AJR conquista primeira vitória no Endurance Brasil em 2018

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No clique de Dudu Leal, o momento da largada das 3h de Tarumã (Foto: Divulgação/Stuttgart Motorsport)

PORTO ALEGRE – O protótipo mais espetacular construído no Brasil nos últimos anos conquistou enfim sua primeira vitória em 2018 após conquistar três pole positions consecutivas – duas com a equipe JLM Racing e a terceira, neste fim de semana, com Nílson e José Roberto Ribeiro. A honra coube ao #88 da trinca Carlos Kray/David Muffato/Júlio Campos, em mais uma espetacular 3h de Tarumã.

O sábado foi quente dentro da pista de 3,039 km de extensão – e gelado fora dela. Sensação térmica inferior a 10ºC por conta do vento cortante no circuito, apesar de um sol radiante e um céu extraordinariamente azul. O carioca aqui só não virou picolé porque estava (quase) preparado. A única exceção foi um par de luvas – de mecânico, é verdade – que ganhei de presente para evitar que minhas mãos virassem pedra de tanto frio.

Isto posto, a corrida foi disputada por 28 carros que deram a largada e o AJR com motor Chevrolet V8 guiado pelo pole José Roberto Ribeiro liderou com folga em seu primeiro turno, chegando a abrir diferenças próximas de 20 segundos para os seus perseguidores. Mas as entradas do Safety Car guiado pelo glorioso Preto Fincato, por conta de diversos incidentes, foram embaralhando a classificação – assim como as janelas de box para a troca de pilotos, três ao todo.

A liderança do #65 caiu por terra antes da metade da prova e ao fim da segunda hora, o Mercedes-AMG #9 guiado por Xandinho Negrão vinha no comando, já com o AJR #88 de Kray/Muffato/Campos já em segundo. O Porsche 911 GT3-R jamais conseguiu brigar por inteiro pela liderança, mesmo com a competente dupla formada por Ricardo Maurício e Miguel Paludo. E o Lamborghini Huracán de Daniel Serra/Chico Longo conseguiu, com uma ótima tocada de Serrinha, chegar à ponta. Mas ao fim do segundo terço o carro #19 era o quarto colocado.

Na hora final, tudo se definiu: enquanto os carros da classe GT3 paravam e o AJR #65 tinha problemas que o tiraram da luta pelo pódio na geral e da chance de vencer a primeira na P1, o #88 pegou a ponta e de lá não saiu mais, com direito à volta mais rápida da prova – 58″999, na 120ª passagem, com média de 185,4 km/h. Júlio Campos fez um último turno impecável e ainda cruzou a linha final, após 151 voltas percorridas, com um giro inteiro de vantagem para Xandy e Xandinho Negrão.

Chico Longo perdeu a invencibilidade no Brasileiro de Endurance, mas não ficou triste: chegou em 3º junto a Daniel Serra e foi segundo em sua categoria. Paludo e Ricardinho Maurício tiveram que fazer uma parada extra e completaram a prova em quarto na geral, por conta de um pneu furado. Nílson e José Roberto Ribeiro faturaram o terceiro posto na classe P1, atrás do MCR Grand-Am Lamborghini V10 da trinca Beto Giacomello/Cláudio Ricci/Fernando Poeta.

Peter Ferter/Ricardo Mendes ficaram em quarto na classe GT3 e sétimo na geral – com Ferter se destacando no primeiro turno de corrida após uma ótima largada que o levou a quarto, fechando a primeira hora em oitavo, mantendo a boa e velha Ferrari 458 GT3 (construída em 2011, é bom lembrar) entre os 10 primeiros a corrida inteira.

Na classe P2, Mauro Kern/Paulo Sousa venceram a segunda em três provas com o Tubarão MRX #32, após uma brava recuperação da dupla – eles perderam uma volta inteira em relação aos adversários por conta de um pit não programado para ajuste de faróis, terminando em 10º na geral e com uma volta de vantagem sobre o MRX Cosworth #75 agora sob os cuidados da equipe gaúcha Satti Racing.

A Motorcar deitou e rolou na divisão P3, dos protótipos nacionais com motores de oito válvulas, fazendo os três primeiros lugares: Gustavo Tomazini/Gustavo Frey fecharam num ótimo 11º lugar geral, três voltas à frente de Rafael e Gustavo Simon, que acabaram dando uma rodada e provocando uma das entradas do Safety Car. Maninho Cardoso/Luciano Borghesi completaram a festa.

