Análise: as 24h de Le Mans que nunca terminam…

RIO DE JANEIRO – Mais um ano em que as 24 Horas de Le Mans terminaram depois que o pano baixou para os vencedores e que a champagne foi estourada pelos três primeiros colocados nas quatro categorias participantes da maior corrida de Endurance do planeta – e com boa dose de polêmica em diversos aspectos. As punições e desclassificações pós-prova são apenas um recheio de um bolo de números, fatos e constatações que podemos tirar de tudo o que vimos neste fim de semana.

Por mais que muitos desmereçam a vitória da Toyota – e não falta gente fazendo isso – algumas dúvidas foram desfeitas. Principalmente quando se fala de Fernando Alonso. Não discordo que Kazuki Nakajima e Sébastien Buemi tenham sido fundamentais para que o carro #8 tivesse vencido a corrida na França. Mas o espanhol fez sua parte – e muito bem.

Vamos à análise dos números da LMP1.

Analise LMP1

Pois bem: Alonso não foi o piloto mais rápido do carro #8 em prova – a melhor volta, 3’17″658, a menos de dois décimos do recorde de André Lotterer, foi de Sébastien Buemi. Mas o ritmo de prova do bicampeão mundial de Fórmula 1 no compilado de suas 40 voltas mais rápidas foi 0″381 superior ao do suíço e meio segundo melhor que o de Kazuki Nakajima. A média de voltas de Fernando foi 3’20″094. E para efeito de comparação com Pechito López, que estava na pista sempre ao mesmo tempo que o espanhol, a média das 40 melhores voltas do argentino foi 3’20″582 – incrivelmente, a melhor entre os pilotos do carro #7.

Entre os não-oficiais, se Neel Jani foi o mais veloz com 3’20″046 numa única volta, Gustavo Menezes foi o destaque absoluto na média das 40 voltas mais rápidas. O estadunidense foi melhor em 0″611 em relação ao suíço, enquanto vale observar o bom trabalho de Vitaly Petrov no #11 da SMP Racing, mesmo após os problemas técnicos que fizeram o carro se atrasar bastante na corrida.

Na ponta inferior da tabela, o contraste entre o sueco Henrik Hedman e seus companheiros de DragonSpeed: Ben Hanley fez sua melhor volta em 3’22″064 e Renger Van der Zande, estranhamente, não estava no mesmo ritmo do britânico, fazendo 3’26″252. Mas o nórdico foi o mais lento dos pilotos da categoria na pista – 3’31″164, nove segundos e um décimo pior que Hanley.

Dos 30 pilotos inscritos, Oliver Webb foi o único que não esteve a bordo na disputa. Pechito López foi o que mais voltas completou: 139, correspondentes a 36% do total de voltas percorridas pelo carro #7.

Analise LMP2

Aqui acima está o ranking da LMP2. Que traz números e situações curiosas. A começar pelo piloto “amador” do #26, Andrea Pizzitola. O francês foi o terceiro na média de 40 voltas mais rápidas, com 3’30″351 (melhor volta em 3’28″485). O segundo piloto prata ou bronze – Vincent Capillaire – foi o vigésimo na listagem. Ou seja, havia dezessete nomes ouro ou platina entre eles.

Loïc Duval foi o piloto com a melhor média de 40 voltas rápidas – 3’29″119 – e um dos mais rápidos da corrida. Só perdeu em 0″058 para a melhor volta geral, do também francês Nathanaël Berthon, da DragonSpeed.

Os protótipos Oreca continuam muito superiores em termos de performance aos Ligier e Dallara. Na média das 40 voltas mais rápidas, Juan Pablo Montoya (melhor com os Ligier) ficou a 2″439 de Duval. O mais rápido numa única volta com os carros construídos pela Onroak foi Hugo De Sadeleer – 3’28″661, um segundo e quatro décimos mais lento que o melhor tempo da corrida na categoria.

Entre os pilotos com Dallara, Giedo Van der Garde foi o destaque da disputa. Média de 3’31″233 na média das 40 melhores voltas – 2″114 atrás da média de Duval e melhor volta em 3’29″754. Com os carros do construtor italiano, o piloto do Racing Team Nederland foi superado na volta rápida por Felipe Nasr, que rodou em 3’29″578 e também por Norman Nato, que conseguiu 3’29″188.

Para nenhuma surpresa, os pilotos bronze da Algarve Pro Racing foram os mais lentos, com Ate Dirk de Jong sendo disparado o pior nos protótipos – média de 40 voltas em 3’48″352 e a mais rápida de suas 72 passagens em 3’42″515., dois segundos e 211 milésimos mais lento que o sul-coreano Tacksung Kim, da mesma equipe. Mark Patterson até que não comprometeu – andou em 3’37″637. E dos pilotos com graduação bronze o mais rápido foi o veterano holandês Jan Lammers, que aos 62 anos ainda conseguiu voltas em 3’34″566 (mais veloz na prova) e 3’36″679 (média das melhores 4o passagens).

