No caminho certo

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Garantias de titularidade na McLaren, num primeiro momento, não há. Mas Sérgio Sette Câmara dá um importante passo em sua carreira no automobilismo

RIO DE JANEIRO – Estamos todos contentes com as notícias: num espaço de menos de quatro dias, dois jovens talentos brasileiros do automobilismo internacional começam a pôr os pés na Fórmula 1, que em 2018 viveu uma situação inédita em quase meio século para o torcedor do país – não havia nenhum piloto nos representando na categoria máxima do automobilismo.

Jovens e com um futuro inteiro pela frente, Sérgio Sette Câmara e Pietro Fittipaldi começam bem a caminhada para quem sabe trazer o Brasil de volta ao campeonato em que três gênios das pistas foram campeões do mundo. Um país com 101 vitórias ao longo de sua história e que, felizmente, ainda traz alguma vã esperança de que num futuro não muito distante, uma dessas caras novas venha a sentar numa barata da categoria.

Sette Câmara vem no caminho traçado por Lando Norris, seu companheiro de Carlin e com quem tem excelente relação fora da pista, já desde o ano passado um piloto júnior da McLaren. A equipe britânica, sob nova gestão, não é sequer sombra da potência que foi nos tempos de Ron Dennis. Mas é a McLaren. É uma equipe de tradição e onde o mineiro pode aprender muito – mesmo que os testes hoje sejam propriamente mais em simuladores do que nas pistas.

Estar perto dos homens que têm o poder é importante. E ele já chamou a atenção de Gil de Ferran, que identifica no seu compatriota um talento potencial. Talvez isso não baste. Mas ajuda muito.

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Caminho certo por vias tortas: o ano foi difícil, mas Pietro Fittipaldi fecha com a Haas para o papel de piloto de desenvolvimento, abrindo portas para o jovem brasileiro na Fórmula 1

Hoje foi a vez de Pietro Fittipaldi selar um acordo como piloto de testes da Haas. Ele já testa no fim do ano em Abu Dhabi, fechando com algum alívio um ano que foi prejudicado pelo grave acidente sofrido a bordo de um carro do WEC em Spa-Francorchamps, que o fez ficar no estaleiro e perder várias das corridas que tinha fechado participação na Fórmula Indy e Super Fórmula japonesa.

Mas como há males que vêm pro bem, o garoto de 22 anos está vindo por aí, batendo a porta e querendo um lugar na fila. Seu sobrenome é pesado. O avô Emerson é bicampeão mundial de Fórmula 1, campeão da Fórmula Indy e das 500 Milhas de Indianápolis. O tio Wilsinho foi piloto e construtor. O primo Christian ainda está na ativa. E ainda há Enzo Fittipaldi, irmão de Pietro e recém-campeão italiano de Fórmula 4.

Este post não é para desencorajar nenhum dos dois. Muito pelo contrário. Mas que Sette Câmara e Pietro saibam que, mesmo estando no caminho certo, a estrada pode ser longa. Vejo, porém, a chegada dos dois brasileiros como um bom e reconfortante sinal de que as coisas podem mudar e que, caminho certo e aberto nessa estrada que têm pela frente, outros podem igualmente pedir passagem.

Comentários

  • Ambos ainda necessitam da superlicença correto? Nesse caso, o Pietro precisaria correr em algum campeonato no ano que vem. Existe algo já planejado?

      • Esse ano a Base colocou seu patrocínio na Trident, se me lembro. Cair numa equipe dessa é furada, não sendo Prema, Russian Time, Art ou Dams, sem chance de ter uma temporada satisfatória

    • A conquista da World Series não somou os pontos suficientes para a super licença do Pietro Fittipaldi? São consideradas as últimas 3 temporadas para a somatória. Ele falou em Super Formula na TV, talvez será o caminho.