O Audi RS3 LMS TCR também cravou sua segunda vitória em três etapas na classe GT4: Henry Visconde/Márcio Basso faturaram mais uma com duas voltas para Sérgio e Guilherme Ribas. A dupla do carro #64 completou a disputa em 16º na geral.

A próxima etapa do campeonato será em 1º de setembro no circuito Velo Città, em Mogi-Guaçu, interior do estado de São Paulo. Se essa prova em Tarumã foi uma delícia de acompanhar, não tenho dúvidas que a próxima será igualmente bacana de assistir. E espero poder estar novamente presente.

O resultado final das 3h de Tarumã:

1º #88 Carlos Kray/David Muffato/Júlio Campos
Protótipo AJR Chevrolet V8 – classe P1
151 voltas em 3h00min36seg990

2º #9 Xandy Negrão/Xandinho Negrão
Mercedes-AMG GT3 – classe GT3
a 1 volta

3º #19 Chico Longo/Daniel Serra
Lamborghini Huracán GT3 – classe GT3
a 1 volta

4º #70 Ricardo Maurício/Miguel Paludo
Porsche 911 GT3-R – classe GT3
a 3 voltas

5º #18 Cláudio Ricci/Fernando Poeta/Beto Giacomello
Protótipo MCR Grand-Am Lamborghini V10 – classe P1
a 5 voltas

6º #65 Nílson Ribeiro/José Roberto Ribeiro
Protótipo AJR Chevrolet V8 – classe P1
a 6 voltas

7º #155 Peter Ferter/Ricardo Mendes
Ferrari 458 GT3 – classe GT3
a 9 voltas

8º #5 Tiel Andrade/Júlio Martini
Protótipo MC Tubarão IX Ford Duratec Turbo – classe P1
a 12 voltas

9º #35 Jair Bana/Duda Bana
Protótipo Predador Audi Turbo – classe P1
a 12 voltas

10º #32 Mauro Kern/Paulo Sousa
Protótipo Tubarão MRX – classe P2
a 12 voltas

Comentários

  • Além do belo espetáculo na pista, me chamou atenção a enorme diferença na tocada de algumas duplas, especialmente na caso da Lamborghini. A diferença entre o Serrinha e o Chico Longo é abissal!

  • Sonhar? sonhei. Mas jamais acreditei que um dia, nestes meus 65 anos, veria as poderosas máquinas europeias desfilando no sagrado asfalto de Tarumã. Ademais, serem vencidas (a cereja do bolo) por um carro produzido neste Estado. Grande corrida, com alternância na ponta e nas outras posições e nas classes. Parabéns a todos os envolvidos no evento.
    Diney De Lellis

  • É um grande barato a evolução da Endurance, e especialmente dos protótipos construídos em território nacional.

    A extinção das categorias que admitiam carros similares aos da Turismo Nacional BR (num passado recente era possível), é um restritor à entrada de alguns participantes, mas uma conseqüência natural da evolução que, torço, favoreça os protótipos nacionais. E é nem é preciso lamentar esse fato, dado o próprio crescimento da Turismo Nacional BR, que se torna um campeonato à parte, de excelente nível e vida própria.

    A transmissão das provas da Endurance, em alto nível, pelo Youtube, é uma benção para quem gosta do esporte, mas não pode comparecer nas diferentes pistas em que se realizam as corridas. Somada às publicações em tempo real de figuras como o Rodrigo Mattar e o Niltão Amaral, só para citar dois, e sem incluir o staff das próprias equipes, tornam o espetáculo maravilhosamente acessível a quem gosta do esporte a motor.

    Que venham as próximas corridas.

    • Gustavo, os carros de turismo que faziam parte da Endurance foram realocados no gaúcho de Superturismo que hoje tem um grid próximo dos 40 carros. É um campeonato de provas longas(6 horas de Guaporé é a mais vistosa) apenas para este tipo de carro.

      • Não sabia do Superturismo Gaúcho que, pelo o que você descreveu, Carlos, deve ser absurdamente interessante de assistir.

        Obrigado pela informação.

  • Grande vitoria !! Cheguei a pensar que a chegada destas novas maquinas nesse ano fossem ofuscar o belo trabalho do pessoal que produz os protótipos nacionais mas felizmente a resposta foi dada !!