Loïc Duval foi o piloto que mais voltas cumpriu na disputa inteira – 154, correspondentes a 42,19% do total percorrido pelo carro #28, que acabou desclassificado.

Analise LMGTE-PRO

Na LMGTE-PRO, que reuniu um total de 51 pilotos em 17 carros inscritos, vinte e cinco ficaram no espaço de um segundo a partir da melhor média de 40 voltas rápidas, que foi de Fred Makowiecki. O piloto da Porsche estabeleceu 3’51″225 no combinado, somente 0″039 mais rápido que o segundo mais veloz – surpreendentemente, o espanhol Antonio Garcia, da Corvette. Dirk Müller foi o mais rápido do esquadrão Ford, seguido pelos companheiros de Tony Kanaan.

Entre os integrantes do trio do #92 vitorioso na categoria, destaque para Kévin Estre, com a décima melhor média de voltas e como o piloto mais rápido no carro – 3’50″406. Jan Magnussen destacou-se por fazer a melhor volta da categoria, sendo o único piloto a rodar abaixo de 3’50” em ritmo de prova – o veterano dinamarquês fez 3’49″448.

A BMW saiu com nota positiva: Nicky Catsburg e Antônio Félix da Costa ficaram no top 25 da média de 40 voltas mais velozes na disputa, além do austríaco Philipp Eng. Mas o brasileiro Augusto Farfus foi o mais rápido da prova inteira com os carros bávaros – 3’50″870, em 81 voltas percorridas.

Após se tornar o grande destaque da disputa no ano passado, Daniel Serra ficou a cerca de quatro décimos na média de 40 voltas mais rápidas em relação a James Calado. A melhor volta de um total de 106 do brasileiro da Ferrari #51 da AF Corse foi 3’51″399. O britânico marcou 3’50″759 e Ale Pier Guidi rodou em 3’51″055.

No carro #52, a média de 40 melhores voltas de Pipo Derani foi 3’52″850, com a melhor de 111 voltas percorridas por ele em 3’51″553.  O mais rápido do trio foi Toni Vilander, em 3’50″569.

A turma da Aston Martin tirou leite de pedra durante a disputa: entre os pilotos que completaram mais de 90 voltas, foram os mais lentos. No top 40, jamais ficaram abaixo de 3’53” – porém Nicki Thiim conseguiu 3’52″318 como melhor volta, a 2″870 do mais rápido da divisão.

Agora… e Scott Dixon com apenas 83 voltas percorridas? E principalmente Tony Kanaan com 77? Como pode o desnível de desempenho dos dois e principalmente de voltas percorridas em relação aos outros terceiros pilotos? Billy Johnson fez 104 voltas no #66 e Sébastien Bourdais deu 98 no #68. Já Andy Priaulx foi o que mais voltas completou – 136. Com a penalização ao #67 em onze voltas, o total foi de 40,96%.

Hum…

Analise LMGTE-AM

No plantel da LMGTE-AM, o grande e decisivo destaque foi a atuação de Giancarlo Fisichella: o antigo piloto de Fórmula 1 fez uma ótima apresentação, com a média de 40 melhores voltas em 3’54″148, quase quatro décimos abaixo do britânico Ben Barker, que com 3’52″600 foi o piloto mais rápido da prova na categoria.

Mas o que ajuda a explicar a vitória do #77 da Dempsey Racing-Proton é o desempenho uniforme dos principais pilotos, separados por pequenas diferenças no quadro. Na média de 40 melhores voltas, Julien Andlauer e Matt Campbell ficaram a 0″046 um do outro. O jovem francês de 18 anos se estabeleceu como a grande revelação da categoria, com uma melhor volta apenas cinco centésimos melhor que a do companheiro australiano.

Entre os pilotos bronze, o norueguês Egidio Perfetti teve bom desempenho. Média de 3’57″118 no top 40 de voltas e 3’55″693 em sua melhor passagem, o que lhe deixou como o mais rápido dos pilotos de sua graduação. Somente dois dos 42 pilotos não rodaram abaixo de quatro minutos durante a disputa – Erik Maris marcou 4’00″576 e Michael Wainwright rodou em 4’01″530. Bem melhor que o mais lento dos gentlemen drivers do ano passado, que virou sua melhor volta em 4’08”.

Patrick Long, do #99 da Proton Competition inscrito nas cores da Black Swan Racing, percorreu o maior total de voltas – 142, correspondentes a 42,51% (maior percentual aferido) da distância total alcançada pelo 4º lugar da categoria na corrida.

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