Gerard Welter (1942-2018)

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O “pai” do Peugeot 205, Gerard Welter, morreu nesta quarta-feira, aos 75 anos

RIO DE JANEIRO – Luto no automobilismo, na indústria automobiliística francesa e no Endurance mundial: faleceu ontem aos 75 anos, de causas não reveladas, o construtor e dono de equipe Gerard Welter, que por muitos anos serviu à Peugeot.

Para quem não sabe, ele foi o criador do 205, um dos mais representativos modelos de rua da marca do Leão e foi lá onde ele começou a trabalhar, em 1960, ainda antes de completar 18 anos.

No automobilismo, Welter teve um envolvimento de praticamente meio século. Junto ao colega de Peugeot Michel Meunier, concebeu e construiu em 1969 seu primeiro protótipo – o WM P69. A sigla, está claro, indica W de Welter e M de Meunier.

A década seguinte marcou o período de transição dos carros-esporte franceses. Com o fim do programa da Matra, a Alpine-Renault ainda incipiente e a Ligier rumo à Fórmula 1, Welter e o ainda piloto Jean Rondeau tinham ideias similares de construção de um novo Esporte Protótipo para a edição de das 24 Horas de Le Mans em 1976.

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Um dos carros-esporte que construiu no embrião do que depois seria conhecido como o Grupo C foi este WM P80, com apoio oficioso da Peugeot

Ambos queriam competir com um modelo GT Protótipo (GTP), um tipo de carro fechado que o Automobile Club de l’Ouest permitiu no regulamento técnico a partir daquele ano. O motor seria o PRV (Peugeot, Renault e Volvo) V6 de 2,7 litros, mas o sucesso do Gulf-Mirage com motor Ford Cosworth V8 derivado das unidades de Fórmula 1 mostrou que o caminho era outro.

Enquanto Rondeau recusou-se a competir com o motor PRV e criava o seu Inaltera com as unidades Cosworth, Welter pagou pra ver e fez o WM P76 com a unidade PRV V6 2,7 litros e depois vieram todos aqueles modelos que depois virariam os chamados Grupo C.

A WM entrou para a história do automobilismo em 1988, quando Roger Dorchy alcançou o recorde histórico de velocidade no antigo retão de 7 km de Le Mans, Les Hunaudières: 407 km/h, que para efeito de marketing foram reduzidos para 405 km/h, porque o motor do protótipo WM Secateva era uma unidade Peugeot – e porque também o modelo 405 do construtor francês era lançado naquela época.

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Momento de glória: a pole position da edição de 1994 das 24h de Le Mans, conquistada por William David num protótipo WR LMP2

Depois, Welter teria um momento de sonho em 1994, quando William David pôs uma de suas criações na pole position das 24 Horas de Le Mans. E outro de extrema tristeza, com o desaparecimento precoce de Sébastien Enjolras nos treinos de pré-classificação, num acidente ocorrido na curva Arnage do circuito de Sarthe. O piloto tinha apenas 21 anos e era visto como uma grande revelação do esporte em seu país.

Nas décadas seguintes, com diferentes variações mecânicas, incluindo Judd e até o Mazda trirotor, os protótipos já batizados como WR (o R de Rachel Welter, sua mulher) foram vistos em Sarthe e inclusive nos EUA. A última vez que um protótipo WR esteve em Sarthe foi há quase uma década: em 2008, o carro #37 da WR Salini guiado por Tristan Gommendy, Stéphane e Philippe Salini terminou o evento em 23º na geral e oitavo lugar na classe LMP2.

Uma pena que Welter tenha partido antes que se concretizasse o sonho de um projeto Garage 56 no qual a Welter Racing estava engajada: pelo menos há dois anos, ele trabalhava na construção e concepção de um protótipo movido a biogás para voltar a disputar as 24h de Le Mans.

A morte, contudo, foi mais rápida que ele…

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