24h de Le Mans: entenda o regulamento

RIO DE JANEIRO – A 86ª edição das 24 Horas de Le Mans – a maior corrida de Endurance do planeta – será apenas no fim de semana de 16 e 17 de junho. Mas para aliviar a tensão pré-Sarthe, que sempre toma conta do fã alucinado por velocidade. Neste domingo, já teremos um aperitivo com a realização do Journée Test. Os 60 carros titulares estarão na pista – mas há duas inscrições de sobreaviso na lista de espera, aguardando uma eventual desistência por um acidente mais grave ou um problema técnico insolúvel. Pode acontecer, nada é impossível.

A prova francesa é a mais democrática do esporte, misturando pilotos em atividade em grandes categorias como Fórmula 1, Indy, Fórmula E e Super GT com pilotos de graduação inferior – os gentlemen drivers – normalmente com cheques polpudos e contas abarrotadas de dólares ou euros. Muitos deles são a mola-mestra de várias equipes em busca da glória, porque o sonho de competir em Le Mans, como disse Gérard Neveu certa vez, é para todos.

Como vocês já sabem, a prova faz parte do calendário do FIA World Endurance Championship desde 2012 e, por conta do rearranjo das datas para uma temporada bienal, a Super Season (nome pomposo adotado pela organização) terá duas edições das 24h de Le Mans em sua primeira temporada.

O regulamento técnico atende às especificações do WEC, mas carros que disputam as séries European Le Mans Series (ELMS) e IMSA Weather Tech SportsCar Championship, podem participar – exceto na classe LMP1. As equipes do Asian Le Mans Series (AsLMS) são pré-selecionadas, mas elas têm que competir com carros conformes ao regulamento do Mundial de Endurance, porque principalmente na classe LMP2 não são mais permitidos os chassis que disputam o campeonato asiático.

O blog usará, para melhor explicação, as ilustrações abaixo para mostrar as diferenças entre as duas divisões de Esporte Protótipos e as duas classes de Grã-Turismo. O plantel é dividido irmãmente, com 30 Protótipos – dez LMP1 e vinte LMP2 – e 30 modelos Grã-Turismo – 17 LMGTE-PRO e treze LMGTE-AM. Temos também um total de 13 construtores diferentes envolvidos no evento.

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Outro item que sempre cabe uma explicação mais detalhada é a categorização dos pilotos – divididos em quatro graduações: Platina, Ouro, Prata e Bronze. Muito embora as classes LMP1 e LMGTE-PRO sejam exclusivas de pilotos profissionais, o Automobile Club de l’Ouest (ACO) e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) dispensam a obrigatoriedade da licença platina/ouro em casos excepcionais.

Nessa temporada, foi aberta uma exceção para o bronze Henrik Hedman competir como piloto de LMP1 porque, afinal, é ele quem paga a conta na DragonSpeed…

Então o blog também se apressa a explicar pra vocês, que sempre perguntam porque A é bronze, B é ouro e porque C não é platina, os requisitos pré-estabelecidos.

PLATINA (pilotos profissionais)

Pilotos profissionais que atendem a pelo menos dois critérios numa lista definida pela FIA. Exemplo: ter vencido as 24h de Le Mans em LMP1 ou LMGTE-PRO, ou ser um piloto de fábrica com resultados significativos. Outro desses critérios é possuir a Super Licença de piloto de Fórmula 1. Detalhe: todo piloto Platina que esteja (ou não) em atividade ao completar 50 anos de idade, baixa para Ouro.

OURO (pilotos profissionais ou amadores)

Pilotos que atendem a um critério numa longa lista de requisitos menos rigorosos que aqueles definidos para os pilotos Platina. Um deles é terminar entre os três primeiros em qualquer categoria de monpostos de caráter secundário, como Indy Lights, Fórmula Renault e GP3 Series, por exemplo.

Os que satisfazem apenas um critério dentre os 10 pré-estabelecidos pela FIA para ser Platina, são automaticamente encaixados na categoria inferior. Qualquer piloto Ouro que esteja (ou não) em atividade, ao completar 55 anos, é rebaixado para Prata.

PRATA (pilotos amadores com boas performances)

Pilotos com até 30 anos de idade que não satisfazem qualquer dos critérios anteriores para serem graduados como Platina ou Ouro; ou que tenha conquistado um título nacional ou regional de uma categoria considerada de importância pela Federação de seu país.

Pilotos Prata que estejam (ou não) em atividade ao completar 60 anos de idade são rebaixados para Bronze.

BRONZE (pilotos amadores sem grandes resultados)

Pilotos acima de 30 anos quando da emissão da primeira licença de piloto e que não tenham nenhuma experiência em monoposto; Qualquer piloto acima de 30 anos qualificado como Prata, mas sem resultados significativos (Títulos, Vitórias e Poles); Qualquer piloto com menos de 30 anos com licença emitida pela primeira vez durante sua categorização e que não tenha participado em competições de Kart em alto nível.

E pilotos acima de 60 anos que tenham pertencido a qualquer uma das três graduações anteriores, automaticamente se encaixam como Bronze – o que explica Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial de Fórmula 1 e da Indy 500 ter recebido a licença bronze para voltar às pistas nas 6h de São Paulo em 2014.

Comentários

  • Olha.. eu gosto de seu blog pq, vce envia detalhes detalhes de provas, categoria etc etc..
    Resumo..Parabens.. mesmo que as x eu falo abobrinhas..e vce regula..faz parte..
    Parabens..

    • Você pode escrever o que quiser, mas respeitando o espaço, os leitores e principalmente o blogueiro. Obrigado pela mensagem.

  • Tá chegando o dia…pena que muito provavelmente será ofuscado (televisivamente falando…) pela copa do mundo, sobretudo, pela véspera do jogo da seleção da CBF (que não me representa e tampouco terá minha torcida/ camisa do golpe…). Mas temos o blog e certamente pintará algum link maroto ai, como ano passado, nem que seja apenas para uma parte da prova.
    Mattar, se possivel, pode depois falar sobre o BoP na LMGTE Pro, porque parece que mais uma vez vão “segurar” Porsche, Ford GT e Ferrari em ajuda aos projetos mais antigos (Corvette).

  • Não quero perder esta prova de jeito nenhum, mas bem que eles podiam baixar o peso dos LMP2 para algo em torno de 700Kg para eles darem pelos menos um pouco de “calor” nos LMP1 e não colocar com um peso mais alto, já que dispõem de menos potencia. Também acho esta proporção de cilindrada entre aspirado e turbo nos LMGTE muito pequena, 5500/4300~1,28 deveria ser no minimo 1,5 a 2.
    Mas quem é capaz de entender o que a FIA quer nos dias atuais?

    • Marcio, os LMGTE-PRO e LMGTE-AM já andam claramente limitados, porque se eles tivessem a potência dos modelos de rua, virariam perto de 3’40” em Sarthe, brincando.