GP da Inglaterra: gostamos, mas com ressalvas…

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Duas entradas de Safety Car, pneus novos e asa móvel impulsionaram a vitória de Vettel em Silverstone, a primeira da Ferrari no GP da Inglaterra nos últimos onze anos

RIO DE JANEIRO – Faço coro com quase todo mundo que neste domingo sem Copa do Mundo na Rússia e na telinha assistiu ao GP da Inglaterra de Fórmula 1. A corrida em Silverstone teve um final sensacional, eletrizante, indefinido e que premiou Sebastian Vettel, agora o terceiro maior vencedor da história – empatado em 51 triunfos com Alain Prost.

Gostamos! Mas com ressalvas…

Acredito que se não existisse primeiro a panca de Marcus Ericsson com a Sauber e também o enrosco de Carlos Sainz com Romain Grosjean, logo após a relargada advinda da entrada do primeiro Safety Car – e o carro de segurança teve de voltar à pista, a história poderia ser diferente.

Como também tenho quase certeza que a corrida seria diferente se logo no início não existisse o contato imediato entre Kimi Räikkönen e Lewis Hamilton, que acendeu um fogaréu nas relações já tempestuosas entre as rivais Ferrari e Mercedes-Benz.

Com uma querendo fazer picadinho da outra, os bastidores fervilham de excitação pelo jogo de palavras entre os dirigentes – e desta vez quem carregou nas tintas foi a turma da estrela de três pontas.

Sério mesmo que alguém acredite em “batida proposital” entre Kimi e Lewis, após a má largada do pole position? Alguém vai cair nesse papinho do Toto Wolff? Ah, me poupem… temos coisas mais importantes para discutir.

Um exemplo: o que foi a punição a Räikkönen?

Por que tamanha falta de critério da FIA de Jean Todt?

Por protecionismo a Vettel?

Entendo que sim, porque o alemão fez muito pior com Bottas em Paul Ricard do que seu companheiro de equipe finlandês pretensamente fez hoje a Hamilton, que de saída ficou alijado do sonho de buscar a sexta vitória no GP da Inglaterra. E cabe observar que Sebastian levou um pênalti de cinco segundos no GP da França. Kimi tomou 10 segundos de penalização, numa daquelas decisões estapafúrdias dos comissários que poderiam ter mudado os rumos do campeonato se Hamilton, por exemplo, tivesse sido alijado da disputa. Como isso não aconteceu, o “Comandante” veio passando todo mundo que via pela frente e podia superar, em grande recuperação.

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O clima azedou nos bastidores entre Mercedes e Ferrari, com Toto Wolff acusando Maranello de “contato proposital” de Räikkönen com Hamilton. Eu hein…

Mas não me venham com chorumelas, como diria Pedro Pedreira (“Pedra noventa, só enfrenta quem aguenta”), n’a Escolinha do Professor Raimundo, porque se alguém forçou alguma coisa foi o britânico e não o nórdico.

E Lewis deu uma de “parça” Neymar, que após a derrota do Brasil para a Bélgica na sexta-feira última em Kazan, na Rússia, tem evitado o contato com a imprensa.

Agiu como um menininho mimado, não deu a entrevista dos três primeiros ao microfone pilotado por Martin Brundle, ficou emburradinho igual garotinho de escola primária quando lhe roubam o lanche, deu as costas a Räikkönen e puto, sem razão nenhuma, quis encerrar o pódio o quanto antes.

Não foi a primeira vez em que Hamilton age dessa forma e, pelo visto, não será a última.

Além da importante vitória de Vettel, que dá um respiro ao alemão antes da corrida em casa, diante da massa germânica em Höckenheim no próximo dia 22, é bom ressaltar que Räikkönen hoje foi o bom e velho Kimi que conhecemos. Que atuação excepcional do veterano finlandês, guiando o fino e levando o terceiro lugar com muito mérito. No pódio, a sede pela champagne era tanta que ele deu o primeiro gole e, bem ao seu estilo, não quis desperdiçar o precioso líquido.

A Fórmula 1 precisa de mais gente como Kimi Räikkönen, cheia de defeitos mas com enormes qualidades. E não de garotinhos mimados de primário, feito Max Verstappen.

É claro que a gente elogia quando preciso e o holandês, quando quer, mostra que é um piloto dos bons. Mas deveria pensar duas vezes antes de vomitar asneiras pela boca.

A declaração que deu sobre Fernando Alonso foi infeliz. Pra dizer o mínimo: Alonso não foi bicampeão mundial de Fórmula 1 à toa, não é considerado um dos melhores de sua geração por acaso e também não é por acaso do destino que um cara estreia liderando em Indianápolis e vence as 24 Horas de Le Mans.

