Escândalo multinacional

RIO DE JANEIRO – Que coisa feia… o brasileiro Carlos Ghosn, antigo CEO do grupo Renault-Nissan e hoje presidente do conselho da marca japonesa que há dois anos comprou a Mitsubishi, foi preso nesta segunda-feira, após uma auditoria interna realizada nos últimos meses.

A alegação? Sonegação e fraude fiscal.

Entre os anos de 2010 e 2015, quando exercia o cargo de Chief Executive Officer (CEO) do grupo, Ghosn teria omitido ganhos de 5 bilhões de ienes, equivalentes a R$ 167 milhões, em relação ao que recebia à frente da montadora. Seus vencimentos eram (ou melhor, são) altos: R$ 31,9 milhões anuais vinham da Renault, afora compensações de R$ 7,75 milhões da Mitsubshi e mais R$ 24,6 milhões da Nissan. No total, R$ 64,25 milhões.

Primeiro brasileiro a ocupar um alto posto numa montadora internacional, Ghosn ganhou notoriedade dentro do grupo ao chefiar um voraz corte de gastos, salvando a Nissan da crise e tornando a montadora japonesa uma das mais sólidas da atualidade, disputando o primeiro lugar global em vendas com a alemã Volkswagen.

As ligações de Ghosn com o automobilismo vêm do fato de que ele foi o principal artífice do terceiro retorno da Régie à Fórmula 1, quando a marca francesa adquiriu a estrutura da Lotus, em Enstone – curiosamente, a mesma fábrica da Renault, que saíra da categoria em 2011. Um porta-voz da filial, inquirido pela agência de notícias France Presse sobre o episódio, afirmou que a Renault Sport “nada tem a declarar” sobre a detenção de Carlos Ghosn.

Se considerado culpado, o brasileiro – que provavelmente será demitido pela Nissan – pode pegar uma pena de até 10 anos, além de ter que pagar uma multa de 10 milhões de ienes, aproximadamente R$ 334 mil.