Roberto Farias, 86

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A arte cinematográfica fica menos legal e cada vez menos órfã de grandes nomes como Roberto Farias, que morreu hoje vítima de um câncer

RIO DE JANEIRO – O cinema brasileiro tem, a partir de hoje, uma dívida de gratidão com Roberto Farias.

Mesmo sem ter dirigido uma única película nos últimos 30 anos – a última delas foi a releitura d’o Auto da Compadecida, projeto que Ariano Suassuna aprovou para ser estrelado por ninguém menos que Os Trapalhões – e depois disso, foi trabalhar com televisão, como diretor artístico de minisséries como “Decadência”, “As Noivas de Copacabana”, “Memorial de Maria Moura” e “A Máfia no Brasil”, este fluminense de Nova Friburgo já poderia figurar em qualquer documento como um dos mais importantes nomes da sétima arte no país.

Não por ter sido o diretor dos três filmes estrelados por Roberto Carlos e do documentário sobre Emerson Fittipaldi. Mas, principalmente, por duas películas. “Assalto ao Trem Pagador” e, em especial, “Pra Frente, Brasil”. Para entender melhor o que era viver neste país em tempos sufocantes, o filme produzido em 1982 é uma obra-prima. A caracterização do canalha Dr. Barreto, vivido por Carlos Zara, é uma das melhores coisas já vistas na telona.

E já que falei dos filmes de Roberto Carlos e de “O Fabuloso Fittipaldi”, Roberto teve o mérito de fazer seu xará, já um fenômeno pop do país no final dos anos 1960, deixar de interpretar a si mesmo em películas sem nexo para ser um mecânico da revenda Ibirapuera da Chrysler (lembram?), que sonhava em ser piloto de corridas.

Claro que o roteiro era absolutamente pueril, Roberto, ops… Lalo se enamorava pela mocinha, músicas do próprio RC como “Todos estão surdos” e “De tanto amor” servem de pano de fundo constante para a trama, mas o melhor daquilo tudo são as imagens do velho Interlagos e os carros que por aqui correram. Que saudades…

Em homenagem à morte do diretor, nesta segunda-feira, fulminado por um câncer, o blog traz “Roberto Carlos a 300 km/h”. Na íntegra.

Comentários

  • Perda Lamentável. Com relação ao filme, que é de 71, eu era pré-adolescente na época e assisti na telona, muito bom poder rever as imagens. Já curtia automobilismo, meu pai tinha um Dojão sedã e o Charger R/T, carro nacional mais forte da época, era sonho de consumo. É uma beleza ver o bicho dando voltas em Interlagos antigo, assim como o Avallone Chrysler. Interlagos antigo que na minha ótica tem um traçado superior à Spa, Suzuka, Road America e Laguna Seca, entre outros, se for olhar visibilidade para o publico, então dava de balaiada. Usaram imagens da Copa Brasil de Automobilismo (etapa de Interlagos) disputada no final de 70, um torneio de protótipos com a presença de alguns carros interessantes como a fortíssima Ferrari 512S(#17) do Moretti(1:38, 31), rival do 917 na época, Lola T70(Chevrolet V8 5,0l) (#2 e 8), Lola T-210(#1) Cosworth do Emerson(1:16:46) e #94 de Tite Catapani, Porsche 908(#10) do Bragation (Scuderia CS). De protótipos nacionais temos este Avallone(#6)(que me pareceu mais uma Lola modificada, diferente dos que correram de 72 em diante e com motor do Dojão carburação simples) e Lorena. Vi também alguns Pumas e Alfa Gta. Lembro-me que venderam nas bancas alguns mini posters dos protótipos desta copa, o qual tinha o habito de colar nas paredes dos quartos.

  • Roberto era amigo de meus pais e frequentava a minha casa quando eu era guri. A cerca de dez anos atras estivemos com ele, durante uma homenagem feita a minha avó, que foi uma das pioneiras do cinema brasileiro, como atriz, diretora, produtora e roteirista no periodo 1920-1950., e tive o privilegio de presenciar uma longa conversa dele com minha mãe minha tia. Lembraram dos tempos em que meu pai produziu filmes dele no estudio de cinema da minha avó, na Usina ( estudio que mais tarde foi vendido ao Herbert Richers e foi usado durante muitos anos pela Globo). Além de ser um baluarte na estoria do cinema nacional, Roberto era uma pessoa muito simpatica e muito querida, o que pude comprovar naquela noite, pela forma como as pessoas o tratavam.
    Provavelmente hoje estão lá no ceu conversando sobre cinema, ele, meu pai minha mãe, e também sobre os fantasticos jantares que a nossa cozinheira Ana preparava, e que o Roberto tanto gostava, conforme lembrou naquela noite, la no Cinbe Arte, em Botafogo, durante as homenagens a minha avó.

    Obrigado por ter postado o filme, Rodrigo, vou aproveitar pra ver de novo as imagens do inimitável Interlagos antigo e daqueles maquinas maravilhosas da epoca.

    Antonio.