Em domingo de mau tempo, Toyota faz nova dobradinha no WEC

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A trinca formada por López, Kobayashi e Conway venceu de novo na temporada 2018/19 do WEC, numa caótica e complicada edição das 6h de Xangai

RIO DE JANEIRO – A edição 2018 das 6h de Xangai foi a mais caótica dentre todas já disputadas naquele circuito. Porque ao contrário dos anos anteriores, a chuva deu o ar da graça e baixou com força pelo circuito de 5,451 km de extensão, prejudicando o evento de tal forma neste domingo que a disputa foi várias vezes interrompida – ora por bandeiras vermelhas (duas no total), ora por períodos de Safety Car.

Tanto que ao todo foram computadas somente 113 voltas. Mas ao contrário da famosa edição das 6h de Fuji que foi uma paródia de corrida e teve apenas 16 voltas em 2013 – todas em regime de Safety Car – desta vez, o português Eduardo Freitas e sua equipe de comissários tiveram muito trabalho. Mas levaram o evento até o fim porque, apesar das condições não serem as mais favoráveis, havia o compromisso de se terminar a corrida – que foi encerrada já com a visibilidade seriamente comprometida, pois apesar de moderno o circuito de Xangai não possui estrutura de iluminação para dar cabo de um período noturno de disputas.

A Toyota venceu pela quarta vez em cinco corridas – segunda consecutiva do #7 de José María López/Mike Conway/Kamui Kobayashi, que assim fez a pontuação completa do fim de semana. Mas não era pra ter sido com esse trio: os japoneses erraram numa das paradas do carro #8 de Fernando Alonso/Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima, deixando Alonso na saída do pit lane com a luz vermelha que impedia o espanhol de partir. Reconheceram o erro e pediram desculpas – o que não bastou, apesar de um último Safety Car e dos esforços de Nakajima em deixar Conway para trás. A diferença entre os dois únicos LMP1 oficiais de fábrica foi de 1″419 na quadriculada.

Em 3º lugar, pela primeira vez no campeonato, chegou a SMP Racing, numa prova excelente do trio Mikhail Aleshin/Jenson Button/Vitaly Petrov. A equipe russa superou a Rebellion Racing pela primeira vez entre os independentes na Super Season, deixando os dois carros do time anglo-suíço em quarto e quinto lugares. Bruno Senna teve o gostinho de andar na frente do Toyota de Fernando Alonso em meio ao caos e da água, por alguns metros. Acabou se contentando com a 4ª posição, já que o #3 sofreu um acidente antes da primeira bandeira vermelha e perdeu duas voltas.

“Foi um dilúvio, que exigiu a largada com o Safety Car. E não demorou muito para a primeira paralisação da corrida. Depois, foi sempre assim, e em nenhum momento o asfalto chegou perto de secar. Nosso carro estava com problemas para aquecer os pneus quando tinha muita água, especialmente os dianteiros. O balanço do carro estava muito ruim. Quando o circuito estava menos molhado, até que nosso ritmo era bom”, explicou Bruno, que dividiu o cockpit com o suíço Neel Jani e o alemão Andre Lotterer. “Os Safety Car sempre nos complicaram, também”, acrescentou. “Não era nosso dia, e o 4º lugar foi o melhor que conseguimos fazer, considerando todas as dificuldades.”

As 6h de Xangai também marcaram a melhor performance da DragonSpeed no campeonato. O carro #10 conseguiu sobreviver após vários acidentes e falhas nas provas anteriores, terminando na mesma volta do #3 da Rebellion.

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Terceira vitória na LMP2 em cinco provas: liderança do campeonato para Ho-Pin Tung/Gabriel Aubry/Stéphane Richelmi, com 10 pontos de vantagem para os vice-líderes, entre eles o brasileiro André Negrão

Já na LMP2, onde todas as equipes enfrentaram problemas ao longo da disputa, venceu a trinca que menos adversidades encarou. O #38 de Ho-Pin Tung/Gabriel Aubry/Stéphane Richelmi fez também a pontuação integral do fim de semana, chegando ao terceiro triunfo em cinco corridas na primeira parte da competição bienal, com o 8º posto da geral em Xangai. Nada como vencer na prova “caseira” do time que é baseado em Frant, na Inglaterra.

A DragonSpeed, beneficiada pela boa performance dos pneus Michelin no molhado, apesar da total falta de aderência e de aquecimento dos compostos, salvou o segundo lugar na classe e o 12º posto geral com Roberto Gonzalez/Anthony Davidson/Pastor Maldonado, duas posições à frente dos antigos líderes do campeonato: a trinca da Signatech-Alpine Matmut sobreviveu a uma disputa complicada para chegar em 14º na geral e terceiro na categoria. O problema é que os pilotos, entre eles o brasileiro André Negrão, estão a agora 10 pontos dos novos líderes – 112 a 102.

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A Aston Martin triunfou pela primeira vez na LMGTE-PRO com o novo modelo Vantage AMR, obtendo um impressionante 7º lugar na classificação geral

O caos reinante em Xangai possibilitou que os LMGTE-PRO fossem mais beneficiados que os Esporte-Protótipos pelas bandeiras vermelhas e pelos pit stops. Com pelo menos duas paradas a menos, conseguiram resultados espetaculares na classificação geral final. E para a Aston Martin, foi uma corrida ainda mais espetacular, já que o novo modelo Vantage GTE conquistou sua primeira vitória no WEC com Marco Sørensen/Nicki Thiim terminando em 7º lugar, duas posições à frente do Porsche 911 RSR GTE de Richard Lietz/Gianmaria Bruni.

Líderes do campeonato, Kévin Estre/Michael Christensen fecharam em décimo na geral e terceiro na classe, somando mais 15 pontos para se manter no comando da classificação com 111 pontos contra apenas 68 dos vice-líderes Olivier Pla/Stefan Mücke.

Além da vitória, o segundo Aston Martin oficial chegou em quarto na categoria, trazendo logo após as duas Ferrari 488 GTE Evo da AF Corse, que tiveram um fim de semana bem difícil. A Ford não teve o que comemorar: viu um de seus GT EcoBoost penalizado pós-prova e terminou com o melhor deles em sétimo, à frente do Corvette C7-R “Redline” e da BMW M8 GTE melhor classificada.

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Após o escândalo dos dados fraudados informados junto ao ACO e à FIA, a Dempsey Racing-Proton venceu a prova de Xangai entre os LMGTE-AM

E na LMGTE-AM, a Dempsey Racing-Proton apagou um pouco da mancha negra da eliminação de seus pontos após a descoberta da fraude do data logger do time alemão, vencendo a disputa na categoria com Matt Campbell/Julien Andlauer/Christian Ried. Seria a terceira vitória em caráter oficial, mas será apenas a primeira dos pilotos que estão apenas em 10º lugar no campeonato, enquanto os líderes Egidio Perfetti/Jörg Bergmeister/Patrick Lindsey somam 84, vinte à frente de Pedro Lamy/Mathias Lauda/Paul Dalla Lana.

A trinca do Porsche da Project 1 conquistou o quarto pódio seguido em cinco provas, enquanto Khaled Al Qubaisi/Matteo Cairoli/Riccardo Pera, no outro Porsche que teve todos os pontos igualmente excluídos por decisão do ACO/FIA, chegou em terceiro na etapa.

O WEC agora faz uma longa pausa e só volta em março, com a disputa das 1000 Milhas de Sebring, evento marcado para 16 de março, uma sexta-feira – e disputado em paralelo com a IMSA Weather Tech SportsCar Championship e as 12h de Sebring.

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