Morris Nunn (1938-2018)

piquet11
Através de Morris Nunn, Nelson Piquet fez sua primeira aparição na Fórmula 1, no GP da Alemanha de 1978

RIO DE JANEIRO – Luto no automobilismo mundial: morreu nesta quarta-feira uma das personagens mais queridas das pistas. Morris Nunn não resistiu a uma longa enfermidade e se foi aos 79 anos de idade.

O britânico nascido em Walsall esteve nas pistas como piloto e do outro lado do balcão, primeiro como dono de equipe de Fórmula 1, depois como engenheiro e novamente como dono de equipe, só que nos EUA, onde atuou até se retirar voluntariamente do esporte que hoje chora sua perda.

Nascido em 27 de setembro de 1938, Nunn teve uma trajetória simplesmente peculiar, tornando-se uma espécie de “móveis e utensílios” da Fórmula 3, onde atuou como piloto até o fim dos anos 1960 – inclusive sendo um dos rivais de Emerson Fittipaldi no primeiro ano do brasileiro na Inglaterra.

Na própria F3, Mo Nunn começou como construtor, fazendo chassis que deram a Rikki Von Opel o título do Lombard North Series Championship em 1972. E no ano seguinte, já entrava na Fórmula 1 como dono de equipe, aos 34 anos: a primeira de um total de 99 corridas que a Ensign disputaria seria o GP da França, em Paul Ricard, com o modelo N173.

O primeiro ponto veio com o 6º lugar de Gijs Van Lennep no GP da Alemanha de 1975, em Nürburgring e a equipe de Morris Nunn teria seu melhor ano em 1977, quando Clay Regazzoni e Patrick Tambay somaram juntos 10 pontos, fazendo o time terminar em 10º no Mundial de Construtores.

marcsurer1981rio
Com o Ensign #14, Marc Surer conquistou o 4º lugar no GP do Brasil de 1981. Foi o melhor resultado da equipe em 99 corridas na Fórmula 1

A Ensign foi também a primeira equipe de Nelson Piquet na Fórmula 1: o brasileiro estreou há quase 40 anos com o N177 de número #22 no GP da Alemanha em 30 de julho de 1978, no circuito de Höckenheim. E o melhor resultado da escuderia aconteceu no Brasil, quando Marc Surer terminou em quarto lugar no circuito de Jacarepaguá, com direito à volta mais rápida, sob chuva.

O time despediu-se da Fórmula 1 em 1983, quando Mo Nunn teve sua estrutura absorvida pela Theodore Racing. Com o fim de sua escuderia e sua enorme expertise de engenheiro, rumou para os EUA e para a emergente CART. Por lá, trabalhou primeiro na equipe Bignotti-Cotter e depois serviu à Patrick Racing, formando uma parceria vitoriosa com Emerson Fittipaldi, campeão da categoria e da Indy 500 em 1989.

Mas em 1992, ele se juntaria à Chip Ganassi Racing, dando início a uma das associações mais vitoriosas da categoria naqueles tempos. A equipe conquistou quatro campeonatos entre 1996 e 1999 e foi Morris quem indicou Juan Pablo Montoya para substituir Alex Zanardi, com quem o britânico havia trabalhado numa parceria frutífera, literalmente.

Não entenderam? Eu explico.

Numa oportunidade o ambiente não estava dos mais saudáveis entre engenheiro e piloto e Nunn, meio irritado, chamou Zanardi de “abacaxi’. A fruta espinhosa passou a simbolizar a harmonia na relação entre eles, pois o espirituoso Alex levou na brincadeira, mandou colocar um abacaxi em seu capacete e as vitórias voltaram.

Em 2000, Morris Nunn voltou ao papel de dono de equipe. E viveu a dor de ver o gravíssimo acidente de Alex Zanardi em Lausitzring, na Alemanha, guiando – e liderando – um de seus carros. Tony Kanaan guiou para ele entre 2000 e 2002 – mas foi outro brasileiro, Felipe Giaffone, que venceria pela equipe numa prova da IRL em 2002, no Kentucky. A Mo Nunn Racing conquistaria outro triunfo, só que com Alex Barron, em Nashville, no ano seguinte, antes de disputar sua última temporada com Toranosuke Takagi, que fez apenas um 4º lugar em Homestead como melhor resultado.

Depois disso, aos 66 anos, pôs um ponto final em suas atividades no automobilismo. E hoje, o querido e carismático Morris sai da vida e entra para a história.

Comentários