WEC, 6h de Xangai: Toyota domina, mas Rebellion se aproxima

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A Toyota fez sua quinta pole position no WEC em cinco provas neste ano. Até aí, tudo bem: é que a Rebellion desta vez deu trabalho aos japoneses e reduziu bem a diferença em ritmo de classificação

RIO DE JANEIRO – Não foi tão fácil como das outras vezes: a Toyota fechou o ano de 2018 no Mundial de Endurance com a conquista de sua quinta pole position – a segunda para valer do carro #7 após as punições já sofridas em eventos anteriores. Mike Conway e Kamui Kobayashi levaram o carro do construtor japonês ao melhor tempo para o grid das 6h de Xangai, que largam neste domingo a 1h da manhã, pelo horário de Brasília.

Com a média de 1’42″931, os dois bateram o carro #8 guiado por Fernando Alonso e Kazuki Nakajima, com o espanhol apenas 0″040 mais rápido que o colega de time. Mas a estrela da sessão de classificação deste sábado foi o alemão Andre Lotterer, da Rebellion Racing.

O experiente piloto fez um temporal a bordo do protótipo não-oficial de fábrica com o número #1. Cravou 1’42″869, 0″161 mais lento que a melhor marca de Kobayashi, o que muito contribuiu para a Rebellion ficar a apenas 0″287 da pole – um resultado excepcional diante do abismo que se verificara nas etapas anteriores, e que começou a diminuir de forma razoável quando deram à Toyota um acréscimo de peso na corrida de Fuji.

É claro que em ritmo de prova os TS050 Hybrid ainda devem ter vantagem, especialmente pelo uso dos sistemas híbridos que conferem mais equilíbrio e velocidade aos protótipos japoneses em curvas. Mas a Rebellion faz progressos visíveis e evidentes na temporada.

A quarta posição do grid ficou com a SMP Racing, que com Egor Orudzhev e Stéphane Sarrazin também conseguiu ficar dentro do mesmo segundo da pole. O mesmo não aconteceu ao outro bólido do time russo e ao segundo protótipo da Rebellion, que ficaram mais para trás. Thomas Laurent e Mathias Beche ficaram a 1″248 da pole e o #11 partilhado pelos experientes Jenson Button e Vitaly Petrov levou 1″858 de desvantagem.

Entre eles, no melhor grid da equipe no ano, ficou o #10 da DragonSpeed guiado por Renger Van der Zande e Ben Hanley. A ByKolles não teve chance alguma de chegar perto das rivais e ficou a mais de três segundos da média da pole position, com seus dois pilotos virando em 1’46” na classificação.

Na LMP2, má notícia para a Signatech-Alpine Matmut. Além da rodada que reduziu as chances da equipe francesa de melhorar sua média, a Jackie Chan DC Racing estabeleceu a pole e o ponto extra ficou com o #38 de Gabriel Aubry e Ho-Pin Tung, com o tempo de 1’48″888, 0″250 melhor que o outro carro da equipe, conduzido por Nabil Jeffri e Jazeman Jaafar.

Nico Lapierre até fez a melhor volta entre os pilotos da classe, mas como havia dito, uma rodada de Pierre Thiriet na segunda fase do treino estragou os planos da equipe. Terão que largar em 4º, atrás da DragonSpeed, que corre com os pneus da francesa Michelin. Nas demais posições ficaram a TDS Racing, a Racing Team Nederland e, para nenhuma surpresa, a Larbre Competition fez o último tempo do lote de protótipos.

A Ford viveu momentos de tensão no box antes do treino com os problemas que afligiam o #67 dos britânicos Harry Tincknell e Andy Priaulx. Mas mesmo assim, a equipe Ganassi coordenada por George Howard-Chappell conquistou o ponto extra da categoria LMGTE-PRO, numa sólida performance de Olivier Pla/Stefan Mücke.

