“Red Dragon” vence frenética 6h de Watkins Glen

IMSA WeatherTech SportsCar Championship
Na foto de Mike Levitt (IMSA), a alegria da vitória da tripulação do “Red Dragon” da JDC-Miller Motorsports em Watkins Glen, numa corrida de final imprevisível e frenético

RIO DE JANEIRO – Mais uma corrida de Endurance decidida nos instantes finais e nos detalhes: as 6h de Watkins Glen foram um espetáculo que, infelizmente, foi visto por muito pouca gente nas arquibancadas do espetacular e tradicional circuito novaiorquino de 5,435 km. E seguindo a tendência apresentada desde os treinos, um protótipo dentro do regulamento LMP2 chegou ao topo do pódio pela primeira vez na temporada.

O “Red Dragon” da JDC-Miller guiado com perfeição por Stephen Simpson/Misha Goikhberg/Chris Miller fechou a disputa que se encerrou com 202 voltas percorridas, cruzando a linha final com apenas 1″954 para o #54 da CORE Autosport, que fez a pole position nos treinos e largou em último na divisão para pôr Jonathan Bennett no início e deixar Colin Braun e Romain Dumas para fazer o serviço na pista. Quase deu certo… o carro ainda superou o Acura DPi de Dane Cameron/Juan Pablo Montoya nos últimos metros e levou a 2ª posição.

Mas o resultado poderia ser diferente: a United Autosports herdou a pole com seu Ligier JS P217 tripulado por Bruno Senna/Paul Di Resta/Phil Hanson e fez uma ótima corrida. Estava no páreo, revezando-se na ponta com o Acura #6 do Team Penske e com o carro da CORE, quando este o acertou na traseira numa disputa de posição. A equipe não só reclamou da conduta do adversário que, no entender do time de Richard Dean e Zak Brown merecia ser punido, como também das decisões da direção de prova.

“Fiquei um tempão atrás do Oliver Jarvis, que estava atrasado, e nada de bandeira azul para ele sair da frente. O Di Resta também ficou preso e não fizeram nada. É muito difícil correr nos Estados Unidos porque toda vez que venho aqui acabo passando por algum tipo de problema como esse”, relatou.

“Eles gostam de acionar a bandeira amarela para reagrupar os carros e fazer com que as provas terminem com os carros o mais próximo possível, pensando mais no espetáculo e menos no aspecto esportivo”, disse o atual campeão mundial de Endurance da classe LMP2.

Mas em meio à críticas, sobrou um elogio.

“Para nós, que não vínhamos bem, o balance of performance funcionou. E os Cadillac perderam desempenho”, finalizou.

Pois é: os sempre competitivos Cadillac DPi-V.R não tiveram uma de suas melhores performances. Muito pelo contrário: os carros com os possantes motores 5,8 litros V8 ficaram devendo e o melhor deles foi 5º colocado – o #10 de Renger Van der Zande/Jordan Taylor. E para quem largou tão atrás, o sexto posto não pôde ser considerado um péssimo resultado para Christian Fittipaldi, o português Filipe Albuquerque (que agora é o líder isolado do campeonato) e o colombiano Gabby Chaves, que fez sua estreia na AX Racing.

“Considerando o carro que tínhamos em mãos e a nossa posição de largada (14º), foi um dia positivo. Claro que não estamos totalmente satisfeitos pelo resultado final, mas os Cadillac não estavam rápidos na reta, então, diante deste desafio que enfrentamos foi bom”, comentou Christian.

Felipe Nasr completou a disputa em sétimo lugar junto a Eric Curran e Mike Conway, perdendo a liderança por um pontinho (169 a 168), o que dada a dificuldade dos carros montados na plataforma dos chassis italianos Dallara não foi o pior dos mundos. Menos mal que a trinca do #31 mantém a liderança do certame paralelo de Endurance na classe Prototype com 31 pontos, seis à frente de Albuquerque e Fittipaldi.

Hélio Castroneves e seu parceiro Ricky Taylor perderam cinco voltas com problemas após a 2ª hora de prova e terminaram em 12º na geral e na categoria, conseguindo descontar uma volta em relação aos vencedores. Já o fim de semana da Tequila Patrón ESM foi miserável. Sérios problemas de motor minaram a performance dos Nissan Onroak DPi e um acidente logo na primeira volta envolveu os dois protótipos do time e comprometeu toda a corrida de seus pilotos.

