand (Charade), que eram também desafiadores. Hoje, circuito assim só Nurburgring, SPA, Laguna Seca e Road America.
    Passar ali, com carros equivalentes, deve ser muito dificil, e só os bons conseguem passar com regularidade !!!
    Apesar de estarem na prova muitos pilotos de nome, Wittman, Farfus, Bamber, Glock, Bleekmolen, Vanthoor (L), entre outros, os que me impressionaram mesmo foram o Raffaelle Marciello e, especialmente, o Chaz Mostert ! Nunca tinha visto ele pilotando, e fiquei impressionado com a facilidade e a ousadia com que ele passava pelos outros. Apesar do acidente que acabou com a corrida do 43, a corrida dele foi notável, e ele era nitidamente mais rápido do que o Farfus e o Wittman, no mesmo carro. Se ele não bate (e ele ainda teria outro turno de pilotagem até a bandeirada), certamente ia levar aquele carro, se não a vitoria, pelo menos ao podio. Mas acho que ele tiraria facil os aprox. 50 segundos de desvantagem que tinha para os lideres, tava muito mais rapido !!!
    Bateu, mas, na melhor teoria Masten Gregory, ele pode dizer: bati, quebrei o carro, acabei com a corrida da trinca,…mas enquanto estive na pista, ninguém andou mais do que eu !!! E, cá entre nós, ele deu azar de aquele Porsche mais lento estar devagar demais na saida da curva, porque senão ele teria conseguido uma ultrapassagem antológica !!! Seria daquelas pra entrar pra historia da prova !!!! E ele já tava com o “serviço feito”…não fosse o Porsche…..Tudo bem , o cara tem só 25 anos. Se eu fosse a BMW, levava ele pra provas europeias e americanas. Um pilotaço!
    Outra coisa que me chamou atenção, acompanhando o live timing, foi que os Porsches de primeira linha (numeris 991, 911, 540) conseguiam ser regularmente mais rápidos que os outros carros no T1 e muitas vezes no T2 !!! Ou seja, ainda são melhores de curva que os BMW, Merc e Audis. Um pouquinho mais de potencia e de velocidade final, e não teria pra ninguém.

    Antonio

    • Antonio, não é só o Chaz Mostert que é muito rápido. Scott McLaughlin e Shane Van Gisbergen também são muito competentes e velocíssimos. O primeiro corre para a equipe parceira da Penske e quase foi campeão do Supercars em 2017. Van Gisbergen é tido como meio mala sem alça, é o único senão sobre ele. Tinha sido o campeão do ano retrasado.

      • Rodrigo,

        Estava curioso ´para ter visto a pilotagem do Whincup também, mas nos períodos em que assisti a prova pouco focalizaram o carro dele.

  • Pedro,

    Tá certo de que ele deve conhecer os macetes da pista um pouco melhor do que a grande maioria dos rivais (estrangeiros).
    Mas aquela ultrapassagem, se completada teria sido exuberante (e ja estava praticamente completa, quando ele tirou o pé pra tentar evitar o Porsche): passar 2 carros de uma vez, POR FORA, numa curva fechada e de grande arco, MEU DEUS, seria assunto pra ser comentado durante anos !!!!