Com a média de 1’58″627, os pilotos do carro #66 superaram por 0″247 a somatória das melhores voltas da BMW M8 GTE de Martin Tomczyk/Nicky Catsburg, que assim asseguraram a primeira fila entre os principais carros de Grã-Turismo. O holandês fez a melhor volta individual em 1’58″441.

O treino nos mostrou quatro marcas das seis envolvidas nas 6h de Xangai nas quatro primeiras colocações, já que a Aston Martin ficou com o 3º lugar da dupla Maxime Martin/Alex Lynn e a Porsche dos líderes do campeonato Michael Christensen/Kévin Estre foi o quarto carro mais rápido do treino oficial. BMW e Aston Martin fecharam o top 6, com a melhor Ferrari 488 GTE Evo em nono e o Corvette C7-R “Redline” completando o plantel de onze carros da divisão LMGTE-PRO, com uma média de 2’00″228 – foi, aliás, o único carro da classe a virar acima de 2 minutos.

Já na LMGTE-AM, a Aston Martin de Paul Dalla Lana e Pedro Lamy voltou a prevalecer sobre os demais adversários e conquistou mais uma pole no WEC, com a média de 2’01″884. Aliás, o tempo do português nem foi o melhor entre os pilotos profissionais, mas o canadense Dalla Lana foi o mais rápido entre os gentleman drivers – o que terá sido decisivo para a conquista do ponto extra para o construtor britânico, que tem 25 vitórias no Mundial de Endurance nesta categoria.

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Fraude: a Dempsey Racing-Proton enviou ao ACO e à FIA dados errados com relação ao reabastecimento de seus Porsche 911 RSR GTE. A falcatrua foi descoberta nas 6h de Fuji e a punição anunciada é a eliminação de TODOS os pontos dos dois carros do time alemão. A equipe pode recorrer, mas será difícil reverter a punição. Mais uma mancha na credibilidade da competição após a grosseira infração da TDS Racing em La Sarthe

O segundo tempo foi do Porsche #77 da Dempsey Racing-Proton, equipe envolta em imensa polêmica entre as 6h de Fuji e o evento do fim de semana: a FIA anunciou uma duríssima punição, procedendo à eliminação de TODOS os pontos conquistados pela equipe de Ümmendorf, que conta ainda com o prestígio do galã estadunidense Patrick Dempsey, astro das telonas.

Tentarei explicar: na etapa japonesa, os dois carros do time foram penalizados por infringir o tempo mínimo de reabastecimento. O fluxo de combustível para a LMGTE-AM é estabelecido num mínimo de 45 segundos, que não foi respeitado na ocasião. Até aí, nenhum problema. O pior foi verificado depois. A equipe tem que transmitir seus dados ao ACO/FIA e o data logger foi modificado na linha de código – uma fraude descoberta pela entidade e que, ao que consta, já havia entrado em vigor por ocasião das 6h de Silverstone, em agosto.

Durante as investigações levadas a cabo pós-Fuji, a equipe declarou que as mudanças da linha de código do data logger foram feitas por “um consultor externo” – que não foi identificado. A equipe bem que tentou resolver isto através de seus representantes, o piloto Christian Ried e seu irmão, o engenheiro Michael Ried. Como o relatório “falhou em seu dever de lealdade”, nas palavras da equipe, não houve defesa e os pontos do carro #77 foram deletados, bem como os do #88.

Isto posto, após mais uma mancha negra na credibilidade do campeonato, a Project 1 de Jörg Bergmeister/Egidio Perfetti/Patrick Lindsey lidera agora a classificação com 12 pontos de vantagem para a TF Sport e os pilotos Salih Yoluç/Charlie Eastwood. A Dempsey Racing-Proton pode recorrer da eliminação dos pontos, mas o que vale por enquanto é que ambos os seus carros e seus pilotos estão nas duas últimas posições da tabela, com zero ponto somado.

As 6h de Xangai serão realizadas neste sábado a partir de 1h da manhã, pelo horário de Brasília.

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