Pipo Derani nem chegou a andar no carro que dividiria com Nico Lapierre e Johannes Van Overbeeek. O #2 de Scott Sharp/Olivier Pla/Ryan Dalziel também desistiu. E com problemas de fornecimento de propulsores sobressalentes, a equipe decidiu por levar um único carro para o Canadá: na etapa de Mosport, apenas Derani e Dalziel estarão a bordo.

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Na primeira prova pós-Le Mans, deu Ford contra Corvette e Porsche, com Joey Hand e Dirk Müller faturando para assumir a liderança do campeonato

A disputa pela vitória na GTLM foi igualmente intensa ao longo da corrida e envolveu três dos quatro construtores inscritos – o novo BMW M8 GTE não teve possibilidades de brigar na ponta. Após muita luta, prevaleceu o Ford #66 de Dirk Müller/Joey Hand, que venceu após completar 190 voltas – 13º lugar na geral. Com o triunfo, a dupla assumiu a liderança do campeonato, um ponto à frente dos companheiros de equipe Richard Westbrook e Ryan Briscoe.

Apesar de não ter um carro tão competitivo quanto Porsche e Ford, a Corvette continua operando pequenos milagres e a dupla Jan Magnussen/Antonio Garcia conquistou um brilhante 2º posto na classe, derrotando a dupla Patrick Pilet/Nick Tandy por apenas 0″649 na quadriculada. Esse resultado mantém a dupla do #3 no páreo pelo título, já que a diferença para os ponteiros é de apenas quatro pontos. Earl Bamber/Laurens Vanthoor chegaram em quarto na pista e estão também em quarto na tabela.

A surpresa do dia foi a vitória inesperada da Turner Motorsport com a BMW M6 GTD tripulada por Dillon Machavern/Don Yount/Markus Palltala. A liderança até faltar alguns minutos para o final estava com o Audi #29 da Montaplast by Land Motorsport, guiado por Sheldon Van der Linde/Christopher Mies. Mas o time alemão – que já se envolvera em enorme polêmica com a IMSA durante a disputa das 24h de Daytona – sofreu uma punição por ter trabalhado no carro com os boxes fechados. Como não cumpriu a penalização, foi de novo punido pelos comissários da categoria. Em protesto, resolveram desistir com 177 voltas percorridas. Acabaram em 12º na classe.

Álvaro Parente/Katherine Legge fizeram mais uma ótima apresentação com o Acura NSX GT3 da Meyer Shank Racing e chegaram em segundo na divisão, resultado que deixa a piloto britânica ainda próxima de Bryan Sellers/Madison Snow na pontuação. A dupla da Paul Miller Racing cruzou em 3º na classe e segue líder com 155 pontos – um apenas à frente de Legge. Graças ao apoio da XM Sirius, a equipe colocará o carro #86 na pista em Mosport, no próximo domingo, para tentar deixar Legge em condições de brigar pela dianteira no campeonato.

Os brasileiros Oswaldo Negri e Daniel Serra – junto ao estreante Francesco Piovanetti – tentaram levar a Ferrari 488 GT3 da Squadra Corse Garage Italia a um resultado decente. Na quinta hora da disputa, chegaram ao 14º lugar da divisão, quando Negri sofreu um acidente num contato com um protótipo e os danos extensos fizeram o time se retirar da disputa. Mas os comissários acabariam piorando as coisas: Daniel guiou por apenas 1h24min, quando o tempo mínimo é de 1h30min. A mesma penalidade afetou a Magnus Racing que, na pista, tinha terminado com a 12ª posição da categoria.

Por violarem o artigo 12.12.1.C, relativo ao não cumprimento do tempo mínimo de pilotagem, os dois carros foram punidos e o #51 ficou com o 18º (e último) lugar na GTD.

Uma boa notícia, por fim: o Fox Sports 2 vai exibir um compacto com duração de 2h com os melhores momentos da prova de Watkins Glen nesta quarta-feira, às 16h30. Estarei nos comentários ao lado do Thiago Alves.

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