Melhor, impossível…

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Novo fôlego para o campeonato e para Lewis Hamilton: quando tudo parecia perdido, o britânico fez 50 pontos nas últimas duas corridas e tomou de Vettel a liderança na Fórmula 1. Melhor, impossível…

RIO DE JANEIRO – Desculpem começar este post como se fosse uma fábula de Esopo, mas…

Era uma vez um piloto tetracampeão do mundo em busca do penta, vice-líder do campeonato oito pontos atrás de outro tetracampeão que luta pelo mesmo objetivo do outro, após o GP da Inglaterra. Que no treino de classificação para uma corrida recente se ajoelhou, chorou e esperneou porque ia largar em décimo-quarto.

Parecia o pior dos mundos, não é?

Quem poderia prever que após aquilo esse mesmo tetracampeão de Fórmula 1 conseguiria 50 pontos possíveis em duas corridas e o rival, apenas dezoito? Com 32 a mais, abriu 24 no campeonato antes das férias de verão.

Se não pareceu óbvio, falo de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, os grandes protagonistas de uma batalha campal onde os coadjuvantes podem fazer a diferença.

Mesmo com toda a pressão que vem sofrendo por parte da mídia, Kimi Räikkönen tem sido um fator preponderante para que a Ferrari não esmoreça na batalha contra a Mercedes-Benz, podendo também ser importante – e muito – nas próximas corridas. E a Mercedes espera que Valtteri Bottas possa fazer o mesmo para ajudar Hamilton e a equipe.

Por mais que se venha a público tecer loas a Charles Leclerc – e o garoto é mesmo muito bom, creiam – não dá para desprezar o que o experiente finlandês vem fazendo nas últimas corridas. Uma olhada nos números ajuda a decifrar algumas coisas.

Após o primeiro terço de um calendário de 21 etapas, Räikkönen desandou a fazer pódios. Foram cinco, com quatro terceiros e um segundo – seria uma resposta a quem queria Leclerc em seu lugar? Nunca saberemos, até porque o maior entusiasta da ideia, o presidente da Ferrari Sergio Marchionne, morreu. No mesmo período, Bottas só foi ao pódio na Alemanha. E com um carro teoricamente melhor – e ainda por cima sugestionado a ceder posição para Lewis, que venceu.

Dilema enorme esse dos dois conterrâneos: ajudar ou atrapalhar? Bom… Kimi sabe que tem que ajudar Vettel e atrapalhar a dupla dos carros prateados, assim como o efeito é o mesmo para Valtteri diante os vermelhos de Maranello. O que se sabe é que as próximas pistas na teoria favorecem a Mercedes, mas não dá pra afirmar nada com exatidão quando se tem um título mundial em jogo e dois grandes pilotos que, juntos, venceram dez de 12 GPs disputados em 2018.

Sobram os dois da Red Bull que também venceram, mas os rubrotaurinos não têm mais outra opção a não ser esperar terminar o ano e começar a planejar 2019. O que Verstappen e Ricciardo vêm enfrentando de problemas mecânicos é algo fora do normal. São quatro abandonos para cada um dos dois pilotos da equipe chefiada por Christian Horner. Resta terminar com dignidade um campeonato que já parecia perdido desde o início e agora está liquidado.

Do quarto lugar pra trás entre as demais equipes a luta promete muito até a última corrida e há um outro tempero para apimentar essa batalha: McLaren, Renault e a tísica Williams, hoje uma equipe de fundo de pelotão, querem evitar que os futuros novos proprietários da Force India – que se encontra muito mal das pernas – se aproveitem de uma receita estimada em R$ 230 milhões para injetar dinheiro na escuderia.

É a verba que seria destinada ao time com sede na Inglaterra relativa aos direitos televisivos, o famoso “rachuncho” promovido pela Liberty Media, que comprou da FOM de Bernie Ecclestone a exploração da área comercial da categoria máxima do automobilismo.

Ross Brawn, hoje um dos principais artífices da Liberty Media, diz que será feito “o possível” para que a Force India (ou outro nome que o valha) siga em 2019. Deveria pensar o mesmo da Williams, sem lenço, sem documento e principalmente sem dinheiro para o próximo ano – especialmente se o papai Stroll comprar os restos mortais da ex-equipe de Vijay Malliya.

Afora as equipes que comandam o campeonato, a dança das cadeiras promete ser absolutamente divertida para o ano que vem. Porque pode ter piloto processando, outros sendo chutados sem dó nem piedade, alguns substituídos por muitos cobres… e nomes com a combinação dinheiro + talento não faltam ali na meiúca do pelotão.

Em meio a tudo isso – há quem diga que marcando passo – está Fernando Alonso. O espanhol faz um trabalho ok com a McLaren em 2018, reclama menos (pior que comparado com os últimos anos, ele tem reclamado menos, mesmo), o carro também quebra menos, mas já ficou para trás em termos de competitividade principalmente em relação a duas adversárias: Renault e Haas.

Dependendo da pista, até a Force India – falida – anda melhor e, pasmem, a Sauber chega a incomodar. Sem falar a Toro Rosso, que vira e mexe belisca pontos com seus carros de motor Honda – que também têm quebrado menos em relação aos últimos campeonatos.

No bojo, a Fórmula 1 tem um campeonato interessante, mesmo com o desnível entre os times de ponta e os de segundo escalão. A temporada 2018 está legal pela batalha entre Vettel e Lewis, sem contar Ferrari versus Mercedes. A gente até esquece que umas corridas são chatas demais – realmente tivemos provas tediosas – e prefere lembrar do que tivemos de bom até antes da pausa que antecede o GP da Bélgica.

Melhor, meus amigos e amigas, impossível…

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