Tá… tudo bem: o regulamento ajudou muito. Mas o Alonso fez por merecer porque tem competência, estrada e hora de voo. A arrogância do filho de Jos Verstappen que, “velho”, correu e até ganhou em Le Mans na LMP2 em 2008, salta pelos poros. O castigo foi merecido: abandono neste domingo, enquanto Alonso, mesmo com um carro inferior, continua dando tudo. Hoje, o espanhol salvou mais quatro importantes pontos e foi o 8º colocado.

De resto, é bom elogiar Nico Hülkenberg e Esteban Ocon, que pontuaram bem, além de Charles Leclerc, que vinha com boa performance até abandonar. E dar mais uma porradinha na FIA, que deu mais uma punição ridícula, esta pós-corrida. O chororô de Sergio Pérez com os comissários surtiu efeito e Pierre Gasly, que o ultrapassou para ganhar o 10º lugar, com um contato entre os dois carros – que não achei deliberado – foi punido com um acréscimo de tempo de 10 segundos.

Com a Ferrari desempatando o placar e chegando a quatro vitórias – todas com Vettel – em 10 etapas disputadas, a primeira metade do Mundial de Pilotos fecha com o “Colosso de Heppenheim” (há quanto tempo não uso esse apelido para o piloto da Ferrari!) liderando oito pontos à frente de Lewis Hamilton, autor das três vitórias da Mercedes-Benz em 2018. O surpreendente e redivivo Räikkönen está em terceiro, com seis pódios em 10 provas. Daniel Ricciardo ganhou duas vezes e está em quarto, como recheio de sanduíche entre os finlandeses.

Para mim, inclusive, Valtteri Bottas é até aqui a grande decepção da temporada. E a maior surpresa: Charles Leclerc e a Sauber. Qual a opinião dos leitores? Comentem aqui abaixo.

Comentários

  • Achei as duas punições injustas, vi toque normal de corrida em ambas. Já existem poucas ultrapassagens, se continuarem forçando punição assim, logo ninguém mais vai tentar nada, aí teremos que voltar naquela velha história dos “atalhos do Bernie” (ou Max) para termos ultrapassagens.

    Leclerc tem feito um trabalho acima do esperado por ter um carro destes em mãos, mas pelo que tem feito, será que a Sauber é ruim mesmo? Me pergunto o que Nasr ou outro piloto no carro ao lado fariam no lugar do Ericsson. Um pena pro brasileiro ter sido queimado rapidamente.

    Raikkonen hoje, foi o melhor piloto na minha opinião. Desde o início estava com sede de correr e deu gosto vê-lo como há muito tempo não via, espero que esta sede dure. Lembro que o Massa às vezes surgia com esta sede, mas tal qual Kimi, oscilava muito entre bons desempenhos e corridas apagadas.

    • Não é querendo defender Ericsson e Nasr (principalmente este último, pra não configurar o comentário como pachequismo), mas há alguns anos o motor da Sauber era a versão antiga dos motores Ferrari. Apesar desse detalhe, Leclerc realmente impressiona a cada corrida e me tem feito torcer pela Sauber.

  • Ainda não tinha me dado conta, mas seu comentário foi preciso, Rodrigo!
    O “neymala” e o lh ( em minúsculas mesmo!) são muito parecidos em suas atitudes de infantilóides mimados que podem tudo e não respeitam nada.
    Aliás e aproveitando, não importa quantos títulos o dito cujo conquiste, jamais chegará aos pés dos verdadeiros campeões.

  • Ótimo! O ‘Tom Cavalcante’ da Mercedes, tinha que ficar quieto e dar uma pegada na Suzie. Parece que largada não é todo mundo junto e embolado…. foi bem bom que continuaram a prova e não tiveram que parar para trocar os prestobarbas que largam laminas a valer (nos toques). Coisas de corridas! O L.H é o representante ‘cai e rola’ na F1! O Verstapinho parece que não apanhou qdo criança… e fala como quem já houvesse feito algo de estrondoso na F1 (ja vai um tempinho…é arrojado etc e tals, mas esta devendo pontuação). Perez ‘ o garoto Slim’ já poderia pegar as malas…. assim como o Ericsson, Grosjean, Stroll… O bom é que temos mais 11 provinhas….

  • Acho descabido pagar punição no pit stop, independente se correta ou não, ou acréscimo de tempo se imposta a punição depois da última parada. Minimiza muito a perda. E acréscimo de tempo DEPOIS da corrida também muitas vezes não faz efeito, valeria talvez perder posição no grid. Mas tem tanta regra ruim na F1, essa é só mais uma…

  • Tem q dá um desconto para o Bottas q, Por causa das quebras, deixou de alcançar 1 vitória e dois 2º lugares na temporada. Isso já dá 61 pontos perdidas por falhas/erros ñ do piloto.