Porque velhos são… os trapos!

Kimi-Raikkonen
“Estou feliz”: um econômico Kimi Räikkönen deixou todo mundo contente com a grande vitória que conquistou no GP dos EUA em Austin. Até Vettel ficou contente, já que a decisão do título está adiada pelo menos até o próximo domingo

RIO DE JANEIRO – A decisão do Campeonato Mundial de Fórmula 1 está adiada. Ficou pelo menos para o GP do México, porque neste domingo o (excelente) GP dos EUA, em Austin, teve outros protagonistas com atuações espetaculares na pista do Circuito das Américas.

A eleição de piloto do dia, inclusive, poderia abrir o precedente para um empate e celebrar os opostos do grid: de um outro, o decano da galera – Kimi Räikkönen. Do outro, uma das sensações do futuro – Max Verstappen.

Deu gosto de ver o bom e velho Kimi, 39 anos e quatro dias (fez aniversário no dia 17, mesmo dia que meu filho Bruno), ganhando a corrida – algo, aliás, que ele vinha fazendo por merecer. Desta vez, o ranzinza mais querido do planeta automóvel fez a Ferrari celebrar como nunca (até o chefão Maurizio Arrivabene estava exultante) e todo mundo que acompanhou a corrida deste domingo ficou contente.

Inclusive o próprio piloto, bem ao seu estilo.

“Estou feliz”, declarou, econômico nas palavras, a Martin Brundle, que o entrevistou antes do pódio. “Talvez eles (os fãs) estejam mais felizes agora. É melhor do que terminar em segundo”, filosofou.

Quebrando um jejum de 113 provas sem vitórias – a última fora em Melbourne no GP da Austrália em 2013, pela Lotus – Räikkönen tornou-se o piloto mais velho em idade a ganhar uma prova do Mundial desde Nigel Mansell em Adelaide, no GP da Austrália em 1994. Na época, o britânico tinha 41 anos, três dias e cinco meses de idade.

Tem mais: Räikkönen elevou o intervalo entre a primeira e sua mais recente conquista a 15 anos, o novo recorde histórico da categoria. Em 2003, ele chegou a ser o terceiro mais jovem de sempre. Agora, é o sétimo entre os neófitos e o 13º entre os decanos.

E não paramos por aqui, já que o finlandês superou o compatriota Mika Häkkinen e com inteira justiça e merecimento, é o piloto de seu país com mais triunfos na Fórmula 1 – 21 no total. Como se não bastasse, o nórdico triunfou nos três últimos regulamentos técnicos: ganhou corridas com os motores V10 e V8 de aspiração normal e agora com os V6 de turbo com sistemas híbridos.

Tudo isso faz do piloto, que chegará aos 40 anos no próximo ano, uma personagem absolutamente necessária a uma Fórmula 1 asséptica e por vezes chata de respostas vazias e mecânicas. Räikkönen é humano. E humanos têm variação de humor. Sempre tiveram.

Se Kimi prova que velhos são os trapos, Max Verstappen segue dando espetáculo. Largar atrás e terminar no pódio é com ele mesmo. Em Austin, levou sua Red Bull de décimo-quinto para um impressionante 2º posto, vendendo caro a posição quando Lewis Hamilton – que poderia ser o campeão se passasse o rival – atacou a Red Bull #33 nas últimas voltas.

Foi uma disputa de cair o queixo entre um craque da atualidade e um dos nomes mais promissores dos próximos anos do automobilismo. E Hamilton, mesmo com toda sua experiência, acabou cometendo um erro que lhe custou caro. Sem chances, acabou mesmo com o 3º lugar, num dia onde a estratégia adotada pela equipe chefiada por Toto Wolff não foi das melhores.

Com dois pit stops – e principalmente enfrentando bolhas nos pneus com tarja amarela – Hamilton ainda viu Vettel ser quarto e Kimi lhe perguntar, na antessala do pódio. “Mas você não foi campeão?”

Que remédio: Lewis sorriu amarelo e entubou a frustração diante de um adversário que fez uma corrida de gala neste domingo, numa corrida em que tudo deu certo para a Ferrari em relação aos rivais prateados.

Ultrapassado pelo compatriota Räikkönen por quatro pontos no campeonato, Valtteri Bottas nada fez na disputa a não ser estender tapete vermelho duas vezes para Hamilton passar e depois, no fim, com os pneus tão em pandarecos quanto o britânico, não aguentou a pressão e cedeu a posição para Vettel, que adiou por mais uma etapa o sonho de Hamilton alcançar o penta.

De resto, a destacar a atuação sólida dos dois rapazes da Renault, com Nico Hülkenberg exercendo o papel de “Melhor do Resto”, enquanto Ocon se sobressaiu diante de Sergio Pérez. Para a Haas, que correu em casa, sobrou uma desclassificação: o carro de Kevin Magnussen, nono colocado, excedeu os 105 kg regulamentares de consumo de combustível, o que é proibido pelo regulamento. Esteban Ocon, que terminara em oitavo com com o carro da Racing Point Force India, foi excluído do resultado final pela mesma razão.

Sergio Pérez acabou alçado ao oitavo lugar. Tinha um ponto, ganhou quatro. A nona colocação passa às mãos de Brendon Hartley, que com a corda no pescoço e ameaçado de demissão na Toro Rosso, fez mais uma boa corrida. E Marcus Ericsson herdou o último ponto disponível.

Agora, restando três etapas – México, Brasil e Abu Dhabi – com 75 pontos em jogo, Hamilton tem 70 de vantagem para Sebastian Vettel. Marcando seis pontos a mais que o alemão da Ferrari, o “Comandante Hamilton” fatura o título.

Porém… ouvi alguém aqui dizendo pra decisão ser mesmo no Brasil, em 11 de novembro?

Comentários

  • E o Alonso hein. Que fim de carreira, correndo no pelotão da merda e se estapeando prova a prova com as Williams. Sinceramente, por todas as bobagens que fala e já falou, merece. Vai ser um cara que não irá deixar saudades no meio da F1, bem diferente do que acontecerá quando Raikkonen parar.

    • Eu sinceramente não sei como um bi campeão mundial e (ainda) um dos melhores pilotos do grid comprovadamente, pode ser “péssimo em desenvolvimento”. E até aonde eu sei isso é papel dos engenheiros e mecânicos, pode ter certeza que a Ferrari atingiria e atingiu tal nível de excelência técnica (estratégica ainda não) independente de que piloto fosse ou seja.

  • Passagem rápida apenas para agradecer pela oportunidade de poder ler textos com a qualidade com que o escriba nos brinda.
    É uma verdadeira dádiva em meio à mesmice que, via de regra, é recorrente no meio.
    Obrigado, Rodrigo!
    Show de bola, mais uma vez!

  • Na verdade, com 70 pontos a mais, o Hamilton pode fazer 20 pontos a menos que o Tião.
    Ademais, concordo com suas colocações, ótimas como sempre.