Favas quase contadas

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Positivo, Comandante! Mais uma vitória e título muito bem encaminhado para Lewis Hamilton. Com 67 pontos de vantagem, a temporada 2018 pode terminar por antecipação na próxima corrida, em Austin (Foto: AFP/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – A Fórmula 1 terá um novo pentacampeão, isso é líquido e certo. Não aquele que o início da temporada fazia parecer crer, mas será o piloto que mais fez por merecer. E continua fazendo.

Lewis Hamilton continua em fase esplendorosa, com números que atestam sua superioridade neste ano em relação aos adversários – e nem de longe tendo o melhor carro que a Mercedes-Benz lhe pôde ofertar. O britânico faz misérias, chegou ao total de 80 poles na carreira e 50 vitórias com os carros prateados. À frente dele, na história, só Michael Schumacher – 72 vezes vitorioso vestindo vermelho.

E esses são números que fazem surgir um novo raciocínio: já que nos últimos anos, à exceção de Räikkönen, só o alemão foi campeão pela Ferrari, será mesmo que Sebastian Vettel e Fernando Alonso fracassaram na tentativa de devolver o predomínio aos italianos de Maranello?

E por que fracassaram?

Alonso é inquestionavelmente um dos grandes pilotos da história que não fez mais porque seu gênio difícil e algumas terríveis escolhas talvez não o tenham deixado. E Vettel é quem deixa mais dúvidas no ar, pois empacou nos quatro títulos conquistados quando ainda era da Red Bull e no desafio da nova equipe, não só não ganhou ainda um campeonato como em 2018 o alemão errou muito mais do que em todos os outros anos anteriores pela Ferrari.

Ok… parte da culpa pode ser dividida com a própria equipe, que pelo visto voltou a ser a velha bagunça (os italianos falam “casino”) de sempre. A opção por entrar de pneu intermediário para o Q3 que definiu o grid do GP do Japão foi mais uma no prontuário de cagadas da Ferrari.

Mas ninguém começa um campeonato tão bem e perde cada vez mais a chance de título de forma impune. É possível que o começo do fim para Tião tenha sido a saída de pista em Hockenheim. Ali provavelmente ele começou a perder o pentacampeonato que parecia estar a caminho.

E com Vettel terminando o GP do Japão em 6º lugar após alguns percalços, a diferença só faz aumentar. Era de 50 antes da corrida desta madrugada de domingo em Suzuka. Subiu para 67. Em Austin, na próxima prova, se o alemão perder mais oito pontos em relação a Lewis, o quinto título do britânico vem com antecedência de três provas.

Será merecido, pois. Hamilton tem nove vitórias em 17 etapas disputadas – quatro consecutivas – e fez a quarta dobradinha do ano com Valtteri “Fiel Escudeiro” Bottas. Max Verstappen, para variar, animou as coisas a seu modo, tendo refregas com os dois pilotos da Ferrari (e sendo mais uma vez punido por conta do bololô com Kimi Räikkönen). Acabou mesmo assim no pódio, o sétimo dele na temporada. Daniel Ricciardo “pistolou” com o 15º posto no grid na véspera – nunca tinha visto o Risadinha tão puto assim – e fez uma ótima corrida para chegar em quarto.

De resto, louvável o 7º posto de Sergio Pérez. Quando o mexicano não resolve fazer cagadas e não se estranha com o próprio companheiro de equipe, os dois fecham nos pontos. Foi o que aconteceu em Suzuka, já que Ocon foi nono. A Haas descontou três pontos para a Renault, uma vez que Romain Grosjean foi sétimo (Magnussen, de novo, foi duramente criticado por sua conduta na pista, desta vez por Charles Leclerc, da Sauber) e Carlos Sainz salvou apenas o décimo posto e o último ponto do dia.

Para variar, McLaren e Williams só fizeram figuração e a Toro Rosso fez água. Depois do bom resultado nos treinos classificatórios, faltou ritmo a Pierre Gasly e Brendon Hartley. Os dois ficaram zerados e uma volta atrás de Hamilton. A melhor passagem de Gasly foi 1″815 pior que a volta mais rápida da prova, com Vettel virando em 1’32″318. Hartley fez seu melhor giro a 2″539 do alemão.

E vamos para Austin. Favas quase contadas.

Alguém arriscaria algo diferente para o próximo dia 21? Vettel terá que ser no máximo 2º colocado, em caso de uma possível vitória de Hamilton, para esperar pelo que parece impossível. Qualquer resultado que não seja esse será favorável a Lewis e aí é só partir pro abraço.

Comentários

  • O Vettel está mostrando quem ele é de verdade.
    É um grande piloto.
    Não desmereço seus quatro titulos e as mais de quarenta vitórias.
    Mas ele na hora da pressão não reage de maneira tão germânica quanto deveria.
    – Tentou uma manobra estabanada contra o Verstappen em Suzuka.
    – Praticamente chamou Hamilton pra cima na primeira volta em Monza e deu no que deu.
    – Bateu sozinho na chuva em Hockenheim.
    – Se enroscou com o Bottas em Paul Ricard na largada.
    – Passou reto na relargada em Baku.
    – Bateu sem querer querendo no Hamilton ano passado no México.
    – Briga de trânsito em Baku com o Hamilton ano passado.

    Ou seja, em que pese a carreira vencedora dele…na hora da pressão ele tem uma leve tendência a espanar.